31 de julho de 2010

Carta a um amor secreto n.24

Não entendo como isto atingiu estas proporções. Não entendo como de um momento para o outro te comecei a venerar, como de uma simples atracção nasceu algo tão imenso como aquilo que hoje sinto. E perco a noção das horas quando começo em busca de uma justificação, em busca de alguma coisa que me faça perceber a razão pela qual já te escrevi tanto, a razão pela qual continuo a sonhar contigo, a razão pela qual o meu coração bate mais rápido na tua presença. No entanto tudo faz sentido quando te olho, tudo faz sentido quando recordo o teu olhar, o teu cabelo, o teu sorriso. Tudo faz sentido quando relembro aquilo que infelizmente esqueci.
Gostava que aprendesses a amar-me, mesmo sabendo que não é assim que deve ser. Gostava que quando me olhasses os teus olhos brilhassem. Gostava que lesses tudo o que te escrevi e te desses conta da imensurável dimensão do meu sentimento. Mas isto é apenas mais uma utopia no meu universo de sonhos impossíveis. Sei bem que estou condenado a adormecer lentamente enquanto imagino cenários em que tu te aproximas e me abraças apaixonadamente. Sei bem que todas estas cartas têm apenas um destino: o esquecimento. Sei bem que de ti nunca poderei ter mais do que um gélido “olá” ou um olhar de indiferença. Mas não será por isso que o sentimento que por ti nutro irá desaparecer, nem será por isso que deixarei de acabar cada carta com a esperança de que tu a vais ler e vais sorrir. Afinal, é para isso que eu existo. Poderia eu ter um propósito mais nobre?

30 de julho de 2010

Desconhecida

Nunca a vi, nunca a quis ver,
Era alguém de quem não queria saber,
Nunca lhe sorri, nunca lhe quis sorrir,
Era alguém que não sonhava em ter.

Mas a vida pregou-me uma partida,
Atravessou-a no meu caminho sem eu esperar,
E eu vendo-a assim, perdida,
Não consegui compaixão disfarçar.

Tornei-me alguém que nunca ambicionei,
Esqueci-me de quem era e do que queria,
Tornei-me alguém que sempre recordarei
Como o rapaz que tudo tinha e tudo perdia.

29 de julho de 2010

O Rapaz dos Sonhos Perdidos

Era uma vez um rapaz…

Ele sonhava em ser feliz,
Em ter tudo o que queria,
Em ser tudo o que desejava,
Nada disso teria nem seria,
Era um rapaz, mero aprendiz.

Tinha tantas ambições,
Tantos planos de futuro,
Perdeu tempo com tudo isso,
Esqueceu-se que viver é duro,
Ganhou dores e frustrações.

Desperdiçou a vida a sonhar
Até ao dia em que acordou,
Mas era já tarde demais,
De nada lhe servia lutar…
E foi nesse dia que tudo acabou.

28 de julho de 2010

27 de julho de 2010

Voando


"Agarre-se aos seus sonhos, pois se eles morrerem, a vida será como um pássaro de asa quebrada, incapaz de voar." Langston Hughes

26 de julho de 2010

Carta a um amor secreto n.23

A esperança, aquilo que me fez escrever tantas cartas, aquilo que me fez imaginar tantos cenários, aquilo que me fez acreditar, é hoje apenas um pouco daquilo que em tempos foi. Se antes acordava contigo no pensamento e com um desejo imenso de te ver, se antes acordava com fé de que naquele dia te ia poder dizer um simples “olá”, hoje tudo não passa de uma recordação, embora continue contigo no pensamento a todas as horas, a esperança de que um dia tudo mude e possa finalmente ser feliz, feliz como nunca fui nesta vida, é agora tão pequena que não consigo acreditar nela. No entanto a paixão não desvanece, prova da verdade deste sentimento, prova da sua imensidão.
E fazendo de conta que este é já o fim, um fim que possivelmente nunca chegará, arrependo-me apenas de uma coisa: em todas as cartas, em todos os poemas, em todos os textos, nunca fui capaz de me dirigir a ti sem máscaras, nunca fui capaz de escrever o teu nome e dizer aquilo que sentia. Sei, melhor que ninguém, que de pouco ou nada valeria tê-lo feito, no entanto não evito um sentimento de cobardia da minha parte e não evito também uma dúvida: será que o que sinto por ti não é suficientemente forte para ter a coragem de te o mostrar sem medos? Ou será que o que sinto por ti é demasiado forte para eu arriscar revelar-to?

25 de julho de 2010

Passageiros do Tempo

Navegando pelo tempo sem querer,
Destinados à eternidade de viver,
Eles lutam sem nunca desistir,
Ficam feridos, sabem que têm de sofrer,
Sabem que nada mais podem fazer.

E nunca choram apesar da dor,
Não transparecem o seu sofrimento,
Aquele que sentem com tanto fervor,
Aquele que sentem a todo o momento.

24 de julho de 2010

Promete

Promete-me que nunca me vais esquecer,
Promete-me que tudo o que fiz te marcou,
Promete-me que não mais irás sofrer,
Promete-me que a nossa história não acabou.

Promete-me que um dia vais ler os meus poemas
E vais sorrir por saberes o quanto te amei,
Promete-me que vais guardar todas as minhas cartas
E vais perdoar todas as lágrimas que te provoquei.

Promete-me se é isto que o teu coração sente
E eu prometo-te que estarei aqui eternamente.

23 de julho de 2010

Erros de um passado recente

Certo dia acordei com o sentimento de que devia fazer alguma coisa. Devia fazer alguma coisa verdadeira, alguma coisa com sentido, e não limitar-me a fazer o banal. Nesse dia nem precisei de pensar, soube logo o que tinha a fazer. Foi intuitivo, natural, irreflectido.
Soube nesse dia que podia fazer alguém feliz, mesmo que isso pudesse conduzir à minha insanidade, mesmo que isso fosse contra todos os princípios que sempre segui na minha vida. Ia, pela primeira vez, correr atrás daquilo em que acreditava. Ia, pela primeira vez, mostrar o que sentia sem medos e receios. Ia, pela primeira vez, deixar de lado a racionalidade e guiar-me pelo coração. Comecei uma maratona marcada desde o início pela utopia, mas não foi por isso que deixei de sorrir em cada etapa, acreditando no que fazia.
Ao contrário do que sempre tinha feito, ia partilhar os meus sentimentos com a pessoa pela qual os nutria. De uma forma incomum, é certo. O meu objectivo era tão simples que se tornou demasiado complexo para conseguir viver com ele. Queria apenas mostrar a alguém o quão especial era, sem esperar nada em troca, sem querer nada mais que saber que essa pessoa tinha conhecimento das minhas emoções.
Hoje, depois de tudo isto, sei que cometi um erro. Erro esse que cometeria outra vez, sem hesitar, sem reflectir. Foi um erro que me fez crescer. Foi um erro necessário. Foi um erro suportado e justificado pelo sentimento mais nobre que o Homem pode possuir.

22 de julho de 2010

Cobardia


"Muitos seriam cobardes se tivessem coragem suficiente." Thomas Fuller

21 de julho de 2010

20 de julho de 2010

Sedento de Sangue

O sangue jorra por feridas insaráveis
Criando o pânico a todo o redor,
A multidão grita suja por si mesma,
Todos revelam o seu tamanho terror
Enquanto outros seres sorriem, insaciáveis.

E fortes rios de sangue surgem pela rua,
Destruindo tudo à sua temida passagem,
É o horror criado por ele, à sua imagem,
Por aquele ao qual suplicas, é obra sua.

Mas o derradeiro dia está prestes a chegar,
O dia em que aquele rio encarnado irá secar,
Nesse dia o veneno vai finalmente parar de fluir,
Nesse dia não haverá ninguém, nem para sorrir.

19 de julho de 2010

Carta a um amor secreto n.22

Depois de tantas cartas, de tantos poemas e de tantos textos, parei para pensar naquilo que ficará depois de tudo isto, naquilo que irá ser recordado quando o tempo passar e eu deixar de te escrever como hoje te escrevo. Sabes o que concluí? Devia passar todas essas palavras que já te dirigi para o papel, devia juntar tudo aquilo que escrevi contigo no pensamento e depois, quando sentir que estiver prestes a deixar de fazer parte da tua vida (não que hoje faça), devia chegar ao pé de ti e entregar-te tudo. E se um dia fizer mesmo isto não o farei com esperança que aquela atitude te faça olhar para mim de uma maneira diferente, irei fazê-lo como forma de honrar este sentimento que hoje me consome, como forma de te honrar a ti por tudo o que significas.
E se nesse dia tu me olhares e não quiseres sequer saber, se nesse dia me ignorares e não me deixares cumprir o meu desejo, restar-me-á fazer aquilo que hoje faço: baixar a cabeça e seguir o meu caminho, sabendo que deveria ter feito mais por ti, que deveria ter feito mais para te mostrar o que sinto, que deveria ter feito mais para te fazer sentir que és a mais especial, a mais perfeita, a mais amada. Mas nesse dia, nesse dia será já tarde demais.

18 de julho de 2010

Escrevendo



"À pergunta habitual: Por que é que escreve ?, a resposta do poeta será sempre a mais curta: Para viver melhor." Saint-John Perse

17 de julho de 2010

Olhos Negros

Olho-te procurando algo, talvez um sinal,
Deparo-me com a escuridão do teu olhar,
Tento resistir a esta recém-criada tentação
De fugir apenas para os teus olhos evitar,
Mas acabo por me prostrar aos pés deste mal.

Mal que me consome, mal que me faz desejar-te,
Por tudo aquilo que os teus olhos me transmitem
Ou talvez por tudo aquilo que eles não me revelam,
Por eu sentir que existe algo que esses olhos omitem,
Por eu saber o quão errado é isto, eu amar-te.

Mas esse negro tem este indescritível poder,
Faz-me deixar de ser quem sou, faz-me sonhar,
E eu apenas sonho contigo, em finalmente te ter,
E tu limitas-te a seguir o teu caminho, sem me olhar.

16 de julho de 2010

Histórias de Amor

Sempre esperei que um dia, mais tarde ou mais cedo, se passaria comigo aquilo que acontece frequentemente nos filmes que vejo e nos livros que leio: iria encontrar uma rapariga, iria apaixonar-me por ela, iríamos lutar juntos e por fim ficaríamos lado a lado. Basicamente, sempre esperei que os contos de fadas fictícios pudessem transportar-se para a minha vida e tudo pudesse ser assim tão bonito. E eu sei perfeitamente quão utópico este sonho é, no entanto já fiz muito, talvez até demais, para tentar tornar algo num conto de fadas, algo que nunca o poderá ser. A verdade é que as histórias de encantar, aquelas em que tudo é perfeito, são apenas histórias.

15 de julho de 2010

Insuficiente

Corri atravessando montanhas inultrapassáveis,
Lutei derrotando obstáculos que pareciam inabaláveis,
Gritei e provoquei em mim mesmo dores inimagináveis.

E fiz tudo isto, sem parar, para hoje nada ter,
Nunca conquistei nada daquilo pelo que lutei,
Nunca alcancei nada daquilo pelo que chorei,
Nunca tive nada daquilo com que tanto sonhei.

Foi insuficiente toda a dor e todo o suor que libertei,
Devia ter feito mais, devia ter combatido até à morte,
Talvez assim honrasse aqueles que pelo caminho deixei,
Talvez assim se mudasse a minha invulgar má sorte.

14 de julho de 2010

Alguém que não eu

Ele sorri contente por tudo aquilo que tem,
Ele sorri ao lado daquela que mais ama,
Ele sorri como nunca sorriu ninguém,
Ele sorri com a felicidade que emana.

Ele sonha todos os dias acordado,
Ele consegue tudo aquilo que deseja,
Ele sente-se um ser abençoado,
Ele é aquilo que toda a gente inveja.

Ele escreve como nunca ninguém escreveu,
Escreve poemas com que toca corações,
Ele vive como nunca ninguém viveu,
Vive sendo amado por todas as suas paixões.

Ele é alguém que nunca sequer sofreu
Ele é alguém, alguém que não eu…

1 de julho de 2010

Suores

Fios de suor escorrem pelo meu corpo
Enquanto a minha garganta fica cerrada
Sensações que disfarçam que estou morto
Sensações que recordam a dor passada.

E as lágrimas misturam-se com o suor
Confundindo em mim tantas emoções,
E o ódio cresce atenuando o amor
Enquanto esqueço todas as paixões.

É então que acordo acabando com a ilusão,
É então que abro os olhos e o suor não escorre,
Em vez dele derrama-se sangue das minhas feridas,
Em vez de lágrimas misturam-se memórias perdidas,
O meu corpo, flagelado, teima em resistir, não morre,
E eu sobrevivo demente querendo perder a razão.