28 de março de 2015

O que mais mata

Há doenças que nos matam, que nos consomem o corpo e nos deixam os olhos em lágrimas. Doenças que não nos deixam descansar, que não nos dão tréguas, que nos obrigam a desistir de lutar. E mais que essas doenças que nos atacam o corpo, existem aquelas que nos atacam onde mais dói.

A depressão é uma das mais impiedosas doenças dos dias de hoje. Não é, como muitos pensam, uma doença que ataca “maluquinhos” ou uma doença fantasma. É uma doença tão séria quanto um cancro, tão séria quanto todas aquelas que nos matam.

Pode não nos atacar os órgãos nem se revelar em dores físicas, mas aquilo que se sente (ou não se sente) é brutal. O mundo desaba à tua volta, as lágrimas estão sempre prontas a escorrer e por mais pessoas que tenhas à tua volta, estás sempre sozinho. Nada faz sentido, nada vale a pena. Podes lutar para segurar as lágrimas, mas mais cedo do que tarde irás perder a capacidade de impedir que elas escorram. E quando elas escorrerem, pelo menos na primeira vez em que não as evitares, chegarás a um estado tão mas tão indescritivelmente vazio que uma parte de ti ficará lá.


E sabes aquela coisa do “tens de ser forte e lutar!”? Nem sempre a luta é a resposta, nem sempre tens que ser mais forte. A vida dá-te tantas opções. Podes simplesmente ganhar coragem (e não me digas que não consegues, porque para ter coragem basta parares de pensar por instantes) e fugir. Sim, fugir. Virar as costas àquilo que te está a matar, àquilo que te está a consumir e a fazer chorar, e fugir para longe. Porque sabes, a depressão muda-te como poucas coisas o podem fazer. Só tens que fazer com que te mude para melhor! 

24 de março de 2015

Suspiros

Queria chegar ao pé de ti e beijar-te
Como nunca ninguém foi capaz de fazer,
Queria chegar ao pé de ti e abraçar-te,
Docemente, sem nada ter a temer,
Queria chegar ao pé de ti e amar-te
Até que deixasses de me querer.

Queria revelar-te os meus sonhos e medos,
Queria ter-te aqui a meu lado enquanto escrevo,
Queria revelar-te todos os meus segredos,
Queria viver sendo simplesmente teu servo.

Mas em vez disso largo estes suspiros inaudíveis,
Escondo-me para não ter que te enfrentar,
Choro na escuridão, lágrimas tão insofríveis,
E fecho os olhos para não ter que te olhar.

22 de março de 2015

Quando chorares, abraça

Há poucas coisas neste mundo, se é que há alguma, que possam valer tanto quanto um abraço, um mero e simples abraço. Abraçar é estar ali, indefeso, nos braços de alguém que indefeso está. É confiar, é fechar os olhos e apertar o corpo que temos como prolongamento do nosso, é parar o relógio e sentir, apenas isso, sentir.

Os abraços não deviam poder ser curtos, porque a magia está no abraço demorado. A magia está naquele abraço que dura 1 minuto e parece demorar uma hora, porque naquele minuto houve tanto, mas tanto. Naquele minuto os problemas desapareceram, as preocupações não existiam e a vida ficou “limitada” àquilo, àquele abraço.

E depois de tudo isto, tenho um pedido a fazer-te. Sim, a ti que estás desse lado a ler-me. A ti que posso ou não conhecer. A vida irá, invariavelmente, tentar fazer-te chorar. Tu vais ser forte e resistir, mas possivelmente chegarás a um momento em que não vais aguentar e vais chorar. Nesse momento, quando estiveres com a face afogada em lágrimas, peço-te que abraces.

Abraça quem amas, abraça quem conheces, abraça desconhecidos. Abraça. Como se não houvesse amanhã, como se a tua vida dependesse disso. E quando parares de chorar porque os ombros de quem abraçaste absorveram as tuas lágrimas, não pares. Porque a vida tentará também fazer chorar quem te rodeia, e aí será a tua vez de disponibilizares ombros para absorverem lágrimas.

E se puderes, mesmo que eu esteja do outro lado da Europa, abraça-me. Se for preciso faz 3000km só mesmo para isso, para me abraçar. Eu prometo-te que estarei aqui, de braços abertos, pronto a parar o tempo por ti, por mim.

20 de março de 2015

A ti, por te ter chorado

Agradeço-te hoje, muito tempo depois da razão que me leva a fazê-lo. Mas não é tarde, nunca o é. Agradeço-te… por te ter chorado. Pelas lágrimas, pelo desespero e pela desolação que me provocaste. Pelas incontáveis vezes em que quis odiar-te e em que me dei conta da impossibilidade de o fazer. Por todas as noites em que adormeci contigo no pensamento.

Agradeço-te também pelas noites em que não adormeci. Pelos dias em que não tive vontade de viver por não te ter a meu lado. Por todos os segundos em que me culpei por não te merecer. Agradeço-te por me teres, inadvertidamente, conduzido ao estado mais auto-destrutivo que já vivi. Por me teres feito sentir perdido e abandonado. Por me teres feito deixar de me sentir a mim mesmo.

Amei-te. Da forma como todo o homem devia amar. Amei-te acima de tudo e todos. E foi um amor tão puro, tão cru, tão imensurável. Eras o meu mundo. Eras tudo o que eu desejava, eras tudo o que eu poderia sonhar. E eu amei-te… e vou amar-te sempre.

Por isso agradeço-te, por não só teres entrado na minha vida como te teres tornado nela. Agradeço-te pelos sorrisos que me provocaste, pelos suspiros apaixonados que me fizeste libertar, pelo tanto que me fizeste sonhar. Agradeço-te por me teres olhado, por me teres dado a oportunidade de te ter junto a mim, por me envolveres no teu abraço.

Guardarei todas as memórias e recordá-las-ei com um sorriso. E sei que tu, mesmo não me amando nem me querendo a teu lado, irás guardá-las e recordá-las da mesma forma. Porque uma história de amor não precisa do “viveram felizes para sempre” para ter um final feliz. Mudaste a minha vida, como nunca ninguém havia feito, e mudaste-a para melhor. Por isso… agradeço-te!

19 de março de 2015

Quando nos encontrarmos

Um dia, não sei se daqui a um ou dez anos, sei que te vou encontrar. Aliás, sei que nos vamos encontrar. Por saber que o destino te tem para mim como me tem para ti. Por saber que tudo está inexplicavelmente planeado por algo maior que nós, algo muito maior. E provavelmente tu vais ler estas palavras, vais ler as que escrevi antes e as que ainda vou escrever. Vais conhecer-me melhor através disto, vais perceber o quão complexo fui e o quanto mudei… e vais amar-me.

E eu vou amar-te também, na mesma medida do teu amor, nessa medida imensurável que nos vai unir e não nos vai deixar afastar. Quando isso acontecer, quando finalmente nos tivermos, tudo fará sentido. As lágrimas que eu chorei e as que sei que tu choraste, o que sofreste e o que eu sofri, tudo será parte da vida que tínhamos antes de nos termos.

Sabes, eu já te amo agora, mesmo sem saber quem és. Amo-te por saber que te vou amar, por saber que vais aparecer na minha vida, por me vires provar que o amor existe mesmo. Amo-te e prometo que te o vou mostrar todos os dias, prometo que o vais sentir a cada olhar, a cada toque, a cada palavra. Prometo que mesmo tendo-te, te vou conquistar. Prometo que te vou fazer sentir a mulher mais feliz do mundo e quando sentires que o és, te vou mostrar que podes ser ainda mais feliz.

Vou-te fazer sorrir. Aliás, fazer-te sorrir será a minha maior missão. E por cada sorriso perfeito com que me presenteares (sim, porque eu sei que o teu sorriso será perfeito), eu sentir-me-ei mais vivo. Vou ser parvo muitas vezes, provavelmente vou até abusar e ser demasiado parvo. Peço-te que tenhas paciência. Quando te fartares das minhas parvoíces vais virar-me os olhos e eu vou-me desculpar. Não vou fazer birras nem vamos ficar chateados durante horas. Porque eu te amo e tu me amas. Não faz sentido perdermos tempo não sendo felizes.

Aviso-te também, se ainda não leste o que escrevi antes e o que escrevi depois, que tive outros amores. Amei-as de todo o coração e fui feliz. Escrevi-lhes as palavras mais sinceras, mais puras e mais verdadeiras. No entanto, a partir do momento em que te tiver, o meu coração será teu. Eu serei teu. Em toda a dimensão do meu ser.

Não te peço que apareças amanhã nem na próxima semana. Sei que quando for, será. E será perfeito. Aliás, não sei sequer se não apareceste já. Seja como for, espero que quando leres estas palavras sorrias, como eu sorrio neste momento em que as escrevo. Porque este sorriso, a felicidade que sinto neste preciso instante, é graças a ti. Por saber que um dia lerás isto, por saber que a mulher que mais amo neste mundo está aí, a ler-me. Até já.

18 de março de 2015

Amor demais

Tudo o que é demais faz mal. Tudo, menos o amor. Porque o amor não faz parte do ‘tudo’, o amor é ‘tudo’. E como o amor é tudo, o amor tem que ser demais. Se não o for é porque não é amor, é porque é uma ilusão de amor, algo que parece ser o que não é. O amor, o único que existe, o verdadeiro amor, é demais. É sufocante. É impertinente. É incontrolável. Não tem limites, não tem barreiras, não é sequer quantificável.

E o amor não se escreve. Concluí isso agora, depois de escrever centenas de poemas, textos e cartas sobre o amor. O amor vive-se, sente-se, respira-se. Mas não se escreve. E sabes aquele ditado de que “uma imagem vale mais que mil palavras?” Até poderá, ocasionalmente, ser verdade. Mas quanto ao amor, nem mil imagens valem mais do que o “tudo”.

Este “tudo” que já me fez escrever tanto, que já me fez chorar e rir, que já me fez sentir o homem mais feliz e mais amaldiçoado deste mundo… este “tudo” era em tempos tão complexo para mim e agora é tão estupidamente simples. Sim, porque o amor é a coisa mais simples do universo. Porque quando é amor, não há “ses” nem “mas”, não há nada em que pensar a não ser nos beijos, nos abraços, nas carícias, nos sorrisos e naquela total pertença. Pelo menos, quando o amor é o “tudo” como deve ser.

10 de março de 2015

Tudo é sofrer

A vida traz-nos todos os dias a possibilidade de crescer, de aprender algo e de passar ao próximo nível da nossa existência. Não precisamos de esperar por essa possibilidade, nem sequer nos podemos preparar para ela. Simplesmente tudo acontece, como se no fim tudo se tratasse de um guião complexo cheio de enredos impossíveis de decifrar a priori.

A vida é, dei-me conta hoje, sofrer. A essência disto, disto que nós tendemos a valorizar e a colocar acima de tudo o resto, é mesmo sofrer. Seja por isto, seja por aquilo, nunca ninguém será alguém se não tiver sofrido, porque o sofrimento está-nos no sangue, está de tal forma aliado àquilo que é viver que nem faz sentido tentar criar uma separação entre ambos.

E o maior exemplo disto é a morte. Mesmo quando esta coisa que faz bater o nosso coração - a vida -, se for, o sofrimento ficará. Não em nós, é certo, mas naqueles que nos amam. Seremos então, depois de mortos, a verdadeira razão para os que cá ficam viverem: seremos o seu sofrimento.

Sim, temos felicidade, temos amor, temos paixão, temos tantos sentimentos. Mas não giram todos eles em torno do conceito de sofrer? Mesmo a felicidade, isso que tantos procuram, mais não é que o não sofrer. É a pausa na dor, nas lágrimas, no sentir que nada está bem e na incompreensão da nossa existência. E mesmo essa, a felicidade, um dia terá um fim. Já o sofrimento, esse ficará, passará de geração em geração, de milhares em milhares de anos, e será sempre aquilo que nos faz realmente humanos.