29 de maio de 2010

Carta a um amor secreto n.19

Os dias continuam a passar sem eu sequer me dar conta disso. Já lá vai o tempo em que sabia em que dia estava, já lá vai o tempo em que os dias tinham alguma importância para mim. Hoje, se os pudesse evitar, se pudesse apagar os dias, era o que faria sem hesitar. Viveria na escuridão, sozinho, consumido por reflexões sem sentido, consumido por sonhos utópicos, consumido por mim mesmo. Mas talvez eu já viva assim afinal. Porque nos dias, nesses que se sucedem sem parar, eu não vivo. Limito-me a esperar que a noite chegue.
E tu, que outrora deste significado aos meus dias e me fizeste não desejar a escuridão, não passas agora de uma memória, alguém que me mudou a vida, alguém que me fez ambicionar ainda mais a noite, se é que isso é possível. Por tua culpa os dias ficaram mais longos, as lágrimas tornaram-se mais frequentes, as palavras ficaram intermitentes. Por tua culpa o meu sorriso gelou, a minha fé abateu-se, os meus poemas perderam a única coisa que fazia deles diferentes, a esperança sincera na felicidade. E embora tu tenhas todas estas culpas, o culpado sou eu... Por acreditar.
Para sempre ficará a história, suportada por palavras cravadas em folhas amarelecidas pelos dias, esses que eu tanto gostava de conseguir evitar.

25 de maio de 2010

20 de maio de 2010

Ingratidões

Fiz tanto que não posso aguentar mais,
Lutei demasiado, foi o erro que cometi,
Acreditei momentaneamente na felicidade,
Quis mostrar-te tudo o que por ti senti,
Foram desejos inevitáveis, desejos fatais.

Hoje choro por tudo aquilo que fiz,
Por tudo o que teimei em te entregar,
Hoje choro por tudo aquilo que nunca quis,
Não ser ninguém para ti, nada significar.

Mas sorrio por saber que te marquei,
Por saber que o que te fiz foi algo diferente,
E embora a nada de bom tenha conduzido,
Sei que mesmo não fazendo parte do teu presente
Serei aquele que no passado te amou, sempre serei.

19 de maio de 2010

Queria, tanto eu queria

Queria ser capaz de escrever alguma coisa que nunca tenha escrito, ser capaz de transmitir emoções que nunca tenha transmitido, ser capaz de marcar a diferença. Queria escrever-te um poema que te fizesse ficar com as lágrimas nos olhos, um poema que te deixasse pensativa, um poema que nunca poderias esquecer. Queria dizer tudo o que sinto numa carta com uma dúzia de linhas, revelar a força daquilo que me consome, mostrar-te que tu és especial, és única, és inesquecível. E queria escrever frases que tu guardasses para sempre, frases sobre o amor, sobre a paixão, sobre ti.
No entanto, e embora eu deseje muito tudo isto, sei que nem sempre existem palavras que possam traduzir a realidade, sendo que a realidade em que hoje vivo, esta que enfrento todos os dias, é demasiadamente irreal e indescritível para poder transcrevê-la. Mas um dia, talvez amanhã, sei que vou ser capaz de escrever aquele poema que te vai fazer chorar enquanto sorris, aquele poema que vais recordar para sempre como sendo a prova de que foste amada, tal como sempre sonhaste.

16 de maio de 2010

Coragem vs Cobardia


"Apoiada, a coragem nasce até mesmo naqueles que são muito covardes".
"Ilíada" de Homero

15 de maio de 2010

Anomalias

Palavras ocupam espaços que lhes não pertencem,
Frases compõem realidades demasiado enigmáticas,
Tudo parece trocado num mundo de contradições,
Formam-se destinos baseados em fórmulas matemáticas
E tudo é feito para que todos os sorrisos cessem.

Nada está certo e ninguém luta por tudo corrigir,
Marca-se assim uma eternidade feita de imprecisões,
Cria-se um erro repleto de tamanhas repercussões
Que acabam com toda a importância do sentir.

São anomalias que cada vez mais me corrompem,
Viroses sistemáticas que deturpam a verdade,
São anomalias que por corações irrompem,
Falhas sucessivas que conduzem à futilidade.

14 de maio de 2010

Promessas

Prometi-te um mundo melhor
Prometi-te uma felicidade diferente
Prometi acabar-te com a dor
Prometi tanto…utopicamente.

Foram promessas que disso não passaram,
Não as cumpri, não o podia fazer,
Foram promessas que em lágrimas se tornaram,
Não as cumpri e acabei assim, a sofrer.

E para sempre os remorsos ficarão,
Ficará a mágoa de te ter desiludido,
E os sonhos contigo continuarão
Assim como eu continuarei, perdido.

13 de maio de 2010

Brinquedo inocente

As garras dela pegam-lhe sem o largar,
O seu olhar aprisiona-o dentro da utopia,
Ela, repugnante criatura maldosa e infiel,
Escolheu-o a ele como objecto de cobardia
E ele nada pode fazer para se soltar.

Ladra imperdoável roubou-lhe a liberdade,
Tirou-lhe tudo o que ele tinha, até a personalidade,
E tudo para lhe dar o quê? Princípios de falsidade.
E logo a ele, outrora detentor de tanta bondade.

Ele rasteja rasgando a pele para a satisfazer
E o sangue escorre pelo seu corpo flagelado,´
Ela sorri ciente de que ninguém a pode deter
E uma alma pura perde-se, ele morre abandonado.

12 de maio de 2010

Carta a um amor secreto n.18

Queria morrer de amor. Sim eu sei, é uma frase muito forte para começar uma carta, mas é a mais pura das verdades. E concluí isso hoje, ao olhar para ti, ao ouvir a tua voz, ao admirar a tua perfeição. Concluí que nada nesta vida pode algum dia significar mais do que aquilo que tu significas, por seres única, por à tua volta existir uma espécie de aura que te diviniza e me faz olhar para ti como se estivesse perante um anjo. E talvez seja por isso, por seres tanto e eu ser tão pouco, que não posso ambicionar um futuro a teu lado. E talvez eu seja apenas mais um a juntar aos tantos que já se apaixonaram por ti e se viram assim, como eu estou agora, lavado em lágrimas por não conseguir lutar contra a força do que sinto.
Mas hoje decidi que não quero lutar, mesmo que algum dia tenha essa possibilidade, não quero lutar contra algo tão imenso, algum tão forte, algo tão inacreditável. Prefiro ditar a minha sentença e morrer, matando-me aos poucos, matando-me a cada palavra que te escrevo, matando-me a cada sonho em que tu surges. E nesta minha morte vou caminhar com um sorriso, por saber que toda a dor, todos os gritos, todas as feridas, são para te honrar, são para te mostrar que tu, sim tu, és aquela pela qual estou disposto a morrer, morrer de amor.

11 de maio de 2010

Mulheres que correm com os lobos

Hoje trago-vos mais um anúncio publicitário. Espero que gostem.

10 de maio de 2010

São lágrimas


"Uma vontade de chorar sorrindo,
Uma vontade de sorrir chorando." 
J. G. de Araújo Jorge

9 de maio de 2010

Caixão de loucura

O teu corpo encaminha a minha mão
Pelos recantos que formam a perfeição
Criando em mim esta indescritível sensação
Alimentando a esperança do meu coração.

E tornamo-nos um só no silêncio da escuridão
Formamos um “nós” preenchido de paixão
Tudo graças aos estranhos desígnios da atracção
Os mesmos desígnios que levaram à perversão
Levaram ao amor sem qualquer tipo de restrição
Levaram a que fosses minha sem nenhuma submissão
E fizeram com que abandonássemos a solidão.

E assim dei por concluída a minha enorme missão
A de te fazer revelar o teu sorriso sem comparação,
E assim acordo destruindo toda esta ilusão
Deitando-me eternamente no meu caixão,
Sabendo que te marquei, minha maior devoção.

8 de maio de 2010

Talvez

Amas-me sem saberes, sem disso teres noção,
Queres-me sem quereres, é a tua maldição,
Desejas-me sem te aperceberes, coisas do coração,
Tens-me sem me teres, pura contradição.

Em mim encontras tudo o que sempre procuraste,
Atinges aquela felicidade que sempre te fugiu,
Em mim está tudo aquilo que sempre amaste
Por eu ser aquele, o único, que nunca fingiu,
Por te fazer esquecer tudo aquilo que já choraste,
Por ser tudo o que alguma vez o teu coração pediu.

E talvez tudo isto não passe de uma mera utopia,
Certamente o será, mas queria nela acreditar,
E talvez tudo isto se torne realidade, tanto eu queria,
Fazendo com que eu deixe finalmente de sonhar.

7 de maio de 2010

Carta a um amor secreto n.17

Falhei. E não foi só uma vez, foram muitas, talvez demais. Por ser daquelas pessoas que mesmo fazendo o máximo por não cometer erros acaba por fazê-los e por sentir as consequências, por ser daquelas pessoas que acredita que tudo acontece por alguma razão, por ser daquelas pessoas que mesmo quando lhe acontece o pior consegue sorrir e pensar: “ainda bem que assim foi”. E para além de ser uma dessas pessoas sou ainda uma daquelas que acredita, por mais que a vida mostre o contrário, que a felicidade está ali, mesmo ao virar da esquina. Talvez esteja, e talvez apenas ainda não a tenha alcançado por cometer falhas atrás de falhas, por cair na realidade e no momento a seguir viajar para o mundo da fantasia em que o impossível se torna uma possibilidade. Porque a minha vida é isso, um balançar entre a realidade e a fantasia, um balançar entre a crença e a desilusão, um balançar entre o ódio e a paixão.
Mas sabes o que me custa mais, aquilo que me faz ter ainda mais remorsos por ter falhado? É que falhei contigo. Não uma nem duas vezes. E o pior de tudo é que falhei sem querer falhar, falhei por ser daquelas pessoas, daquelas de que falei acima. É que por vezes temos que errar, temos que fazer algo que sabemos que não é o mais acertado, temos que fazer algo que sabemos que nos vai fazer sonhar ainda mais com o impossível. E há quem consiga fazer isso…mas eu não faço parte dessas pessoas.

5 de maio de 2010

Sorris

Sorris,
E sorrindo revelas a perfeição,
Mostras tudo aquilo que realmente és,
Realças-te entre tamanha multidão.

Sorris,
E sorrindo alimentas o meu coração,
Provocas palavras que constroem poemas,
Provas o porquê de tanta paixão.

Sorris,
E sorrindo fazes-me feliz
Mesmo que para mim não sorrias,
Porque o teu sorriso transparece tudo,
Tudo aquilo que sempre quis.

4 de maio de 2010

Julgamento

Numa sala de olhares acusadores
Sou observado sem cessar
E são eles, meros fingidores,
São eles que me ousam julgar,
São aqueles que se acham senhores
Esses que apenas sabem falar,
São esses, tamanhos traidores,
Aqueles que comigo vão acabar.

Inevitável destino era este,
O de terminar a ser aqui julgado
Pelo que nunca fui capaz de fazer,
Eu que sempre fui acobardado
Pela incontrolável força do temer.

E hoje é lida a minha sentença,
E para que a dor seja ainda mais imensa
Cá estou eu, essencial e frouxa presença.

3 de maio de 2010

Carta a um amor secreto n.16

Hoje vou adormecer contigo no pensamento, não que não o faça em todas as outras noites, no entanto hoje vou fazê-lo ainda com mais fé de que te vou encontrar no mundo dos sonhos, porque hoje, estranhamente, estou feliz. Sem saber o porquê, sem saber quanto tempo esta felicidade irá durar. E são dias raros estes, em que sorrio sem pensar na dor de não te ter a meu lado, em que sorrio sem relembrar os meus erros constantes e a minha demasiada ignorância naquilo que ao “amor” diz respeito. “Amor” porque já não sou capaz de ver neste “sentimento” algo que me faça acreditar na “sua” existência. E talvez seja por isso, pelo desabar da minha esperança no “amor”, que hoje estou feliz. E certamente será por isto, por não me importar sobre tudo aquilo que ao “amor” diz respeito, que hoje vou conseguir sonhar contigo, vou poder abraçar-te e beijar-te a meu bel-prazer, sem que nada possa colocar em causa a minha felicidade, porque se eu não te amasse como te amo, se não visse em ti o meu mundo, eu seria feliz. Quer dizer, talvez o seja contigo, embora não te tenha, talvez a minha felicidade seja apenas isto: sonhar com um lugar a teu lado.