10 de março de 2015

Tudo é sofrer

A vida traz-nos todos os dias a possibilidade de crescer, de aprender algo e de passar ao próximo nível da nossa existência. Não precisamos de esperar por essa possibilidade, nem sequer nos podemos preparar para ela. Simplesmente tudo acontece, como se no fim tudo se tratasse de um guião complexo cheio de enredos impossíveis de decifrar a priori.

A vida é, dei-me conta hoje, sofrer. A essência disto, disto que nós tendemos a valorizar e a colocar acima de tudo o resto, é mesmo sofrer. Seja por isto, seja por aquilo, nunca ninguém será alguém se não tiver sofrido, porque o sofrimento está-nos no sangue, está de tal forma aliado àquilo que é viver que nem faz sentido tentar criar uma separação entre ambos.

E o maior exemplo disto é a morte. Mesmo quando esta coisa que faz bater o nosso coração - a vida -, se for, o sofrimento ficará. Não em nós, é certo, mas naqueles que nos amam. Seremos então, depois de mortos, a verdadeira razão para os que cá ficam viverem: seremos o seu sofrimento.

Sim, temos felicidade, temos amor, temos paixão, temos tantos sentimentos. Mas não giram todos eles em torno do conceito de sofrer? Mesmo a felicidade, isso que tantos procuram, mais não é que o não sofrer. É a pausa na dor, nas lágrimas, no sentir que nada está bem e na incompreensão da nossa existência. E mesmo essa, a felicidade, um dia terá um fim. Já o sofrimento, esse ficará, passará de geração em geração, de milhares em milhares de anos, e será sempre aquilo que nos faz realmente humanos.

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