22 de janeiro de 2016

À mulher da minha vida #10

Tem-me sido difícil, cada vez mais difícil, escrever-te. Custa-me fazer isto: fechar-me em mim mesmo escrevendo para alguém que não lê as minhas palavras, fechar-me por alguém que provavelmente nunca vai surgir. E sabes o que me tem custado mais? É a noção da minha incapacidade. Sou incapaz de te procurar, de fazer qualquer esforço que me possa colocar no teu caminho. Sou incapaz de acreditar.
 
Tu podes ser uma das dezenas de raparigas com que me cruzo diariamente, podes ser aquela rapariga que me sorriu ocasionalmente, podes ser aquela com que troquei olhares no meio da rua. Posso até já me ter cruzado contigo mais que uma vez, no entanto fui sempre incapaz de fazer algo mais. E por isso deixei-te escapar.
 
E então pergunto-me, em mais uma das tantas desculpas que insisto em procurar para não ser feliz, se estou preparado para te encontrar, quando na verdade ainda nem a mim me encontrei. Pergunto-me se em vez de te escrever estas cartas, não deveria escrever para mim mesmo. Pergunto-me se isto, esta dor que sinto ao te escrever, é mais do que uma maldição à qual estou condenado.
 
E chego à conclusão que tenho que começar de novo. Que tenho que fugir, deixando tudo e todos para trás, e ter um novo início. Mesmo que esse início apenas me conduza a outro e outro, sucessivamente. E concluo que este blogue continua a fazer-me mal… como sempre fez.
 

1 de janeiro de 2016

À mulher de 2015

Ficaste para trás. Mais uma vez. És agora parte do passado, sem nunca sequer teres “sido”. És, novamente, uma memória sem rosto num ano que marcaste. E agora, com o final de 2015, voltas a ser o que foste… mesmo que não o sejas.

É tempo de te agradecer novamente, como tantas vezes tenho feito. Por existires na minha vida, mesmo que não faças parte dela. Por estares a meu lado, mesmo não estando. Ajudaste-me a crescer, a continuar o meu caminho e fizeste com que hoje me possa continuar a sentir orgulhoso da pessoa que sou.

Podes ser uma miragem, não passares de um conceito que acabei por criar numa das noites em que te escrevia sem ainda saber de ti, podes nem ser real. Mas és aquilo que significas. És uma parte de mim e és provavelmente a minha melhor parte.

Mas ficaste para trás. Marcaste 2015 e não vieste comigo para 2016. Sabia que seria assim e não me custa que tenha partido para um novo ano sem ti. Porque sabes, mesmo sendo tanto, tu tinhas que ter ficado para trás. Tinhas que ceder o teu lugar.

Agora é a vez da mulher de 2016 me acompanhar. Ela é como tu: absolutamente perfeita com as suas imperfeições. E tal como tu, ela só existe aqui, no Noites de Utopia. Minto. Ela existe também aqui, no meu peito, onde tu manterás o teu espaço e onde guardarei as recordações nossas que não tenho. Obrigado.