Longe vão os
tempos em que para escrever, não precisava de pensar. As palavras saíam,
simplesmente, fluídas e irrefletidas, construindo as cartas, os poemas e os
textos que por tanto tempo alimentaram este blogue. Agora é diferente, agora
sou diferente.
Lembro-me bem,
naqueles tempos em que escrevia todas as noites, de estar em sofrimento até
acabar um texto, de sorrir aquando do último ponto e de pensar: “Isto vai mudar
alguma coisa, tenho a certeza que vai!”. No final, obviamente que tudo ficava
na mesma até ao próximo texto, até à próxima dose de sofrimento concentrado e
atroz que me consumia de cada vez que escrevia.
Mas eu
acreditava, oh se acreditava, que podia mudar alguma coisa. Acreditava, quando
escrevia para alguém, que essa pessoa iria ler e perceber o quanto eu a amava.
Acreditava que do outro lado estava alguém à espera das minhas palavras, alguém
para quem elas significavam algo.
E tudo isto é só
mais um indicativo do quão sonhador fui e do quanto isso condicionou a minha
vida. Posso ter perdido dezenas de oportunidades para ser feliz, mas tenho a
certeza que todas essas oportunidades me fizeram chegar onde estou hoje. E sou
melhor agora… e vou ser melhor amanhã. E tudo aquilo em que potencialmente me
vier a tornar será um pouco (ou um muito?) de cada lágrima que escorreu pela
minha face. Ainda bem que todas aquelas lágrimas escorreram!