Há doenças que nos matam, que nos consomem o corpo e nos deixam os olhos
em lágrimas. Doenças que não nos deixam descansar, que não nos dão tréguas, que
nos obrigam a desistir de lutar. E mais que essas doenças que nos atacam o
corpo, existem aquelas que nos atacam onde mais dói.
A depressão é uma das mais impiedosas doenças dos dias de hoje. Não é,
como muitos pensam, uma doença que ataca “maluquinhos” ou uma doença fantasma.
É uma doença tão séria quanto um cancro, tão séria quanto todas aquelas que nos
matam.
Pode não nos atacar os órgãos nem se revelar em dores físicas, mas
aquilo que se sente (ou não se sente) é brutal. O mundo desaba à tua volta, as
lágrimas estão sempre prontas a escorrer e por mais pessoas que tenhas à tua
volta, estás sempre sozinho. Nada faz sentido, nada vale a pena. Podes lutar
para segurar as lágrimas, mas mais cedo do que tarde irás perder a capacidade
de impedir que elas escorram. E quando elas escorrerem, pelo menos na primeira
vez em que não as evitares, chegarás a um estado tão mas tão indescritivelmente
vazio que uma parte de ti ficará lá.
E sabes aquela coisa do “tens de ser forte e lutar!”? Nem sempre a luta
é a resposta, nem sempre tens que ser mais forte. A vida dá-te tantas opções.
Podes simplesmente ganhar coragem (e não me digas que não consegues, porque para
ter coragem basta parares de pensar por instantes) e fugir. Sim, fugir. Virar
as costas àquilo que te está a matar, àquilo que te está a consumir e a fazer
chorar, e fugir para longe. Porque sabes, a depressão muda-te como poucas
coisas o podem fazer. Só tens que fazer com que te mude para melhor!