29 de maio de 2010

Carta a um amor secreto n.19

Os dias continuam a passar sem eu sequer me dar conta disso. Já lá vai o tempo em que sabia em que dia estava, já lá vai o tempo em que os dias tinham alguma importância para mim. Hoje, se os pudesse evitar, se pudesse apagar os dias, era o que faria sem hesitar. Viveria na escuridão, sozinho, consumido por reflexões sem sentido, consumido por sonhos utópicos, consumido por mim mesmo. Mas talvez eu já viva assim afinal. Porque nos dias, nesses que se sucedem sem parar, eu não vivo. Limito-me a esperar que a noite chegue.
E tu, que outrora deste significado aos meus dias e me fizeste não desejar a escuridão, não passas agora de uma memória, alguém que me mudou a vida, alguém que me fez ambicionar ainda mais a noite, se é que isso é possível. Por tua culpa os dias ficaram mais longos, as lágrimas tornaram-se mais frequentes, as palavras ficaram intermitentes. Por tua culpa o meu sorriso gelou, a minha fé abateu-se, os meus poemas perderam a única coisa que fazia deles diferentes, a esperança sincera na felicidade. E embora tu tenhas todas estas culpas, o culpado sou eu... Por acreditar.
Para sempre ficará a história, suportada por palavras cravadas em folhas amarelecidas pelos dias, esses que eu tanto gostava de conseguir evitar.

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