8 de novembro de 2010

Fim do "Noites de Utopia"

“Talvez um dia perceba que toda a dor, todas as lágrimas, todos os poemas e textos, tudo teve a sua razão de ser, tudo fez parte da minha caminhada para atingir a perfeição que todos desejam.”

É com esta frase que dou início ao último post deste blogue. Não sou perfeito, nunca fui, nunca serei nem nunca quis ser, tal como as palavras que escrevi e que aqui partilhei. Nunca – nunca – me considerei escritor, nem de perto nem de longe. Escrevo por necessidade e não a pensar nas pessoas que poderão ler o que escrevo; escrevo sobre aquilo que me apoquenta e que tenho que transformar em palavras; escrevo porque isso me faz bem. Nestes quase 2 anos passei por muita coisa: tive momentos de pura felicidade e momentos de pura angústia, e tudo isso foi perceptível naquilo que fui postando aqui. Muitas vezes preferi revelar como me sentia através dessas palavras em vez de responder àqueles que me perguntavam como estava. Não o consegui evitar, não me arrependo e, provavelmente, continuarei a ver na escrita o meu melhor “ouvinte”. Sou assim.

O que as palavras me dão, aquilo que me faz continuar a escrever constantemente, só eu compreendo e nunca ninguém será capaz de perceber. É esta a verdade que quis ignorar, e foi esta a verdade ignorada que me fez publicar poemas, textos e cartas. Talvez tivesse à procura de alguém que compreendesse, alguém como eu, alguém erradamente imperfeito como eu. Infelizmente ao revelar o que escrevia nada mais fiz do que mostrar as minhas fraquezas a todos os que as quiseram ver…agora entendo isso.

As “Noites de Utopia” continuarão a ser “noites de ilusão, noites de dores e lágrimas, noites de sofrimento e tristeza, noites que estão condenadas a esbarrar na realidade”, assim como serão “noites de esperança, noites de sorrisos e fantasias, noites de alegria e perfeição, noites que serão sempre as grandes responsáveis por eu continuar a acreditar no destino, na felicidade e, acima de tudo, no amor.” No entanto a partir de hoje essas noites serão apenas minhas e as palavras que nelas escrever ficarão guardadas para que ninguém possa achar-se capaz de entender o seu significado.

O blogue “Noites de Utopia” continuará online mas nunca mais será actualizado. Aqui ficarão memórias que nem o tempo nem a raiva poderão apagar; aqui ficarão palavras que nunca ninguém entendeu; aqui ficarão sentimentos que de tão fortes não serão alterados pelo tempo. Aqui, no “Noites de Utopia” ficarão quase dois anos da minha vida, ficarão lágrimas e sorrisos, e ficará, acima de tudo, o arrependimento por um dia ter criado este espaço.

O autor:
Daniel Paiva

4 de novembro de 2010

Carta a um Amor Secreto n.8

Será que o que sinto não passa de uma ilusão de sentir? Será que todas as minhas palavras, todas as vezes em que te elevei a divindade, fizeram apenas parte da minha necessidade constante de me fazer passar por alguém que nada vale? Será que tudo isto é uma farsa e que o seu final, se algum dia chegar, apenas será causado pelo surgir de outra farsa equivalente? São perguntas que me apoquentam nestas noites, estas iguais à de hoje, estas em que não consigo fechar os olhos sem ver a tua imagem.
Respiro-te, é essa a verdade. Respiro-te enquanto durmo e sonho contigo a meu lado, respiro-te quando anseio encontrar-te, respiro-te quando tento convencer-me de que não te quero ver. E o que tu fizeste para te tornares o meu oxigénio?, pergunto-me eu invariavelmente, quando sei, demasiado bem, que não fizeste nada. Eu tratei de fazer de ti “tudo”, tratei de fazer mim “nada” e tratei, se é que isso não estava já tratado, de fazer nós “miragem”. Mas hoje, nesta noite em que não quero adormecer, pergunto-me se não será esta “miragem” aquilo que me faz sorrir todos os dias, aquilo que me faz escrever todas as noites, aquilo que me faz ter a certeza, mesmo não tendo, de que tu lês as minhas palavras.

3 de novembro de 2010

Olhares de Compaixão

Olhas-me como quem olha quem quer amar,
E nunca eu vi um olhar tão expressivo assim,
Revelas-me tudo no teu silêncio com pesar,
Como que pedindo perdão por não me amares a mim.

Enquanto eu tento parar de te desejar como desejo,
Enquanto luto contra mim próprio para te esquecer,
Tu olhas-me assim, como quem olha quem quer amar,
Fazendo-me sorrir ao mesmo tempo que me fazes chorar,
Obrigando-me a mais um poema ou uma carta escrever
E afastando o final que cada vez menos prevejo.

Olharás mais alguém como a mim me olhas?
Será que alguém algum dia mexeu tanto com o teu coração?
Guardarás todas as palavras, todos os poemas…todas as folhas?
Ou limitar-te-ás àqueles olhares, pura compaixão?

1 de novembro de 2010

Um conto: "Gritos de um Rapaz" [completo]

Sentado, Luís pensava nos últimos dias da sua vida. Tudo o que tinha conquistado ao longo dos anos, tudo aquilo pelo que ele tinha lutado e esgotado as suas forças estava agora destruído. Tudo não passava de uma memória que parecia tão mais antiga do que realmente era. A verdade é que tudo se desabara à apenas uma semana, a semana mais longa e dolorosa da sua vida. E ali a seu lado estava Pedro, sorridente, entretido a contar as cadeiras da sala de espera.
Pedro tinha 24 anos e sofria de esquizofrenia desde à aproximadamente 2 anos e meio, exactamente a altura em que a mãe de ambos começou a ter crises cardíacas. O pai tinha-os abandonado ainda eles eram umas crianças. Luís, com mais 5 anos que Pedro, era um rapaz saudável e, até há bem pouco tempo, bem sucedido. Por vezes ele desejava ser como o irmão, gostava de não se dar conta do mundo que o envolvia, gostava de não ter noção de nada do que estava a acontecer. Mas o destino não o tinha presenteado com tal sorte.
E agora ali estava ele, recém despedido por não ter concretizado o negócio que lhe custou a “cabeça”, recém falido por toda a despesa a que o estado da mãe obrigava. Há uma semana atrás, com apenas 53 anos, ela tinha tido uma crise cardíaca mais grave que todas as anteriores e tinha sido obrigava a ficar internada. Segundo os médicos a única solução era instalar um quádruplo bypass, implantação essa perigosa, cara e possivelmente fatal.

Enquanto a cirurgia acontecia, Luís não evitou pensar em como seria se a mãe falecesse. O que seria de Pedro? Não tinha dinheiro para pagar um internamento ao irmão, logo teria de se assumir como responsável por ele. Mas como conseguiria reconstruir a sua vida com o irmão a seu lado? Esforçou-se por afastar aqueles pensamentos de si.
Passadas 4 horas o médico anunciava o fim da operação. Segundo ele tudo tinha corrido pelo melhor, no entanto a mãe apenas estaria pronta a receber visitas na manhã seguinte. Decidiu ir para o apartamento com Pedro, precisava de descansar. Nas últimas 5 noites não tinha dormido mais que 3 horas. Ia tomar um comprimido para dormir e talvez conseguisse deixar de pensar em tudo aquilo.
Na manhã seguinte, às 9h Luís acordou, surpreendido por ter conseguido dormir tantas horas. Levantou-se e procurou por Pedro. Não havia nem sinal dele. Ligou ao porteiro e ele disse-lhe que Pedro tinha saído duas horas antes. «Só pode ter ido para o hospital.» pensou Luís, e mal lá chegou teve a péssima sensação de que estava certo. O hospital estava repleto de carros de polícia. Luís rompeu por entre a multidão e mal chegou à porta viu Pedro, algemado, a ser escoltado por dois agentes.
- O que fizeste Pedro? – perguntou ele sem se dar conta de que tinha feito a pergunta aos gritos, concentrando as atenções todas nele.
- Ela estava a sofrer mano, tinha de a deixar descansar! – respondeu calmamente Pedro.

30 de outubro de 2010

Sonhos

"Nós somos feitos do tecido de que são feitos os sonhos." William Shakespear

29 de outubro de 2010

Amor ou Ódio

Se no amor há escravos deixa-me ser o teu,
Escraviza-me e obriga-me a fazer-te sorrir,
Ama-me ou odeia-me, abraça-me ou tortura-me,
Escraviza-me e obriga-me a nos teus pés cair,
Atira-me à fogueira e transporta-me para o céu.

Mata-me e deixa-me renascer a teu lado,
Prova-me que o tempo pode ser feito por nós,
Escraviza-me e obriga-me a respeitar-te até à eternidade,
Prova-me que conseguimos caminhar juntos à mesma voz,
Mata-me se eu não morri já sufocado.

Sufocado por tudo o que guardo no fundo do coração,
Amedrontado e esgotado para procurar a felicidade,
Ama-me ou odeia-me, abraça-me ou tortura-me,
Desde que me mostres que o teu coração não está gelado,
Desde que me reveles algo, seja desprezo, seja paixão.
Poema inspirado em: Dá-me Amor ou Ódio, by Mundo Cão

28 de outubro de 2010

Carta a um Amor Secreto n.7

És tu, a responsável pelas dores que me enfraquecem, a culpada das palavras que escrevo, a perfeição que eu tanto procuro. És tu, aquela que meus olhos desejam encontrar, aquela que faz com que o meu coração bata mais rápido, aquela que me preenche os sonhos todas as noites. És tu, a luz que ilumina a escuridão que me consome os dias, esta escuridão onde agora te escrevo mais uma carta que tu vais ler friamente, sem revelar emoções, sem revelar os sentimentos que por mim não possuis.
Neste momento, enquanto escrevo esta carta, penso nos próximos dias, penso na possibilidade de estar a teu lado, penso na utopia que não me larga. Quando tu leres estas palavras já me terei deparado com a realidade e terei testemunhado a irracionalidade dos meus sonhos, no entanto agora, antes de tudo, acredito que algo vai acontecer. Gostava que a próxima carta marcasse um final ou um início, gostava que a próxima carta marcasse algo e não fosse apenas mais uma carta…(in)felizmente sei que a próxima carta será igual a esta, igual à anterior, igual a todas as cartas. Mas pelo menos sonhei…e enquanto isso fui feliz.

26 de outubro de 2010

O Rapaz dos Sonhos Perdidos

Era uma vez um rapaz…

Ele sonhava em ser feliz,
Em ter tudo o que queria,
Em ser tudo o que desejava,
Nada disso teria nem seria,
Era um rapaz, mero aprendiz.

Tinha tantas ambições,
Tantos planos de futuro,
Perdeu tempo com tudo isso,
Esqueceu-se que viver é duro,
Ganhou dores e frustrações.

Desperdiçou a vida a sonhar
Até ao dia em que acordou,
Mas era já tarde demais,
De nada lhe servia lutar…
E foi nesse dia que tudo acabou.

P.S. - Hoje recupero um poema que escrevi há já muito tempo. Espero que gostem.

24 de outubro de 2010

Trilhos Silenciosos

Em ruas escuras caminho,
Mal imaginando meu destino,
Chorando e gritando sozinho.

Ruas isoladas que apenas eu percorro,
Fantasmas que me assustam sem piedade,
Ruas perdidas em que eu morro,
Fantasmas que se alimentam da verdade.
Verdade que a cada palavra liberto,
Verdade que cada vez mais me sufoca,
Verdade que apenas existe neste meu deserto,
Verdade que invariavelmente te evoca.

Mas um dia as palavras cessarão,
Assim como a dor que me consome,
Nesse dia muitos recordarão
Tudo o que fiz em teu nome…
Excepto tu…

23 de outubro de 2010

Passar dos anos

"Não honrar a velhice é demolir, de manhã, a casa onde vamos dormir à noite." Alphonse Karr

22 de outubro de 2010

Carta a um Amor Secreto n.6

Mais que uma vez dei por mim a pensar em tudo o que me deste, mesmo não querendo, mesmo não sabendo. No entanto hoje é diferente e dou por mim a pensar em tudo o que me tiraste, tudo aquilo que tinha antes de entrares na minha vida, tudo aquilo que ainda podia ter. Não consigo evitar a nostalgia do tempo em que tu ainda não “existias”, aquele tempo em que eu conseguia viver em liberdade. Sim, porque hoje não me sinto livre, ainda não. Estou preso àquilo que por ti sinto, preso ao dever de te prestar homenagem em cada palavra que escrevo, preso à ideia de que te posso fazer feliz. Estou preso à utopia que tu representas e não consigo deixar de fazer de ti a maior de todas as divindades, a maior de todas as riquezas, a maior dádiva com que já fui abençoado.
Mas no final isto são só palavras que nada provam, nada revelam, nada significam. São as minhas palavras para ti, mais umas quantas a juntar a todas as outras que um dia serão esquecidas. Malditas palavras.

19 de outubro de 2010

Dor Dilacerante

Sorri por tempo demais
Tempo em que não consegui escrever
Sorri por tempo demais
Foi enquanto te consegui ter
Sorri por tempo demais
E agora chegou o tempo de sofrer.
Tempo por que tanto esperei
E que contigo não fui capaz de alcançar
Tempo por que tanto esperei
E que não podia ter enquanto te podia abraçar
Tempo por que tanto esperei
E que agora tenho por te abandonar.

18 de outubro de 2010

Significados

É incrível como grande parte das coisas parece ganhar um significado imenso apenas e só quando deixamos de as ter. E ainda mais incrível é o facto de que quando temos algo, ou melhor, quando temos alguém, não somos capazes de perceber a verdadeira importância dessa pessoa na nossa vida. Bem, mas a verdade é que mais tarde ou mais cedo acabamos por ser obrigados a “abrir os olhos”, a pensar no passado e a concluir, muitas vezes cheios de arrependimento pelo que fizemos ou deixámos de fazer, que aquela pessoa, aquela que tivemos a nosso lado, é essencial à nossa felicidade e agora, depois de a perdermos, tudo deixou de ter sentido. No entanto, e mesmo que façamos o máximo para dar valor às pessoas enquanto as temos, nunca seremos capazes de perceber a sua real relevância, pelo menos até ao dia em que deixaremos de as ter.

17 de outubro de 2010

Vozes Ocas

Elas fazem-se ouvir ao nada dizerem,
São apenas ruídos constantes e ensurdecedores,
São vozes que vozes nem deveriam ser,
Sons emitidos por homens que não passam de impostores,
Poluição que permanecerá imparável até eles morrerem.

E eu espero ansiosamente pela morte desses vadios
Para que finalmente o silêncio possa existir,
No dia em que eles partirem eu poderei sorrir
E recuperarei os anos que por mim passaram vazios.

Vozes ocas que não têm qualquer significado,
Vozes inúteis que me deixaram quase esgotado,
Vozes maldosas que de mim fizeram um ser amaldiçoado
E vozes que ao cessarem me deixaram finalmente ser amado.

16 de outubro de 2010

14 de outubro de 2010

Admiração e amor

"Amar é admirar com o coração. Admirar é amar com o cérebro." Theophile Gautier

13 de outubro de 2010

Campo de Minas

Caminho de cabeça baixa mas sem olhar para o chão,
Olho discretamente tudo a meu redor, toda a imensidão,
Procuro deparar-me com o teu corpo, mera ilusão,
Anseio pelo teu olhar e pelo teu sorriso…em vão.

Mas continuo a caminhar por este campo armadilhado,
Acreditando que um dia te encontrarei à minha espera,
Continuo a sonhar que um dia serei por ti amado
Quando na verdade de ti apenas tenho repulsa sincera.

11 de outubro de 2010

Carta a um Amor Secreto n.5

Um dia vou olhar para ti e não vou sentir nada. Não vou recordar toda a “nossa” história, aquela história que afinal é só minha e em que tu não passas de uma mera personagem. Vou conseguir deixar de te procurar com o olhar, vou conseguir deixar de temer encontrar-te, vou conseguir deixar de pensar em ti a todo o momento. Nesse dia vou sorrir como há muito não sorrio e depois, quando a noite chegar, não te vou escrever um poema, nem um texto, nem sequer uma carta. Tu nem darás pelo fim das minhas palavras, afinal nunca significaram nada não é verdade?
E quando esse dia chegar vou ser capaz de queimar tudo aquilo que escrevi, não que me arrependa do que fiz, embora admita que talvez não devesse ter escrito nada, talvez não devesse ter-te revelado nada, talvez não devesse ter sentido nada. Mas senti…com hoje sinto e amanhã sentirei. Estou destinado a amar-te, a ver em ti tudo o que desejo, a ver em ti a perfeição…mas um dia, talvez um dia, vais deixar de ser esse “tudo” que hoje és, fazendo com que eu deixe de ser o “nada” que hoje me sinto.

10 de outubro de 2010

Amor é...

Amor é coragem, todos sabemos isso. É a coragem de assumir um sentimento, a coragem de nos deixarmos guiar pelo coração, a coragem de pôr a nossa felicidade nas mãos de alguém. Amor é a coragem de enfrentar obstáculos, é a coragem de revelar o que sentimos sem ter medo do que os outros pensam, é a coragem de lutar pelas nossas crenças. Para amar temos de nos “atirar de cabeça”, sem pensar em consequências, sem pensar em mais nada, e para isso é preciso coragem.
Mas amor é cobardia. É a cobardia de não conseguirmos mostrar o que nos corrói, a cobardia que nos faz baixar a cabeça, a cobardia que nos faz parar as nossas vidas. Amor é a cobardia de viver mergulhado em sonhos utópicos, é a cobardia de fingir que nada nos atormenta, é a cobardia de temer ser julgado pelos outros. E para amar é preciso ser cobarde, é preciso escrever palavras atrás de palavras, é preciso esconder as nossas mágoas nas entrelinhas de um poema. Mas para ser cobarde…para ser cobarde não é preciso nada, basta ficarmos quietos. Eu sei o que é ser cobarde, só não sei o que é amor.

9 de outubro de 2010

Conclusões

Ao longo do tempo acreditei,
Por mais que não o quisesse fazer,
Que foste apenas tu que amei
Com toda a verdade do meu ser.

Em todo esse tempo nunca entendi
O porquê de todo este sentimento,
Não vi sequer nada em ti
Que justificasse este sofrimento
De não te ter junto a mim,
De te querer a todo o momento.

Hoje percebo o teu significado,
Consigo finalmente ver o que nunca vi,
Eras tu me fazias sentir amado,
E foi a ti, só a ti, que eu perdi.

8 de outubro de 2010

(Des)Encontros

Palavras prendem-se-me na garganta à tua passagem,
Sentimentos que me consomem e que não consigo revelar,
Sufoco-me a mim próprio sem alcançar a felicidade, mera miragem,
E a cada encontro mais forte fica esta dor de te amar.

São estas palavras que agora escrevo contigo no pensamento
Aquelas que não tenho coragem de a ti dirigir,
De nada servem para além de atenuarem o meu sofrimento,
De nada servem se não te conseguirem fazer sorrir.

E ao passar a teu lado já poucas palavras espero,
Contento-me com esse teu olhar que me enlouquece,
A cada um destes encontros mais desespero
Enquanto o meu apertado e dorido coração padece.

7 de outubro de 2010

6 de outubro de 2010

Carta a um Amor Secreto n.4

Hoje escrevo-te enquanto ouço repetidamente a mesma canção. Não sei o porquê desta necessidade repentina de ouvir estas palavras, estes acordes, esta voz. Parece que de repente esta canção ganhou um significado tão grande que não consigo parar de a ouvir. Cada frase parece ter tanto sentido, tanta força, tanta paixão. Talvez assim seja porque gostava de ter sido eu a escrevê-la contigo no pensamento, gostava que esta música fosse a minha mensagem para ti, em vez desta carta, mais uma de tantas que serão esquecidas.
Mas afinal de que me serviria? Seria apenas uma música a juntar às dezenas de poemas, textos e cartas que te escrevi. Será que faria alguma diferença? Será que iria mudar alguma coisa? Não tenho resposta para estas perguntas mas infelizmente acho que adivinharia o “não” de tão lógico que é. A verdade é que a cada dia que passa sinto as minhas já escassas esperanças a desaparecerem por entre encontros sonhados em que baixo a cabeça.
Amanhã aqui estará a música, à espera que a ouças, à espera que a sintas, à espera de ti…

5 de outubro de 2010

Isolado

"Se a vida tem um sentido, esse sentido é a morte." Susanna Tamaro

4 de outubro de 2010

Silêncios

A noite chega e eu não consigo adormecer,
Continuo a sonhar com o realizar da utopia,
Acreditando que toda a dor vai desaparecer,
Crendo que este silêncio vai acabar um dia.

Mas tenho consciência que nunca vai acabar,
Vou continuar a viver sem nunca ouvir a tua voz,
Vou continuar a sonhar com um impossível “nós”,
Esperança que apenas me massacra sem cessar.

E as palavras que escrevo só acentuam a dor,
Relembram-me do tudo que nada significou,
Tentam honrar o indecifrável sentimento do amor,
Esse que infelizmente nunca me abandonou.

30 de setembro de 2010

Estranha

Precisei de amar com todo o meu ser,
Precisei de alguém para quem escrever,
Precisei de alguém por quem sofrer.

E foi então que uma estranha surgiu,
Não sei como ela era, nunca lhe conheci feições,
Apenas sei que ela foi a resposta às minhas preces,
Veio acabar com as minhas constantes indecisões,
Veio completar o poema de que o poeta desistiu.

Essa estranha rapariga de quem não tenho recordação,
Acabou por desaparecer sem sequer avisar,
Mas a verdade é que cumpriu a sua missão,
E ao na minha insignificante vida entrar
Ressuscitou um “eu” adormecido, ressuscitou um coração.

A ela, estranha ignorante da sua dimensão
Fica um “obrigado” daquele que está condenado à solidão.

29 de setembro de 2010

Carta a um Amor Secreto n.3

Com o mesmo poder com que te criei e fiz de ti a mais perfeita de todas as criaturas, hoje destruo-te. Destruo aquilo que tu nunca foste, aquilo que inventei para conseguir sonhar, para conseguir adormecer, para conseguir acordar. E não te guardo rancor…não tenho sequer motivos para isso. Iluminaste as minhas noites escuras e fizeste-me acreditar no impossível. Só tenho que te agradecer, agradecer-te pelo que nunca fizeste, agradecer-te por não nutrires por mim qualquer sentimento. Sim, porque eu seria incapaz de algum dia te fazer feliz, sou demasiado imperfeito para tal…e se pudesse mudar por ti, se pudesse deixar de ser quem sou e ser outro alguém que tu pudesses vir a amar…eu não o faria. Nunca o teu amor poderia atingir a grandeza que o meu possui.
Escrevi-te muitas cartas, talvez demasiadas, para te provar aquilo que sentia. Hoje tenho total certeza que fiz tudo para to mostrar e sinto que cumpri a minha missão. Fiz-te sentir especial, não tenho qualquer dúvida disso, e só por esse facto valeu a pena derramar as lágrimas que derramei. Nunca me agradecerás, sei-o bem, mas valeu a pena, por saber que um dia sorriste por leres o que te escrevia, por um dia te teres sentido honrada.

28 de setembro de 2010

Felicidade

"A melhor maneira de ser feliz é contribuir para a felicidade dos outros." Robert Baden-Powell

27 de setembro de 2010

Sintomas de Amor

Quando é que temos a certeza de que estamos apaixonados? Por diversas vezes já coloquei a mim próprio esta questão, não muitas seja dita a verdade, no entanto foram suficientes para perceber a resposta. O amor é equiparável a uma doença, consome-nos, enfraquece-nos, exerce uma força sobre nós que nem sempre conseguimos suplantar, e como qualquer doença o amor tem sintomas. Quando nos apaixonamos verdadeiramente, há um momento em que acontece algo, não é um instante, é algo que demora mais do que uns simples minutos: começamos a “respirar” a pessoa que amamos. E isto não é uma simples metáfora. A verdade é que quando amamos a pessoa pela qual nutrimos esse sentimento se transforma num “tudo” tão imensamente grandioso que é quase como se tratasse de oxigénio. É ali que está a nossa vida, é ali que está um sentido para ela.

26 de setembro de 2010

Chamas de Dor

As trevas elevam-se sobre mim,
Perco a noção do tempo e do lugar,
Sinto-me como um ser perdido
Destinado a todos os que ama abandonar,
Um ser moribundo que adivinha o seu fim.

De entre a fogueira ouço aquela voz,
Aquela que sempre existiu na minha mente,
Percebo agora o porquê de tal aparição,
Entendo agora a razão que me torna diferente,
São motivos obscuros de um calvário atroz.

E a voz guia-me para as suas profundezas,
Não resisto, não consigo nem o posso fazer,
Afinal foi por isto que esperei até hoje,
Sei que é o meu destino, não o vou temer,
E sei que lá poderei revelar as minhas fraquezas.

25 de setembro de 2010

23 de setembro de 2010

Deus?

Sentimentos afluem a mim com uma velocidade atroz,
Confundem-me, mergulhando-me neste misto de sensações,
E eu luto enquanto fios de dor me dilaceram a pele,
Tanto ser único, quando serei apenas mais um de tantos caixões,
Tento que me olhem docemente mas apenas deslumbro aquele olhar feroz.

A fugacidade com que tudo isto vem e depois vai,
Acaba por me permitir curar as feridas que então se criam,
Consigo fazer atenuar a dor que como cicatrizes não sara,
Faço o que todos os outros fizeram pelo mesmo que eles queriam.

Sou apenas mais um de uma imensidão de tristes abandonados,
Mais um que procura meios para travar o inevitável fim,
E um dia serei apenas mais um daqueles que esgotados
Gritaram nos últimos momentos: “Deus, leva-me a mim!”.

21 de setembro de 2010

Carta a um Amor Secreto n.2

Queria adormecer mas não consegui. Acabei por desistir e me vir sentar esperançado de que as palavras me iriam apaziguar, esperançado de que as palavras te iriam afastar do meu pensamento. Sim…és tu o motivo pelo qual sinto os olhos cansados mas não os consigo fechar. E agora, enquanto ouço a chuva embater nas vidraças e o vento soprar lembro-me das vagas memórias que ainda fui capaz de guardar…malditas memórias. Queria apagar-te, fazer desaparecer de mim todas as marcas da tua presença na minha vida, esquecer tudo aquilo que provocaste. Mas se conseguisse fazer isso apagaria uma parte de mim, uma parte que ainda hoje julgo ser a melhor que possuo.
A madrugada aproxima-se e aqui estou eu, como estive ontem, como estive anteontem, como estarei amanhã. Refém das palavras que escrevo, aquelas que liberto incessantemente para manter viva a recordação de um dia ter estado a teu lado. Nesse tempo dormia descansadamente, imperturbável, feliz…longínquo tempo esse. Se ao menos pudesse cravar-te todas estas palavras no coração como tu cravaste em mim a saudade, se pudesse fazer disto algo, talvez pudesse adormecer. Mas não consigo, nunca conseguirei…por o teu coração se fechar quando me aproximo e por os teus olhos se cerrarem logo nas primeiras palavras de cada carta. Mas que importa isso afinal? Eu escrevo por mim, embora escreva para ti.

19 de setembro de 2010

Espero

Sentado algures num mundo que não o meu,
Esperançado de que tu estás prestes a chegar,
Não me dou conta dos anos que teimam em passar,
Tento apagar a certeza de que teu coração me esqueceu,
Enquanto as lágrimas escorrem pela minha face sem cessar,
Por mais força que faça não as consigo segurar,
Agarro-me às memórias inesquecíveis daquele beijo teu
E continuo utopicamente a contigo sonhar
Quando sei tão bem que nunca me irás voltar a olhar.

E aqui estou eu passados tempos incontáveis,
Com um sorriso e lágrimas a escorrer desalmadamente,
E aqui estou eu recordando os teus abraços incomparáveis,
Com a tristeza de te ter perdido depois de te amar, apaixonadamente.

16 de setembro de 2010

Pôr-do-Sol

Num universo cinzento em que meu corpo padece,
Nesse universo em que outrora a perfeição reinava,
O amor, a maior de todas as dádivas, já não floresce,
E apenas um ser isso notou, era ele o único que lutava.

Ele que agora espera ansiosamente pelo seu próprio fim,
Enquanto derrama lágrimas sucessivas de imensurável dor,
Ele que sabia que era o seu destino, sabia que seria assim,
Mas que mesmo sabendo lutou incansavelmente…por amor.

Partirá chorando como hoje chora, mas sorrindo levemente,
Orgulhoso por ter honrado o maior dos sentimentos,
Triste por não ter conseguido evitar o seu cessar,
Recordando tantos e tão bons momentos
Em que amou e foi amado verdadeiramente.

13 de setembro de 2010

Carta a um Amor Secreto n.1

Tentei parar de te escrever, não por deixar de te amar, não por deixar de ver em ti a mais perfeita de todas as criaturas. Parei, provocando a queda das últimas lágrimas que meus olhos ainda amparavam, esperançado de que o silêncio iria ser quebrado por ti, esperançado de que tu lerias as minhas palavras e a mim te dirigisses com um sorriso, com aquele teu sorriso. Tal não aconteceu, nunca poderia ter acontecido. Foi apenas mais uma utopia a juntar a tantas que criei contigo no pensamento, mais uma que nunca passou disso mesmo. E hoje, passada uma eternidade tão curta, não evito escrever-te novamente, regressando ao meu mundo em que uma nostalgia falsa paira sobre mim fazendo-me ter saudades daquilo que eu próprio esqueci.
E eu sei que isto são apenas cartas, são apenas pedaços de papel que com o tempo perderão clareza, acabando por morrer no esquecimento, se é que alguma vez dele saíram. Mas eu gostava tanto de acreditar que estas palavras, estas que não consigo parar de libertar, são capazes de te tocar, revelando-te a grandeza da minha paixão. Talvez não sejam, afinal não passam de palavras, meras palavras…

12 de setembro de 2010

Destino

Gostava de ser sempre aquele rapaz alegre que acredita que consegue fazer felizes as pessoas à sua volta, se gostava. Não o sou, por mais que tente fazê-lo. Acabo sempre por me afundar nas minhas incertezas, por destruir aquilo que tenho, por perseguir o sofrimento até o alcançar. Tudo isto leva-me tantas vezes a pensar no porquê de toda a luta, se no fim irei sempre voltar ao mesmo, retomando o meu ciclo que invariavelmente se inicia e termina com dor. Sei melhor que ninguém que o único culpado sou eu, mas nesses momentos de dor dou por mim a odiar as pessoas, todas as que me rodeiam, por elas serem como são ou por elas não serem o que eu em tempos julguei. Mas afinal que mal as pessoas me fizeram para eu as odiar? É essa a pergunta que tanto a mim coloco e para a qual nunca encontrei resposta. Odeio-as pelo simples facto de as odiar ou talvez para não me ter que odiar a mim.
Acabo por concluir que talvez tenha sido feito para isto, para viver isolado escrevendo mágoas e dores que eu próprio criei para mim. Maldito destino o meu.

10 de setembro de 2010

Angelical

Foi desenhada por anjos divinos que aqui não moram,
A sua beleza é tão imensa que se torna inimaginável,
Os anjos fizeram dela a mais perfeita das criaturas,
Destinaram-na a ser amada de forma imensurável,
E entregaram-lhe as asas pelas quais tantas choram.

Ela é a única que consegue conquistar todos os corações,
Amá-la com todas as forças é apenas uma inevitabilidade,
Todos o sabem e no entanto ninguém se aproxima dela,
O medo da rejeição é maior que aquela enorme necessidade
De transparecer todo o amor, todo o desejo, todas as emoções.

Mas um dia ele vai ser capaz dos seus sentimentos revelar,
Ele sabe que está designado para ser o primeiro a fazê-lo,
Quer acreditar que será aceite mas pensa que será rejeitado,
Sabe que esse momento chegará mas não deixa de temê-lo,
Mas aconteça o que acontecer, ele nunca a deixará de amar.

9 de setembro de 2010

Medos

Gostava de não ter medos, de parecer imperturbável, de parecer confiante. Gostava que o meu corpo não transparecesse o medo que sinto, ou melhor, gostava de não me aperceber desse medo. Muitos têm medo da solidão, para mim a solidão é paz, é calma, é isto. Para mim solidão é sentar-me e escrever tudo aquilo que o meu coração pede, é sonhar acordado com cenários irreais, é ser feliz sem possuir felicidade alguma. Infelizmente o meu medo não é estar sozinho, pelo menos desta forma que transcrevi acima. Tenho medo, tanto medo, de estar sozinho entre a multidão. E evito isso, tanto que eu evito isso. Gostava de ter coragem de caminhar triunfante, sozinho, entre uma imensidão de gente. Gostava de sorrir ao reparar que as pessoas me olhavam. Gostava de ser tudo aquilo que não sou.

7 de setembro de 2010

Indecisões


"Se chove, tenho saudades do sol, se faz calor, tenho saudades da chuva." José Lins do Rego

Shiu

Ela aproxima-se sem se fazer ouvir,
Caminha suavemente, parece flutuar,
Os seus olhos brilham mais a cada passo,
O seu sorriso não tem ao que se comparar,
E ela aproxima-se enquanto ele parece dormir.

O seu bebé, aquele que ela própria originou,
É o tudo que ela nunca conseguiu ter,
E ali está ele deitado no seu berço,
Parece tão frágil, tão predisposto a sofrer,
Mas ela ama-o como nunca alguém amou.

Amanhã ele será já um rapaz crescido,
Mas ela continuará a amá-lo como até então,
Ele agradecer-lhe-á para sempre tudo o que ela fez,
Sentirá por ela algo tão forte que não lhe caberá no coração,
E um dia, quando ela partir, ele ficará perdido
Sabendo que foi abençoado com a melhor de todas as mães.

5 de setembro de 2010

Please help the World

Cartas a um Amor Secreto

Gostava que as cartas que escrevi tivessem algum significado, transmitissem algo a todos os que as leram, possuíssem uma qualquer força inexplicável. E quero acreditar que muitas das 25 cartas foram aquilo que eu queria que elas fossem, mesmo que não o tenham sido.
Hoje decidi que deveria recomeçar a escrever “cartas a um amor secreto”, tentando fazer com que cada carta revele ainda mais claramente os meus sentimentos, tentando fazer com que uma memória seja eternamente honrada.
Aproveito também para anunciar que podem fazer download do ficheiro “XXV Cartas a um Amor Secreto” na coluna à direita.
Espero poder continuar a contar com as vossas visitas.

1 de setembro de 2010

Não irei

Gritaste revelando a tua dor e eu corri para ti,
Tudo aquilo que tinha naquele instante esqueci,
Só tinha na mente uma intenção: alcançar-te,
Era apenas este o meu desejo: abraçar-te.

Por ti abandonei planos de um futuro risonho,
Atirei para trás das costas as minhas ambições,
Deixei de ser aquele rapaz feliz mas tristonho
Sem sequer precisar de quaisquer razões,
Bastaste tu, aquela que me reinava o sonho.

Entretanto a tua dor passou e eu deixei de importar,
Voltei ao meu mundo, tive que o reconstruir,
Ultrapassei a mágoa de não mais te beijar
E tentei sobreviver como sempre: a sorrir.

E tu gritaste outra vez agoniada pela dor,
E eu deixei tudo e corri novamente para ti;
E tu voltaste a ficar bem comigo ao redor,
E eu voltei a ser desnecessário e parti.

Mas um dia perceberás tudo aquilo que fiz,
Sentirás a minha ausência e saberás que te amei,
Nesse dia voltarás a gritar com a dor da minha ausência,
Mas nesse dia, pela primeira vez, eu não irei.

22 de agosto de 2010

Lágrimas

Prendo as lágrimas que teimam em se querer soltar. Prendo-as por ver nelas apenas mais uma etapa para a minha fragilização total, no entanto se eu as libertasse talvez diminuísse o peso que suporto, talvez se atenuasse a dor que me consome. E talvez seja por estes “talvez” que teimo em segurá-las para assim não correr o risco de ver o meu sofrimento desaparecer e conseguir finalmente atirar para trás das costas tudo aquilo que me proíbe de dar um passo em frente e seguir procurando a minha felicidade.
Felicidade. Essa é outra das coisas de que eu teimo em me afastar, talvez por me não achar merecedor dela, talvez por ter medo de ser feliz. E talvez seja por este último “talvez” que quando sinto que estou bem, realmente bem, tenho que fazer desabar o meu mundo para depois suportar a agonia que é tentar reconstrui-lo, segurando lágrimas que se prendem agora por um quase invisível fio, demasiado frágil para aguentar para sempre os gritos de dor que um dia, infelizmente, serão libertados.

20 de agosto de 2010

Papel principal

Num palco onde caminho solitário
Não existe sequer uma plateia
É um palco esquecido, sem vida,
Onde apenas se acumula poeira
E onde eu cumprirei meu calvário.

Mas outrora houve ali felicidade,
Houve pessoas que me queriam ver
Não por mim, seja dita verdade,
Mas eram elas que me faziam viver.

Nesse tempo tu estavas a meu lado,
Nesse tempo eu tinha algo para dar,
Hoje sinto-me apenas esgotado,
Sou o ninguém que não pára de chorar.

E neste palco em que se representa tanto mal,
Um dia foi teu o maior papel, o papel principal…

19 de agosto de 2010

Vem

Aproxima-te.
Lê o que te escrevo.
Deixa-me tocar-te.
Deixa-me abraçar-te.
Não tenhas medo.
Aproxima-te.

Fecha os olhos e vem.
Esquece o passado.
Entrega-te a mim.
Deixa a tristeza de lado.

Vem.
Alcança a felicidade.
Abandona a maldade.
Sente a sinceridade.
Vem.

10 de agosto de 2010

Carta a um amor secreto n.25

Esta é a vigésima quinta carta que te escrevo e por esta altura deveria já sentir que te disse tudo o que devia…não sinto. Foram vinte e quatro cartas em que me deixei guiar pelo coração, em que as palavras se sucederam sem que eu tivesse sequer planeado uma ordem para elas. Comecei todas essas cartas sem fazer ideia de como elas iam acabar. Hoje, pela primeira vez, começo uma carta sabendo desde logo o seu final.
Durante muito tempo tentei compreender o amor, tentei arranjar uma explicação para todas as sensações que ele provoca, tentei justificá-lo. Ao longo das cartas que te escrevi percebi que não é isso que devo fazer. Em vez de procurar compreender o que sinto, devo limitar-me a honrar esse sentimento. Tu deste-me isso, deste-me a possibilidade de revelar aquilo que me consome, deste-me a possibilidade de tentar fazer com que aquilo que sinto por ti se materialize em algo bom, em algo verdadeiro, em algo sincero.
E sabes do que mais me orgulho? É que fiz tudo isto por ti, por ti que nem sequer existes. Criei-te por precisar de ti e agora dou-me conta que antes de te ter criado tu me criaste a mim. Sim, tu és a responsável por aquilo que sou, és a responsável pelos meus sonhos, pelas minhas utopias, pelos meus medos e ambições. És a responsável pelo início das minhas palavras, pelas lágrimas que me escorreram pelo rosto e pelos raros mas genuínos sorrisos que libertei. Hoje liberto um desses sorrisos e marco com uma lágrima esta carta, a última que te escrevo.
Mas esta carta não é o fim, nunca nenhuma carta o será. Apenas começa agora o silêncio que um dia tu vais romper, quando finalmente surgires na minha vida.
A ti, meu amor secreto, até sempre.

1 de agosto de 2010

Adormece-me

Envolve-me nos teus braços por favor,
Acaricia-me e faz-me tudo esquecer,
Fecha-me os olhos e deixa-me descansar,
Aperta-me e faz com que deixe de sofrer,
Beija-me e revela-me o teu amor.

Vamos partir para um outro mundo,
Vamos fugir deste mundo de dor,
Vamos fechar os olhos e sonhar,
Vamos viajar seja para onde for,
Vamos imortalizar este amor profundo.

E para isto só tens de me adormecer,
Fazer-me abandonar esta realidade
Para finalmente poder sorrir a teu lado,
E por isso te peço de verdade:
Beija-me e deixa-me morrer.

31 de julho de 2010

Carta a um amor secreto n.24

Não entendo como isto atingiu estas proporções. Não entendo como de um momento para o outro te comecei a venerar, como de uma simples atracção nasceu algo tão imenso como aquilo que hoje sinto. E perco a noção das horas quando começo em busca de uma justificação, em busca de alguma coisa que me faça perceber a razão pela qual já te escrevi tanto, a razão pela qual continuo a sonhar contigo, a razão pela qual o meu coração bate mais rápido na tua presença. No entanto tudo faz sentido quando te olho, tudo faz sentido quando recordo o teu olhar, o teu cabelo, o teu sorriso. Tudo faz sentido quando relembro aquilo que infelizmente esqueci.
Gostava que aprendesses a amar-me, mesmo sabendo que não é assim que deve ser. Gostava que quando me olhasses os teus olhos brilhassem. Gostava que lesses tudo o que te escrevi e te desses conta da imensurável dimensão do meu sentimento. Mas isto é apenas mais uma utopia no meu universo de sonhos impossíveis. Sei bem que estou condenado a adormecer lentamente enquanto imagino cenários em que tu te aproximas e me abraças apaixonadamente. Sei bem que todas estas cartas têm apenas um destino: o esquecimento. Sei bem que de ti nunca poderei ter mais do que um gélido “olá” ou um olhar de indiferença. Mas não será por isso que o sentimento que por ti nutro irá desaparecer, nem será por isso que deixarei de acabar cada carta com a esperança de que tu a vais ler e vais sorrir. Afinal, é para isso que eu existo. Poderia eu ter um propósito mais nobre?

30 de julho de 2010

Desconhecida

Nunca a vi, nunca a quis ver,
Era alguém de quem não queria saber,
Nunca lhe sorri, nunca lhe quis sorrir,
Era alguém que não sonhava em ter.

Mas a vida pregou-me uma partida,
Atravessou-a no meu caminho sem eu esperar,
E eu vendo-a assim, perdida,
Não consegui compaixão disfarçar.

Tornei-me alguém que nunca ambicionei,
Esqueci-me de quem era e do que queria,
Tornei-me alguém que sempre recordarei
Como o rapaz que tudo tinha e tudo perdia.

29 de julho de 2010

O Rapaz dos Sonhos Perdidos

Era uma vez um rapaz…

Ele sonhava em ser feliz,
Em ter tudo o que queria,
Em ser tudo o que desejava,
Nada disso teria nem seria,
Era um rapaz, mero aprendiz.

Tinha tantas ambições,
Tantos planos de futuro,
Perdeu tempo com tudo isso,
Esqueceu-se que viver é duro,
Ganhou dores e frustrações.

Desperdiçou a vida a sonhar
Até ao dia em que acordou,
Mas era já tarde demais,
De nada lhe servia lutar…
E foi nesse dia que tudo acabou.

28 de julho de 2010

27 de julho de 2010

Voando


"Agarre-se aos seus sonhos, pois se eles morrerem, a vida será como um pássaro de asa quebrada, incapaz de voar." Langston Hughes

26 de julho de 2010

Carta a um amor secreto n.23

A esperança, aquilo que me fez escrever tantas cartas, aquilo que me fez imaginar tantos cenários, aquilo que me fez acreditar, é hoje apenas um pouco daquilo que em tempos foi. Se antes acordava contigo no pensamento e com um desejo imenso de te ver, se antes acordava com fé de que naquele dia te ia poder dizer um simples “olá”, hoje tudo não passa de uma recordação, embora continue contigo no pensamento a todas as horas, a esperança de que um dia tudo mude e possa finalmente ser feliz, feliz como nunca fui nesta vida, é agora tão pequena que não consigo acreditar nela. No entanto a paixão não desvanece, prova da verdade deste sentimento, prova da sua imensidão.
E fazendo de conta que este é já o fim, um fim que possivelmente nunca chegará, arrependo-me apenas de uma coisa: em todas as cartas, em todos os poemas, em todos os textos, nunca fui capaz de me dirigir a ti sem máscaras, nunca fui capaz de escrever o teu nome e dizer aquilo que sentia. Sei, melhor que ninguém, que de pouco ou nada valeria tê-lo feito, no entanto não evito um sentimento de cobardia da minha parte e não evito também uma dúvida: será que o que sinto por ti não é suficientemente forte para ter a coragem de te o mostrar sem medos? Ou será que o que sinto por ti é demasiado forte para eu arriscar revelar-to?

25 de julho de 2010

Passageiros do Tempo

Navegando pelo tempo sem querer,
Destinados à eternidade de viver,
Eles lutam sem nunca desistir,
Ficam feridos, sabem que têm de sofrer,
Sabem que nada mais podem fazer.

E nunca choram apesar da dor,
Não transparecem o seu sofrimento,
Aquele que sentem com tanto fervor,
Aquele que sentem a todo o momento.

24 de julho de 2010

Promete

Promete-me que nunca me vais esquecer,
Promete-me que tudo o que fiz te marcou,
Promete-me que não mais irás sofrer,
Promete-me que a nossa história não acabou.

Promete-me que um dia vais ler os meus poemas
E vais sorrir por saberes o quanto te amei,
Promete-me que vais guardar todas as minhas cartas
E vais perdoar todas as lágrimas que te provoquei.

Promete-me se é isto que o teu coração sente
E eu prometo-te que estarei aqui eternamente.

23 de julho de 2010

Erros de um passado recente

Certo dia acordei com o sentimento de que devia fazer alguma coisa. Devia fazer alguma coisa verdadeira, alguma coisa com sentido, e não limitar-me a fazer o banal. Nesse dia nem precisei de pensar, soube logo o que tinha a fazer. Foi intuitivo, natural, irreflectido.
Soube nesse dia que podia fazer alguém feliz, mesmo que isso pudesse conduzir à minha insanidade, mesmo que isso fosse contra todos os princípios que sempre segui na minha vida. Ia, pela primeira vez, correr atrás daquilo em que acreditava. Ia, pela primeira vez, mostrar o que sentia sem medos e receios. Ia, pela primeira vez, deixar de lado a racionalidade e guiar-me pelo coração. Comecei uma maratona marcada desde o início pela utopia, mas não foi por isso que deixei de sorrir em cada etapa, acreditando no que fazia.
Ao contrário do que sempre tinha feito, ia partilhar os meus sentimentos com a pessoa pela qual os nutria. De uma forma incomum, é certo. O meu objectivo era tão simples que se tornou demasiado complexo para conseguir viver com ele. Queria apenas mostrar a alguém o quão especial era, sem esperar nada em troca, sem querer nada mais que saber que essa pessoa tinha conhecimento das minhas emoções.
Hoje, depois de tudo isto, sei que cometi um erro. Erro esse que cometeria outra vez, sem hesitar, sem reflectir. Foi um erro que me fez crescer. Foi um erro necessário. Foi um erro suportado e justificado pelo sentimento mais nobre que o Homem pode possuir.

22 de julho de 2010

Cobardia


"Muitos seriam cobardes se tivessem coragem suficiente." Thomas Fuller

21 de julho de 2010

20 de julho de 2010

Sedento de Sangue

O sangue jorra por feridas insaráveis
Criando o pânico a todo o redor,
A multidão grita suja por si mesma,
Todos revelam o seu tamanho terror
Enquanto outros seres sorriem, insaciáveis.

E fortes rios de sangue surgem pela rua,
Destruindo tudo à sua temida passagem,
É o horror criado por ele, à sua imagem,
Por aquele ao qual suplicas, é obra sua.

Mas o derradeiro dia está prestes a chegar,
O dia em que aquele rio encarnado irá secar,
Nesse dia o veneno vai finalmente parar de fluir,
Nesse dia não haverá ninguém, nem para sorrir.

19 de julho de 2010

Carta a um amor secreto n.22

Depois de tantas cartas, de tantos poemas e de tantos textos, parei para pensar naquilo que ficará depois de tudo isto, naquilo que irá ser recordado quando o tempo passar e eu deixar de te escrever como hoje te escrevo. Sabes o que concluí? Devia passar todas essas palavras que já te dirigi para o papel, devia juntar tudo aquilo que escrevi contigo no pensamento e depois, quando sentir que estiver prestes a deixar de fazer parte da tua vida (não que hoje faça), devia chegar ao pé de ti e entregar-te tudo. E se um dia fizer mesmo isto não o farei com esperança que aquela atitude te faça olhar para mim de uma maneira diferente, irei fazê-lo como forma de honrar este sentimento que hoje me consome, como forma de te honrar a ti por tudo o que significas.
E se nesse dia tu me olhares e não quiseres sequer saber, se nesse dia me ignorares e não me deixares cumprir o meu desejo, restar-me-á fazer aquilo que hoje faço: baixar a cabeça e seguir o meu caminho, sabendo que deveria ter feito mais por ti, que deveria ter feito mais para te mostrar o que sinto, que deveria ter feito mais para te fazer sentir que és a mais especial, a mais perfeita, a mais amada. Mas nesse dia, nesse dia será já tarde demais.

18 de julho de 2010

Escrevendo



"À pergunta habitual: Por que é que escreve ?, a resposta do poeta será sempre a mais curta: Para viver melhor." Saint-John Perse

17 de julho de 2010

Olhos Negros

Olho-te procurando algo, talvez um sinal,
Deparo-me com a escuridão do teu olhar,
Tento resistir a esta recém-criada tentação
De fugir apenas para os teus olhos evitar,
Mas acabo por me prostrar aos pés deste mal.

Mal que me consome, mal que me faz desejar-te,
Por tudo aquilo que os teus olhos me transmitem
Ou talvez por tudo aquilo que eles não me revelam,
Por eu sentir que existe algo que esses olhos omitem,
Por eu saber o quão errado é isto, eu amar-te.

Mas esse negro tem este indescritível poder,
Faz-me deixar de ser quem sou, faz-me sonhar,
E eu apenas sonho contigo, em finalmente te ter,
E tu limitas-te a seguir o teu caminho, sem me olhar.

16 de julho de 2010

Histórias de Amor

Sempre esperei que um dia, mais tarde ou mais cedo, se passaria comigo aquilo que acontece frequentemente nos filmes que vejo e nos livros que leio: iria encontrar uma rapariga, iria apaixonar-me por ela, iríamos lutar juntos e por fim ficaríamos lado a lado. Basicamente, sempre esperei que os contos de fadas fictícios pudessem transportar-se para a minha vida e tudo pudesse ser assim tão bonito. E eu sei perfeitamente quão utópico este sonho é, no entanto já fiz muito, talvez até demais, para tentar tornar algo num conto de fadas, algo que nunca o poderá ser. A verdade é que as histórias de encantar, aquelas em que tudo é perfeito, são apenas histórias.

15 de julho de 2010

Insuficiente

Corri atravessando montanhas inultrapassáveis,
Lutei derrotando obstáculos que pareciam inabaláveis,
Gritei e provoquei em mim mesmo dores inimagináveis.

E fiz tudo isto, sem parar, para hoje nada ter,
Nunca conquistei nada daquilo pelo que lutei,
Nunca alcancei nada daquilo pelo que chorei,
Nunca tive nada daquilo com que tanto sonhei.

Foi insuficiente toda a dor e todo o suor que libertei,
Devia ter feito mais, devia ter combatido até à morte,
Talvez assim honrasse aqueles que pelo caminho deixei,
Talvez assim se mudasse a minha invulgar má sorte.

14 de julho de 2010

Alguém que não eu

Ele sorri contente por tudo aquilo que tem,
Ele sorri ao lado daquela que mais ama,
Ele sorri como nunca sorriu ninguém,
Ele sorri com a felicidade que emana.

Ele sonha todos os dias acordado,
Ele consegue tudo aquilo que deseja,
Ele sente-se um ser abençoado,
Ele é aquilo que toda a gente inveja.

Ele escreve como nunca ninguém escreveu,
Escreve poemas com que toca corações,
Ele vive como nunca ninguém viveu,
Vive sendo amado por todas as suas paixões.

Ele é alguém que nunca sequer sofreu
Ele é alguém, alguém que não eu…

1 de julho de 2010

Suores

Fios de suor escorrem pelo meu corpo
Enquanto a minha garganta fica cerrada
Sensações que disfarçam que estou morto
Sensações que recordam a dor passada.

E as lágrimas misturam-se com o suor
Confundindo em mim tantas emoções,
E o ódio cresce atenuando o amor
Enquanto esqueço todas as paixões.

É então que acordo acabando com a ilusão,
É então que abro os olhos e o suor não escorre,
Em vez dele derrama-se sangue das minhas feridas,
Em vez de lágrimas misturam-se memórias perdidas,
O meu corpo, flagelado, teima em resistir, não morre,
E eu sobrevivo demente querendo perder a razão.

16 de junho de 2010

Carta a um amor secreto n.21

Hoje decidi, sem sequer pensar muito no assunto, que te vou escrever. Não da maneira como te escrevo todas as noites. Desta vez não te vou escrever um poema nem uma carta, talvez por achar que não é suficiente para te demonstrar o que sinto. Hoje vou escrever-te uma canção, sim, uma canção. Vou juntar tudo aquilo que já te escrevi, tudo aquilo que já senti, tudo aquilo que tenho “teu” e vou criar algo que vai ter aquela força capaz de revelar ao mundo a imensidão de um sentimento. E mesmo que nunca ninguém, nem sequer tu, venha a ouvir essa melodia, sei que vai ser algo bom para mim, algo que me vai fazer ficar com um sorriso e, mais importante que tudo, algo que vou ter para te recordar sem que para isso tenha de sofrer. Porque é esse o poder da música, pode-nos fazer pensar, mas tem sempre algo que nos faz sorrir, algo que nos parece completar.
E daqui a alguns anos, quando tu seguires o teu caminho e te esqueceres de quem eu sou, vou dar por mim sozinho, contigo no pensamento, com esta música na cabeça e vou pensar que se te a tivesse deixado ouvir, se tivesse coragem para te a mostrar, se calhar tu estarias ali, a meu lado.

15 de junho de 2010

Sentado

Sento-me e tento as palavras encontrar,
Lanço-me nesta corrida dolorosa e fugaz,
Tropeço em falsas perfeições constantes,
Mas continuo a acreditar que sou capaz,
Julgando que no final essas vou achar.

E choro por entre caminhos desajustados,
Grito aos céus por compaixão, em vão,
Sangro pelas feridas do meu corpo,
Aflijo-me com o estado do meu coração,
Esse outrora saudável, hoje com dias contados.

No final percebo que essas palavras não achei,
Entendo que toda esta busca foi sem sentido,
No entanto amanhã repito, sentar-me-ei,
Crendo no quão único poderia ter sido
E tendo a certeza de que único nunca serei.

7 de junho de 2010

Carta a um amor secreto n.20

Parece que foi ontem que tudo aconteceu, parece que foi ontem que te tive aqui, junto a mim, parece que foi ontem que alcancei um sonho que me parecia impossível. Mas já lá vão tantos dias e eu, ingénuo como sempre, acreditei que com o passar do tempo deixaria de pensar em ti, deixaria de te ver como aquela dos meus poemas, aquela de tamanhos dilemas. Mas o sonho continua e desperta a cada vez que te olho, desperta a cada encontro que tanto tento evitar, desperta a cada memória dos sorrisos que já me provocaste. E se isto não é amor, se isto que me invade não é aquilo que eu penso ser, deverá desaparecer com a tua ausência. No entanto não me imagino a escrever, daqui a muitos dias, depois de sofrer com a tua ausência, que tu não passaste de uma paixão momentânea. E talvez fosse melhor assim, talvez fosse melhor que eu me surpreendesse a mim próprio e percebesse que o que sinto, aquilo que me faz escrever estas palavras, não é amor.
E recordo-me tão bem daquela noite em que tudo parecia bem, daquela noite com tanta verdade, com tanta sinceridade, com tanta…felicidade. Recordo-me do teu sorriso, dos teus cabelos, dos teus gestos, das tuas palavras. E recordo-me, incrivelmente bem, do teu olhar. Esse que me fez cair a teus pés, esse que tem o poder de me deixar sem palavras, esse que naquela noite senti como meu.

29 de maio de 2010

Carta a um amor secreto n.19

Os dias continuam a passar sem eu sequer me dar conta disso. Já lá vai o tempo em que sabia em que dia estava, já lá vai o tempo em que os dias tinham alguma importância para mim. Hoje, se os pudesse evitar, se pudesse apagar os dias, era o que faria sem hesitar. Viveria na escuridão, sozinho, consumido por reflexões sem sentido, consumido por sonhos utópicos, consumido por mim mesmo. Mas talvez eu já viva assim afinal. Porque nos dias, nesses que se sucedem sem parar, eu não vivo. Limito-me a esperar que a noite chegue.
E tu, que outrora deste significado aos meus dias e me fizeste não desejar a escuridão, não passas agora de uma memória, alguém que me mudou a vida, alguém que me fez ambicionar ainda mais a noite, se é que isso é possível. Por tua culpa os dias ficaram mais longos, as lágrimas tornaram-se mais frequentes, as palavras ficaram intermitentes. Por tua culpa o meu sorriso gelou, a minha fé abateu-se, os meus poemas perderam a única coisa que fazia deles diferentes, a esperança sincera na felicidade. E embora tu tenhas todas estas culpas, o culpado sou eu... Por acreditar.
Para sempre ficará a história, suportada por palavras cravadas em folhas amarelecidas pelos dias, esses que eu tanto gostava de conseguir evitar.

25 de maio de 2010

20 de maio de 2010

Ingratidões

Fiz tanto que não posso aguentar mais,
Lutei demasiado, foi o erro que cometi,
Acreditei momentaneamente na felicidade,
Quis mostrar-te tudo o que por ti senti,
Foram desejos inevitáveis, desejos fatais.

Hoje choro por tudo aquilo que fiz,
Por tudo o que teimei em te entregar,
Hoje choro por tudo aquilo que nunca quis,
Não ser ninguém para ti, nada significar.

Mas sorrio por saber que te marquei,
Por saber que o que te fiz foi algo diferente,
E embora a nada de bom tenha conduzido,
Sei que mesmo não fazendo parte do teu presente
Serei aquele que no passado te amou, sempre serei.

19 de maio de 2010

Queria, tanto eu queria

Queria ser capaz de escrever alguma coisa que nunca tenha escrito, ser capaz de transmitir emoções que nunca tenha transmitido, ser capaz de marcar a diferença. Queria escrever-te um poema que te fizesse ficar com as lágrimas nos olhos, um poema que te deixasse pensativa, um poema que nunca poderias esquecer. Queria dizer tudo o que sinto numa carta com uma dúzia de linhas, revelar a força daquilo que me consome, mostrar-te que tu és especial, és única, és inesquecível. E queria escrever frases que tu guardasses para sempre, frases sobre o amor, sobre a paixão, sobre ti.
No entanto, e embora eu deseje muito tudo isto, sei que nem sempre existem palavras que possam traduzir a realidade, sendo que a realidade em que hoje vivo, esta que enfrento todos os dias, é demasiadamente irreal e indescritível para poder transcrevê-la. Mas um dia, talvez amanhã, sei que vou ser capaz de escrever aquele poema que te vai fazer chorar enquanto sorris, aquele poema que vais recordar para sempre como sendo a prova de que foste amada, tal como sempre sonhaste.

16 de maio de 2010

Coragem vs Cobardia


"Apoiada, a coragem nasce até mesmo naqueles que são muito covardes".
"Ilíada" de Homero

15 de maio de 2010

Anomalias

Palavras ocupam espaços que lhes não pertencem,
Frases compõem realidades demasiado enigmáticas,
Tudo parece trocado num mundo de contradições,
Formam-se destinos baseados em fórmulas matemáticas
E tudo é feito para que todos os sorrisos cessem.

Nada está certo e ninguém luta por tudo corrigir,
Marca-se assim uma eternidade feita de imprecisões,
Cria-se um erro repleto de tamanhas repercussões
Que acabam com toda a importância do sentir.

São anomalias que cada vez mais me corrompem,
Viroses sistemáticas que deturpam a verdade,
São anomalias que por corações irrompem,
Falhas sucessivas que conduzem à futilidade.

14 de maio de 2010

Promessas

Prometi-te um mundo melhor
Prometi-te uma felicidade diferente
Prometi acabar-te com a dor
Prometi tanto…utopicamente.

Foram promessas que disso não passaram,
Não as cumpri, não o podia fazer,
Foram promessas que em lágrimas se tornaram,
Não as cumpri e acabei assim, a sofrer.

E para sempre os remorsos ficarão,
Ficará a mágoa de te ter desiludido,
E os sonhos contigo continuarão
Assim como eu continuarei, perdido.

13 de maio de 2010

Brinquedo inocente

As garras dela pegam-lhe sem o largar,
O seu olhar aprisiona-o dentro da utopia,
Ela, repugnante criatura maldosa e infiel,
Escolheu-o a ele como objecto de cobardia
E ele nada pode fazer para se soltar.

Ladra imperdoável roubou-lhe a liberdade,
Tirou-lhe tudo o que ele tinha, até a personalidade,
E tudo para lhe dar o quê? Princípios de falsidade.
E logo a ele, outrora detentor de tanta bondade.

Ele rasteja rasgando a pele para a satisfazer
E o sangue escorre pelo seu corpo flagelado,´
Ela sorri ciente de que ninguém a pode deter
E uma alma pura perde-se, ele morre abandonado.

12 de maio de 2010

Carta a um amor secreto n.18

Queria morrer de amor. Sim eu sei, é uma frase muito forte para começar uma carta, mas é a mais pura das verdades. E concluí isso hoje, ao olhar para ti, ao ouvir a tua voz, ao admirar a tua perfeição. Concluí que nada nesta vida pode algum dia significar mais do que aquilo que tu significas, por seres única, por à tua volta existir uma espécie de aura que te diviniza e me faz olhar para ti como se estivesse perante um anjo. E talvez seja por isso, por seres tanto e eu ser tão pouco, que não posso ambicionar um futuro a teu lado. E talvez eu seja apenas mais um a juntar aos tantos que já se apaixonaram por ti e se viram assim, como eu estou agora, lavado em lágrimas por não conseguir lutar contra a força do que sinto.
Mas hoje decidi que não quero lutar, mesmo que algum dia tenha essa possibilidade, não quero lutar contra algo tão imenso, algum tão forte, algo tão inacreditável. Prefiro ditar a minha sentença e morrer, matando-me aos poucos, matando-me a cada palavra que te escrevo, matando-me a cada sonho em que tu surges. E nesta minha morte vou caminhar com um sorriso, por saber que toda a dor, todos os gritos, todas as feridas, são para te honrar, são para te mostrar que tu, sim tu, és aquela pela qual estou disposto a morrer, morrer de amor.

11 de maio de 2010

Mulheres que correm com os lobos

Hoje trago-vos mais um anúncio publicitário. Espero que gostem.

10 de maio de 2010

São lágrimas


"Uma vontade de chorar sorrindo,
Uma vontade de sorrir chorando." 
J. G. de Araújo Jorge

9 de maio de 2010

Caixão de loucura

O teu corpo encaminha a minha mão
Pelos recantos que formam a perfeição
Criando em mim esta indescritível sensação
Alimentando a esperança do meu coração.

E tornamo-nos um só no silêncio da escuridão
Formamos um “nós” preenchido de paixão
Tudo graças aos estranhos desígnios da atracção
Os mesmos desígnios que levaram à perversão
Levaram ao amor sem qualquer tipo de restrição
Levaram a que fosses minha sem nenhuma submissão
E fizeram com que abandonássemos a solidão.

E assim dei por concluída a minha enorme missão
A de te fazer revelar o teu sorriso sem comparação,
E assim acordo destruindo toda esta ilusão
Deitando-me eternamente no meu caixão,
Sabendo que te marquei, minha maior devoção.

8 de maio de 2010

Talvez

Amas-me sem saberes, sem disso teres noção,
Queres-me sem quereres, é a tua maldição,
Desejas-me sem te aperceberes, coisas do coração,
Tens-me sem me teres, pura contradição.

Em mim encontras tudo o que sempre procuraste,
Atinges aquela felicidade que sempre te fugiu,
Em mim está tudo aquilo que sempre amaste
Por eu ser aquele, o único, que nunca fingiu,
Por te fazer esquecer tudo aquilo que já choraste,
Por ser tudo o que alguma vez o teu coração pediu.

E talvez tudo isto não passe de uma mera utopia,
Certamente o será, mas queria nela acreditar,
E talvez tudo isto se torne realidade, tanto eu queria,
Fazendo com que eu deixe finalmente de sonhar.

7 de maio de 2010

Carta a um amor secreto n.17

Falhei. E não foi só uma vez, foram muitas, talvez demais. Por ser daquelas pessoas que mesmo fazendo o máximo por não cometer erros acaba por fazê-los e por sentir as consequências, por ser daquelas pessoas que acredita que tudo acontece por alguma razão, por ser daquelas pessoas que mesmo quando lhe acontece o pior consegue sorrir e pensar: “ainda bem que assim foi”. E para além de ser uma dessas pessoas sou ainda uma daquelas que acredita, por mais que a vida mostre o contrário, que a felicidade está ali, mesmo ao virar da esquina. Talvez esteja, e talvez apenas ainda não a tenha alcançado por cometer falhas atrás de falhas, por cair na realidade e no momento a seguir viajar para o mundo da fantasia em que o impossível se torna uma possibilidade. Porque a minha vida é isso, um balançar entre a realidade e a fantasia, um balançar entre a crença e a desilusão, um balançar entre o ódio e a paixão.
Mas sabes o que me custa mais, aquilo que me faz ter ainda mais remorsos por ter falhado? É que falhei contigo. Não uma nem duas vezes. E o pior de tudo é que falhei sem querer falhar, falhei por ser daquelas pessoas, daquelas de que falei acima. É que por vezes temos que errar, temos que fazer algo que sabemos que não é o mais acertado, temos que fazer algo que sabemos que nos vai fazer sonhar ainda mais com o impossível. E há quem consiga fazer isso…mas eu não faço parte dessas pessoas.

5 de maio de 2010

Sorris

Sorris,
E sorrindo revelas a perfeição,
Mostras tudo aquilo que realmente és,
Realças-te entre tamanha multidão.

Sorris,
E sorrindo alimentas o meu coração,
Provocas palavras que constroem poemas,
Provas o porquê de tanta paixão.

Sorris,
E sorrindo fazes-me feliz
Mesmo que para mim não sorrias,
Porque o teu sorriso transparece tudo,
Tudo aquilo que sempre quis.

4 de maio de 2010

Julgamento

Numa sala de olhares acusadores
Sou observado sem cessar
E são eles, meros fingidores,
São eles que me ousam julgar,
São aqueles que se acham senhores
Esses que apenas sabem falar,
São esses, tamanhos traidores,
Aqueles que comigo vão acabar.

Inevitável destino era este,
O de terminar a ser aqui julgado
Pelo que nunca fui capaz de fazer,
Eu que sempre fui acobardado
Pela incontrolável força do temer.

E hoje é lida a minha sentença,
E para que a dor seja ainda mais imensa
Cá estou eu, essencial e frouxa presença.

3 de maio de 2010

Carta a um amor secreto n.16

Hoje vou adormecer contigo no pensamento, não que não o faça em todas as outras noites, no entanto hoje vou fazê-lo ainda com mais fé de que te vou encontrar no mundo dos sonhos, porque hoje, estranhamente, estou feliz. Sem saber o porquê, sem saber quanto tempo esta felicidade irá durar. E são dias raros estes, em que sorrio sem pensar na dor de não te ter a meu lado, em que sorrio sem relembrar os meus erros constantes e a minha demasiada ignorância naquilo que ao “amor” diz respeito. “Amor” porque já não sou capaz de ver neste “sentimento” algo que me faça acreditar na “sua” existência. E talvez seja por isso, pelo desabar da minha esperança no “amor”, que hoje estou feliz. E certamente será por isto, por não me importar sobre tudo aquilo que ao “amor” diz respeito, que hoje vou conseguir sonhar contigo, vou poder abraçar-te e beijar-te a meu bel-prazer, sem que nada possa colocar em causa a minha felicidade, porque se eu não te amasse como te amo, se não visse em ti o meu mundo, eu seria feliz. Quer dizer, talvez o seja contigo, embora não te tenha, talvez a minha felicidade seja apenas isto: sonhar com um lugar a teu lado.

30 de abril de 2010

Palavras leva-as o vento

Palavras intemporais existem?
Será que amanhã alguém isto vai ler?
Palavras ao tempo resistem?
Será que amanhã alguém as vai saber?

Talvez haja palavras que durem eternamente,
Talvez algumas tenham essa força incomum,
Julgo que estas não a possuem, humildemente,
Não passam de palavras sem significado algum.

29 de abril de 2010

Esgotado

Hoje morro,
Deixo tudo para trás.
Hoje morro,
E tu hoje sorrirás.
Porque eu morro,
Mas tu nem conta darás.

Morro esgotado,
Sozinho e abandonado.
Morro cansado,
Sem sequer ser amado.
Morro acabado,
É o meu triste fado.

Mas amanhã regressarei,
Vencendo a morte fingida.
Mas amanhã ressuscitarei,
Com a minha eterna ferida.

28 de abril de 2010

Mutilações

Acabo com tudo o que me faz acreditar,
Elimino toda a esperança que antes tinha,
Deixo-me assim, perdido, sem nada,
Perco-te a ti que por segundos foste minha,
E continuo, triste e cansado, sem sonhar.

E aquilo que faz de mim alguém melhor,
Esse nada que cada vez é menor e menor,
Talvez tenha existido, mas não existe agora,
Não passa de uma visão longínqua de outrora,
Porque Tu como simples divindade que és
Fizeste-me ajoelhar abruptamente a teus pés,
De tal forma que deixei de ser aquele que era
Por te amar tanto, paixão demasiado sincera.

Mas um dia vou deixar de me castigar,
Vou parar um pouco e dar-me algum valor,
Talvez esse dia surja já tarde demais,
Mas não me importa, sofro em nome do amor,
Sofrimento nobre que sempre me fará chorar.

27 de abril de 2010

Um beijo

Apenas um toque,
Muito mais que um olhar,
Uma simples sensação,
A imensidão de amar.

Tudo num mero beijo
Que tanto se sente,
Fruto de tamanho desejo,
Sonho que não mente.

É um beijo que não prevejo,
Um simples e utópico beijo.

26 de abril de 2010

Carta a um amor secreto n.15

Gostava que esta fosse apenas mais carta, mais uma a juntar às tantas que te escrevi, mais uma em que te elevo a divindade e me faço passar por mero terrestre insignificante. Sim, porque é isso que eu teimo em fazer. Teimo em fazer de ti a melhor pessoa do mundo, a mais especial, a mais perfeita; e, simultaneamente, faço de mim o mais reles de todos os seres. E não digo que não o seja, assim como não digo que tu não és aquilo que eu insisto em escrever que és. No entanto há verdades que não existem para ser reveladas e sobretudo, há verdades que não existem para nos apercebermos delas.
E uma dessas verdades, uma daquelas que não existe para nos apercebermos dela, é que eu posso ser feliz ao teu lado, assim como posso ser feliz ao lado seja de quem for. E não, isto não deita por terra todas as palavras que te dirigi, porque mesmo sendo eu feliz ao lado de alguém que não tu, ninguém te poderá nunca tirar a importância e unicidade que representas hoje. E é pelo que representas hoje, por tudo aquilo que te tornou diferente, que vou continuar a escrever-te e, invariavelmente, vou continuar a fazer de mim alguém que não te merece, alguém que nada de ti pode esperar.

25 de abril de 2010

Relógios

Conto os minutos para te ver,
Anseio desesperadamente pela tua presença,
Queria tanto fazer os minutos correr,
Mas esperar é a minha sentença.

E eu espero sem nunca desistir,
Sonhando com o cruzar dos nossos olhares,
Acreditando que posso a teu lado estar,
Acreditando que me amas sem amares.

Mas o tempo alimenta a esperança,
Não me deixando parar de te querer,
E cada palavra a paixão relança,
A paixão que apenas me faz sofrer.

24 de abril de 2010

Vida

"A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás, mas só pode ser vivida olhando-se para frente."
Søren Kierkegaard

23 de abril de 2010

O melhor de ti

Sonhei-te como alguém perfeito,
Vi-te como uma divindade,
Ao pé de ti ficava assim sem jeito,
Eras a minha única verdade.

Hoje abri os olhos e finalmente percebi,
Não eras tu que eu estava a ver,
Estava a tentar ver o melhor de ti
Mas não vi-a nada que pudesses ser.

Agora restam-me insignificantes poesias,
Palavras que escrevi enquanto acreditava,
Palavras que hoje não passam de utopias
Em que eu, inocente, julguei que te amava.

22 de abril de 2010

Fora de mim

Perdido
Sem saber quem sou,
Esquecido
Magoado por quem me deixou,
Ferido
Sabendo que tudo acabou.

Assim termina a dor
Assim terminam os sorrisos
Assim termina o amor.

E folhas ardem
Destruindo tanta poesia,
E folhas ardem
Destruindo a utopia.

Mas um dia tudo vai voltar,
Um dia, talvez um dia.

19 de abril de 2010

Carta a um amor secreto n.14

Tanto para dizer, tantas emoções, tantos sentimentos, tantas verdades. Gostava de ser capaz de revelar tudo através disto, de conseguir colocar em palavras tudo o que me consome, de me conseguir libertar deste aperto no peito que teima em não desaparecer. Mas as palavras não são solução para todos os meus males, embora o sejam para grande parte deles, e eu sei, melhor que ninguém, que grande parte das palavras que escrevo não deveria escrever, porque isto, os textos, as cartas e os poemas, são apenas uma forma de atenuar a mágoa que sinto em não ser capaz de te demonstrar tudo sem rodeios.
No entanto continuo a dizer tudo sem utilizar a voz, sem estar sujeito ao desabar do sonho que tu poderias provocar, sem sequer saber o que pensas disto, se é que sabes que isto existe. É a minha forma de fugir à realidade e alimentar a utopia e é a minha forma de te eternizar como uma história inacabada, porque neste caso nenhum final poderá ser melhor que aquilo que hoje tenho: liberdade para sonhar contigo, para me imaginar a teu lado e para mostrar ao mundo o quão especial és. E isso, mais do que qualquer outra coisa no mundo, é aquilo que me faz adormecer com um sorriso…leve e triste, mas um sorriso.

18 de abril de 2010

Perturbações

Deito-me e tento dormir, mas não consigo,
Levanto-me e escrevo, irreflectidamente,
Acabo a passar assim a noite, acordado,
Enquanto as lágrimas escorrem continuamente
Ao recordar todo o pouco que passei contigo.

E sei que amanhã o mesmo me vai acontecer,
Sei que vou fechar os olhos e ver-te sorrir,
E sei que com essa imagem não vou adormecer,
Sei tudo o que nesse momento vou sentir.

E vou levantar-me e escrever-te mais um poema,
Perturbado pela imensidão deste sentimento,
Perturbado por todo este eterno sofrimento,
E vou revelar-te ou não? Doloroso dilema.

16 de abril de 2010

Prevenção

Hoje deixo-vos uma campanha que apela ao uso de cinto de segurança. Espero que gostem.

15 de abril de 2010

Sentimentos

Caminho por entre uma rua deserta,
Nada espero ver, nada espero encontrar,
Caminho sem destino nem esperança,
Queria-te neste meu mundo, queria-te olhar,
E vejo-te inesperadamente…a paixão desperta.

Eu que pensava que não passavas de uma memória,
Que julgava ter esquecido tudo o que por ti sentia,
Sou abalado pelo retornar de todos os sentimentos,
Recordando todas as vezes em que para ti escrevia
E relembrando com saudade toda a nossa história.

E agora percebo que estou condenado a sonhar contigo,
Estou destinado a querer ter-te a meu lado sem te ter,
E estas palavras, sem significado, estou destinado a escrever,
Mesmo que não as leias, mesmo que não as queiras ler,
É o meu fatal e cruel destino, meu merecido castigo.

14 de abril de 2010

Escuridão

A noite apodera-se do meu ser,
Fico perdido sem nada saber,
Tento libertar-me mas estou acorrentado,
Tento lutar mas sinto-me esgotado.

E caio aos pés deste destino cruel,
Eu que sempre à dor fui fiel,
Por mim mesmo sou engolido,
Não sendo nada do que podia ter sido.

É a escuridão em que sempre sofri,
Aquela em que tantas emoções senti,
São as palavras que até hoje escrevi,
Aquelas que te dirijo, sim…a ti…

E é a felicidade que para sempre perdi…

12 de abril de 2010

Carta a um amor n.13

Acordo a meio da noite. Estou triste, abatido e cansado, mas não sei o porquê. Quando me deitei estava bem, quer dizer, “bem” para mim nunca é mesmo “bem”, mas quando me deitei há algumas horas atrás não estava assim. Quero adormecer outra vez, quero tanto. Quero sonhar, alimentar as minhas utopias com a impossibilidade que todas as noites imagino…quero sorrir. Mas o sono não regressa e eu continuo acordado, mergulhado nisto, nestas palavras que não consigo parar de escrever, nestas palavras que são como punhais afiados que me entram pelo peito, nestas palavras que escrevo contigo no pensamento.
E eu queria não te desejar, se queria. Queria agora estar a dormir, sem preocupações, sem esperanças infundadas, sem o “nada” que não tenho. Mas não consigo. Por mais que tente evitar dou por mim a fechar os olhos e a ver o teu sorriso, o teu olhar, a tua perfeição. Percebo finalmente aquilo que sempre me faltou. Tu. Mas não te tenho, nem hoje nem amanhã terei. E dói tanto saber isso. Dói tanto ver-te sabendo que isto, todas as minhas palavras, não chegam a ti. Dói tanto saber que um dia mais tarde vais esquecer que existo. É que nesse dia tudo o que escrevo deixará de fazer sentido, se é que neste momento tem algum. Nesse dia vou querer odiar-te e vou dar por mim a amar-te ainda mais. Nesse dia vou adormecer, mas hoje, hoje não.

11 de abril de 2010

Era uma vez

Um sorriso que mudou um mundo,
Um olhar que nunca poderá ter igual,
Alguém que quase tive por um segundo,
Alguém tão perfeito, tão irreal,
Conquistou-me, foi algo tão profundo,
Cheguei a crer que era ela a “tal”.

Mas apenas mais uma utopia seria,
Nada mais que algo inatingível,
No entanto a esperança crescia,
O sonho que era mais que impossível.

Mas um dia o sonho teve de acabar
E o meu mundo conheceu a realidade,
Mas mesmo sabendo que esse dia ia chegar
Não consegui tudo recordar sem saudade,
Continuando ingenuamente a acreditar
Que um dia mais tarde ela me vai olhar
E vai dizer: “Ele sim, amou-me de verdade!”.

10 de abril de 2010

Sedento

E a raiva ergue-se sobre todo o sentimento
Consome tudo, apaga as poucas memórias,
Destrói os sonhos que criaram as histórias
E marca um destino cruel: o sofrimento.

E apenas um inconcebível desejo permanece,
Uma sede de vingança que aos poucos mata,
Nada mais é lembrado, nada mais resta,
Só aquela essência que o torna psicopata,
É consequência da dor que ele não esquece.

E o momento da vingança que se aproxima
Será o momento em que aquela vida termina,
O instante em que a raiva vai ser libertada
E aquela alma irá partir como chegou, sem nada.

9 de abril de 2010

Fim


"Quando a música acaba, apaguem as luzes." Adolf Hitler, antes de cometer suicídio em 1945.

8 de abril de 2010

Folhas queimadas

Mergulhado em noites de incerteza,
Consumido pela força do que sentia,
Sem saber se estava certo o que fazia,
Desconhecendo se era aquilo que queria,
Cada vez mais corroído pela tristeza,
Atrás de falsas barreiras me escondia,
Tendo receio que acontecesse o que temia,
Sabendo que um dia ela me descobriria,
E que fosse assim exposta a minha fraqueza.

Em simples palavras lhe tentava mostrar
O tanto que ela para mim significava,
Escrevendo-lhe poesias desconcertadas
O meu amor transparecia, nisso acreditava,
Mas eram meras folhas queimadas
Que acabaram por nada lhe revelar…
E assim ela ficou…sem saber que a amava…

7 de abril de 2010

Criações

Por mais que escreva sobre o amor tenho plena noção que nunca, em tempo algum, vou entender o que ele é verdadeiramente, pelo contrário, quanto mais escrever, quanto mais reflectir, menos saberei sobre este sentimento. No entanto não será isto que me irá impedir de continuar à procura de uma resposta, à procura de uma certeza neste sentimento repleto de dúvidas. Hoje, passados tantos anos a libertar emoções e dores, concluí que nada sei. Não sei do que falo, não sei o que é sofrer nem sei o que é ser feliz e, acima de tudo, não sei o que é amar. Porque por mim já passaram tantas sensações e tantas pessoas que pensei amar, mas a verdade é que de todas essas pessoas nunca conheci nenhuma delas. Nunca conheci o que elas eram, nunca consegui separar a minha idealização de rapariga perfeita da realidade que tinha perante mim, talvez porque a minha idealização não passa de um embuste, algo que apenas me obriga a continuar a procurar, sem parar, por alguém que seja completamente diferente, alguém que me faça sentir algo que não existe, alguém que nunca irei encontrar.
Talvez tenha que ser assim, talvez tenha que criar essa pessoa apenas para mim, apenas para continuar a escrever todas as noites, apenas para continuar a revelar sentimentos que não entendo, apenas para continuar a sorrir, quando afinal, nem isso sei o que é.

6 de abril de 2010

Um mundo diferente

Queria viver noutro lugar, não aqui,
Conhecer outro mundo, talvez melhor,
Queria esquecer o que este me deu,
Apagar de mim toda e qualquer dor,
Queria apagar tudo, apagar-te a ti.

Mas este mundo alimenta a utopia,
Faz-me acreditar que tudo é possível,
Faz-me continuar a sonhar contigo,
Mente-me e não te mostra inacessível,
E eu minto-me através disto, poesia.

Mas um dia este mundo vai acabar,
Vai dar lugar a um mundo diferente,
Eu continuarei a ser eu, mero demente,
Alguém que nunca conseguiu amar,
Um simples rapaz que é o que sente,
Uma confusão que qualquer um pressente
Um simples rapaz destinado a chorar.

5 de abril de 2010

Falsas memórias

São as noites em que te custa adormecer,
São as lágrimas que não consegues conter,
São os sorrisos que acabam por morrer.

E são aqueles carinhos pelos quais padeces,
E são aqueles sonhos que sempre tiveste,
E são aqueles olhares que nem conheces.

Recordações daquele que nem sequer existiu,
Recordações daquele que teu coração pediu,
Recordações daquele que nunca te sorriu,
Recordações daquilo que teu coração sentiu.

São falsas memórias que disso podem passar,
São falsas memórias que um dia reais se vão tornar,
São falsas memórias daquela que quis amar.