16 de junho de 2010

Carta a um amor secreto n.21

Hoje decidi, sem sequer pensar muito no assunto, que te vou escrever. Não da maneira como te escrevo todas as noites. Desta vez não te vou escrever um poema nem uma carta, talvez por achar que não é suficiente para te demonstrar o que sinto. Hoje vou escrever-te uma canção, sim, uma canção. Vou juntar tudo aquilo que já te escrevi, tudo aquilo que já senti, tudo aquilo que tenho “teu” e vou criar algo que vai ter aquela força capaz de revelar ao mundo a imensidão de um sentimento. E mesmo que nunca ninguém, nem sequer tu, venha a ouvir essa melodia, sei que vai ser algo bom para mim, algo que me vai fazer ficar com um sorriso e, mais importante que tudo, algo que vou ter para te recordar sem que para isso tenha de sofrer. Porque é esse o poder da música, pode-nos fazer pensar, mas tem sempre algo que nos faz sorrir, algo que nos parece completar.
E daqui a alguns anos, quando tu seguires o teu caminho e te esqueceres de quem eu sou, vou dar por mim sozinho, contigo no pensamento, com esta música na cabeça e vou pensar que se te a tivesse deixado ouvir, se tivesse coragem para te a mostrar, se calhar tu estarias ali, a meu lado.

15 de junho de 2010

Sentado

Sento-me e tento as palavras encontrar,
Lanço-me nesta corrida dolorosa e fugaz,
Tropeço em falsas perfeições constantes,
Mas continuo a acreditar que sou capaz,
Julgando que no final essas vou achar.

E choro por entre caminhos desajustados,
Grito aos céus por compaixão, em vão,
Sangro pelas feridas do meu corpo,
Aflijo-me com o estado do meu coração,
Esse outrora saudável, hoje com dias contados.

No final percebo que essas palavras não achei,
Entendo que toda esta busca foi sem sentido,
No entanto amanhã repito, sentar-me-ei,
Crendo no quão único poderia ter sido
E tendo a certeza de que único nunca serei.

7 de junho de 2010

Carta a um amor secreto n.20

Parece que foi ontem que tudo aconteceu, parece que foi ontem que te tive aqui, junto a mim, parece que foi ontem que alcancei um sonho que me parecia impossível. Mas já lá vão tantos dias e eu, ingénuo como sempre, acreditei que com o passar do tempo deixaria de pensar em ti, deixaria de te ver como aquela dos meus poemas, aquela de tamanhos dilemas. Mas o sonho continua e desperta a cada vez que te olho, desperta a cada encontro que tanto tento evitar, desperta a cada memória dos sorrisos que já me provocaste. E se isto não é amor, se isto que me invade não é aquilo que eu penso ser, deverá desaparecer com a tua ausência. No entanto não me imagino a escrever, daqui a muitos dias, depois de sofrer com a tua ausência, que tu não passaste de uma paixão momentânea. E talvez fosse melhor assim, talvez fosse melhor que eu me surpreendesse a mim próprio e percebesse que o que sinto, aquilo que me faz escrever estas palavras, não é amor.
E recordo-me tão bem daquela noite em que tudo parecia bem, daquela noite com tanta verdade, com tanta sinceridade, com tanta…felicidade. Recordo-me do teu sorriso, dos teus cabelos, dos teus gestos, das tuas palavras. E recordo-me, incrivelmente bem, do teu olhar. Esse que me fez cair a teus pés, esse que tem o poder de me deixar sem palavras, esse que naquela noite senti como meu.