2 de dezembro de 2009

Último texto de 2009

Depois de uns dias em que as actualizações a este blogue foram escassas, facto que justifico com “problemas” de ordem pessoal, chegou a altura de marcar a minha saída do universo poético/literário até, pelo menos, ao próximo ano.

Desde cedo que encontrei nas palavras, e mais especificamente na poesia, uma forma de expressar os meus sentimentos, os meus medos e as minhas mágoas. Este blogue, que surgiu apenas e só para publicar o livro que escrevi, “Só tu podes alcançar”, acabou por se tornar num depósito de tudo o que fui escrevendo, e embora quase o tenha extinguido num certo momento da minha vida, nunca fui capaz de o fazer. Porque para mim o “Noites de Utopia” significa muito mais do que se possa pensar. Traduz o sonho de dar a conhecer às pessoas a minha escrita, que pode até não ser nada de excepcional, não o é, mas é a minha maneira de expulsar de mim coisas que não sou capaz de expulsar de outra maneira.

Hoje, mais do que em todos os outros dias, duvido do que escrevo e não consigo demonstrar a réstia de esperança que sempre transpareci em todos os meus poemas, por muito pessimistas que fossem. Era essa ténue esperança que me fazia crer que valia a pena escrever e deixar ler o que escrevia, e foi essa ténue esperança que perdi.

Sempre atribui às palavras uma força capaz de tudo, sempre vivi na utopia de que a forma como interligo as palavras e os versos torna a minha poesia capaz de elevar no leitor sentimentos apenas dele, e sempre julguei que toda a dor que liberto ao escrever me conduziria a algo bom…infelizmente não é assim. E com a poesia e a dor que nela expresso só me deixo envolver ainda mais pela tristeza. No entanto não me queixo. É uma tristeza com que sei e sempre soube viver.

Neste momento questiono-me acerca da verdadeira força do que escrevo.

Quando um gesto, apenas um gesto, consegue traduzir tantas emoções e sentimentos, o que posso eu traduzir em uma dúzia de frases que rimam?

Quando tanta gente esconde o que sente e consegue sorrir e ser feliz de que me serve ser sincero?

Preciso de tempo para voltar a acreditar na poesia e para recuperar a esperança que tenho que ter para escrever. Até lá, até ser capaz de voltar a ser quem era, deixarei de escrever e, consequentemente, de actualizar o “Noites de Utopia”.

Resta-me desejar a todos um Bom Natal e um melhor Ano Novo.

O autor:
Daniel Paiva