“Talvez seja
tempo de voltar a sofrer”, pensei. Mas depois, passados breves instantes,
apercebi-me que talvez nunca devesse ter parado de sofrer, isso sim. Foi então,
que logo de seguida, concluí que não tinha parado, nunca tinha parado. Sofria,
desde a primeira memória, desde o primeiro instante, mesmo que me tivesse
habituado de tal forma à dor que acabei por me esquecer dela. Até agora…
A dor sobre que escrevo, esta dor sufocante que me aperta o peito e me faz tremer as mãos à medida que redijo estas palavras, é minha, é total e inequivocamente minha. É minha no sentir, é minha nas razões que a suportam, é minha nas lágrimas que me poderiam assolar a face. Não choro. Aprendi a suportar, a fazer-me forte, a aguentá-las dentro de mim.
A dor sobre que escrevo, esta dor sufocante que me aperta o peito e me faz tremer as mãos à medida que redijo estas palavras, é minha, é total e inequivocamente minha. É minha no sentir, é minha nas razões que a suportam, é minha nas lágrimas que me poderiam assolar a face. Não choro. Aprendi a suportar, a fazer-me forte, a aguentá-las dentro de mim.
Já acreditei que gostava disto, desta dor. Acreditei que precisava disto para escrever. E talvez precise. Talvez seja a isto que estou destinado: a ver a felicidade, quase senti-la e acabar destroçado. “Talvez seja melhor assim”, tento convencer-me. Mas como pode ser melhor? Não pode.
Recordo-me do eu
que existiu em tempos idos. Será que ele aguentaria como este eu agora aguenta?
Não creio. E isso faz-me sorrir, um sorriso triste, mas um sorriso. Cresci.
Será que este crescimento justifica toda a dor? “Tenho que encontrar uma qualquer
justificação para isto, para esta dor. Não pode ser apenas dor…” E não é. Não é
apenas dor. É vida…