30 de setembro de 2010

Estranha

Precisei de amar com todo o meu ser,
Precisei de alguém para quem escrever,
Precisei de alguém por quem sofrer.

E foi então que uma estranha surgiu,
Não sei como ela era, nunca lhe conheci feições,
Apenas sei que ela foi a resposta às minhas preces,
Veio acabar com as minhas constantes indecisões,
Veio completar o poema de que o poeta desistiu.

Essa estranha rapariga de quem não tenho recordação,
Acabou por desaparecer sem sequer avisar,
Mas a verdade é que cumpriu a sua missão,
E ao na minha insignificante vida entrar
Ressuscitou um “eu” adormecido, ressuscitou um coração.

A ela, estranha ignorante da sua dimensão
Fica um “obrigado” daquele que está condenado à solidão.

29 de setembro de 2010

Carta a um Amor Secreto n.3

Com o mesmo poder com que te criei e fiz de ti a mais perfeita de todas as criaturas, hoje destruo-te. Destruo aquilo que tu nunca foste, aquilo que inventei para conseguir sonhar, para conseguir adormecer, para conseguir acordar. E não te guardo rancor…não tenho sequer motivos para isso. Iluminaste as minhas noites escuras e fizeste-me acreditar no impossível. Só tenho que te agradecer, agradecer-te pelo que nunca fizeste, agradecer-te por não nutrires por mim qualquer sentimento. Sim, porque eu seria incapaz de algum dia te fazer feliz, sou demasiado imperfeito para tal…e se pudesse mudar por ti, se pudesse deixar de ser quem sou e ser outro alguém que tu pudesses vir a amar…eu não o faria. Nunca o teu amor poderia atingir a grandeza que o meu possui.
Escrevi-te muitas cartas, talvez demasiadas, para te provar aquilo que sentia. Hoje tenho total certeza que fiz tudo para to mostrar e sinto que cumpri a minha missão. Fiz-te sentir especial, não tenho qualquer dúvida disso, e só por esse facto valeu a pena derramar as lágrimas que derramei. Nunca me agradecerás, sei-o bem, mas valeu a pena, por saber que um dia sorriste por leres o que te escrevia, por um dia te teres sentido honrada.

28 de setembro de 2010

Felicidade

"A melhor maneira de ser feliz é contribuir para a felicidade dos outros." Robert Baden-Powell

27 de setembro de 2010

Sintomas de Amor

Quando é que temos a certeza de que estamos apaixonados? Por diversas vezes já coloquei a mim próprio esta questão, não muitas seja dita a verdade, no entanto foram suficientes para perceber a resposta. O amor é equiparável a uma doença, consome-nos, enfraquece-nos, exerce uma força sobre nós que nem sempre conseguimos suplantar, e como qualquer doença o amor tem sintomas. Quando nos apaixonamos verdadeiramente, há um momento em que acontece algo, não é um instante, é algo que demora mais do que uns simples minutos: começamos a “respirar” a pessoa que amamos. E isto não é uma simples metáfora. A verdade é que quando amamos a pessoa pela qual nutrimos esse sentimento se transforma num “tudo” tão imensamente grandioso que é quase como se tratasse de oxigénio. É ali que está a nossa vida, é ali que está um sentido para ela.

26 de setembro de 2010

Chamas de Dor

As trevas elevam-se sobre mim,
Perco a noção do tempo e do lugar,
Sinto-me como um ser perdido
Destinado a todos os que ama abandonar,
Um ser moribundo que adivinha o seu fim.

De entre a fogueira ouço aquela voz,
Aquela que sempre existiu na minha mente,
Percebo agora o porquê de tal aparição,
Entendo agora a razão que me torna diferente,
São motivos obscuros de um calvário atroz.

E a voz guia-me para as suas profundezas,
Não resisto, não consigo nem o posso fazer,
Afinal foi por isto que esperei até hoje,
Sei que é o meu destino, não o vou temer,
E sei que lá poderei revelar as minhas fraquezas.

25 de setembro de 2010

23 de setembro de 2010

Deus?

Sentimentos afluem a mim com uma velocidade atroz,
Confundem-me, mergulhando-me neste misto de sensações,
E eu luto enquanto fios de dor me dilaceram a pele,
Tanto ser único, quando serei apenas mais um de tantos caixões,
Tento que me olhem docemente mas apenas deslumbro aquele olhar feroz.

A fugacidade com que tudo isto vem e depois vai,
Acaba por me permitir curar as feridas que então se criam,
Consigo fazer atenuar a dor que como cicatrizes não sara,
Faço o que todos os outros fizeram pelo mesmo que eles queriam.

Sou apenas mais um de uma imensidão de tristes abandonados,
Mais um que procura meios para travar o inevitável fim,
E um dia serei apenas mais um daqueles que esgotados
Gritaram nos últimos momentos: “Deus, leva-me a mim!”.

21 de setembro de 2010

Carta a um Amor Secreto n.2

Queria adormecer mas não consegui. Acabei por desistir e me vir sentar esperançado de que as palavras me iriam apaziguar, esperançado de que as palavras te iriam afastar do meu pensamento. Sim…és tu o motivo pelo qual sinto os olhos cansados mas não os consigo fechar. E agora, enquanto ouço a chuva embater nas vidraças e o vento soprar lembro-me das vagas memórias que ainda fui capaz de guardar…malditas memórias. Queria apagar-te, fazer desaparecer de mim todas as marcas da tua presença na minha vida, esquecer tudo aquilo que provocaste. Mas se conseguisse fazer isso apagaria uma parte de mim, uma parte que ainda hoje julgo ser a melhor que possuo.
A madrugada aproxima-se e aqui estou eu, como estive ontem, como estive anteontem, como estarei amanhã. Refém das palavras que escrevo, aquelas que liberto incessantemente para manter viva a recordação de um dia ter estado a teu lado. Nesse tempo dormia descansadamente, imperturbável, feliz…longínquo tempo esse. Se ao menos pudesse cravar-te todas estas palavras no coração como tu cravaste em mim a saudade, se pudesse fazer disto algo, talvez pudesse adormecer. Mas não consigo, nunca conseguirei…por o teu coração se fechar quando me aproximo e por os teus olhos se cerrarem logo nas primeiras palavras de cada carta. Mas que importa isso afinal? Eu escrevo por mim, embora escreva para ti.

19 de setembro de 2010

Espero

Sentado algures num mundo que não o meu,
Esperançado de que tu estás prestes a chegar,
Não me dou conta dos anos que teimam em passar,
Tento apagar a certeza de que teu coração me esqueceu,
Enquanto as lágrimas escorrem pela minha face sem cessar,
Por mais força que faça não as consigo segurar,
Agarro-me às memórias inesquecíveis daquele beijo teu
E continuo utopicamente a contigo sonhar
Quando sei tão bem que nunca me irás voltar a olhar.

E aqui estou eu passados tempos incontáveis,
Com um sorriso e lágrimas a escorrer desalmadamente,
E aqui estou eu recordando os teus abraços incomparáveis,
Com a tristeza de te ter perdido depois de te amar, apaixonadamente.

16 de setembro de 2010

Pôr-do-Sol

Num universo cinzento em que meu corpo padece,
Nesse universo em que outrora a perfeição reinava,
O amor, a maior de todas as dádivas, já não floresce,
E apenas um ser isso notou, era ele o único que lutava.

Ele que agora espera ansiosamente pelo seu próprio fim,
Enquanto derrama lágrimas sucessivas de imensurável dor,
Ele que sabia que era o seu destino, sabia que seria assim,
Mas que mesmo sabendo lutou incansavelmente…por amor.

Partirá chorando como hoje chora, mas sorrindo levemente,
Orgulhoso por ter honrado o maior dos sentimentos,
Triste por não ter conseguido evitar o seu cessar,
Recordando tantos e tão bons momentos
Em que amou e foi amado verdadeiramente.

13 de setembro de 2010

Carta a um Amor Secreto n.1

Tentei parar de te escrever, não por deixar de te amar, não por deixar de ver em ti a mais perfeita de todas as criaturas. Parei, provocando a queda das últimas lágrimas que meus olhos ainda amparavam, esperançado de que o silêncio iria ser quebrado por ti, esperançado de que tu lerias as minhas palavras e a mim te dirigisses com um sorriso, com aquele teu sorriso. Tal não aconteceu, nunca poderia ter acontecido. Foi apenas mais uma utopia a juntar a tantas que criei contigo no pensamento, mais uma que nunca passou disso mesmo. E hoje, passada uma eternidade tão curta, não evito escrever-te novamente, regressando ao meu mundo em que uma nostalgia falsa paira sobre mim fazendo-me ter saudades daquilo que eu próprio esqueci.
E eu sei que isto são apenas cartas, são apenas pedaços de papel que com o tempo perderão clareza, acabando por morrer no esquecimento, se é que alguma vez dele saíram. Mas eu gostava tanto de acreditar que estas palavras, estas que não consigo parar de libertar, são capazes de te tocar, revelando-te a grandeza da minha paixão. Talvez não sejam, afinal não passam de palavras, meras palavras…

12 de setembro de 2010

Destino

Gostava de ser sempre aquele rapaz alegre que acredita que consegue fazer felizes as pessoas à sua volta, se gostava. Não o sou, por mais que tente fazê-lo. Acabo sempre por me afundar nas minhas incertezas, por destruir aquilo que tenho, por perseguir o sofrimento até o alcançar. Tudo isto leva-me tantas vezes a pensar no porquê de toda a luta, se no fim irei sempre voltar ao mesmo, retomando o meu ciclo que invariavelmente se inicia e termina com dor. Sei melhor que ninguém que o único culpado sou eu, mas nesses momentos de dor dou por mim a odiar as pessoas, todas as que me rodeiam, por elas serem como são ou por elas não serem o que eu em tempos julguei. Mas afinal que mal as pessoas me fizeram para eu as odiar? É essa a pergunta que tanto a mim coloco e para a qual nunca encontrei resposta. Odeio-as pelo simples facto de as odiar ou talvez para não me ter que odiar a mim.
Acabo por concluir que talvez tenha sido feito para isto, para viver isolado escrevendo mágoas e dores que eu próprio criei para mim. Maldito destino o meu.

10 de setembro de 2010

Angelical

Foi desenhada por anjos divinos que aqui não moram,
A sua beleza é tão imensa que se torna inimaginável,
Os anjos fizeram dela a mais perfeita das criaturas,
Destinaram-na a ser amada de forma imensurável,
E entregaram-lhe as asas pelas quais tantas choram.

Ela é a única que consegue conquistar todos os corações,
Amá-la com todas as forças é apenas uma inevitabilidade,
Todos o sabem e no entanto ninguém se aproxima dela,
O medo da rejeição é maior que aquela enorme necessidade
De transparecer todo o amor, todo o desejo, todas as emoções.

Mas um dia ele vai ser capaz dos seus sentimentos revelar,
Ele sabe que está designado para ser o primeiro a fazê-lo,
Quer acreditar que será aceite mas pensa que será rejeitado,
Sabe que esse momento chegará mas não deixa de temê-lo,
Mas aconteça o que acontecer, ele nunca a deixará de amar.

9 de setembro de 2010

Medos

Gostava de não ter medos, de parecer imperturbável, de parecer confiante. Gostava que o meu corpo não transparecesse o medo que sinto, ou melhor, gostava de não me aperceber desse medo. Muitos têm medo da solidão, para mim a solidão é paz, é calma, é isto. Para mim solidão é sentar-me e escrever tudo aquilo que o meu coração pede, é sonhar acordado com cenários irreais, é ser feliz sem possuir felicidade alguma. Infelizmente o meu medo não é estar sozinho, pelo menos desta forma que transcrevi acima. Tenho medo, tanto medo, de estar sozinho entre a multidão. E evito isso, tanto que eu evito isso. Gostava de ter coragem de caminhar triunfante, sozinho, entre uma imensidão de gente. Gostava de sorrir ao reparar que as pessoas me olhavam. Gostava de ser tudo aquilo que não sou.

7 de setembro de 2010

Indecisões


"Se chove, tenho saudades do sol, se faz calor, tenho saudades da chuva." José Lins do Rego

Shiu

Ela aproxima-se sem se fazer ouvir,
Caminha suavemente, parece flutuar,
Os seus olhos brilham mais a cada passo,
O seu sorriso não tem ao que se comparar,
E ela aproxima-se enquanto ele parece dormir.

O seu bebé, aquele que ela própria originou,
É o tudo que ela nunca conseguiu ter,
E ali está ele deitado no seu berço,
Parece tão frágil, tão predisposto a sofrer,
Mas ela ama-o como nunca alguém amou.

Amanhã ele será já um rapaz crescido,
Mas ela continuará a amá-lo como até então,
Ele agradecer-lhe-á para sempre tudo o que ela fez,
Sentirá por ela algo tão forte que não lhe caberá no coração,
E um dia, quando ela partir, ele ficará perdido
Sabendo que foi abençoado com a melhor de todas as mães.

5 de setembro de 2010

Please help the World

Cartas a um Amor Secreto

Gostava que as cartas que escrevi tivessem algum significado, transmitissem algo a todos os que as leram, possuíssem uma qualquer força inexplicável. E quero acreditar que muitas das 25 cartas foram aquilo que eu queria que elas fossem, mesmo que não o tenham sido.
Hoje decidi que deveria recomeçar a escrever “cartas a um amor secreto”, tentando fazer com que cada carta revele ainda mais claramente os meus sentimentos, tentando fazer com que uma memória seja eternamente honrada.
Aproveito também para anunciar que podem fazer download do ficheiro “XXV Cartas a um Amor Secreto” na coluna à direita.
Espero poder continuar a contar com as vossas visitas.

1 de setembro de 2010

Não irei

Gritaste revelando a tua dor e eu corri para ti,
Tudo aquilo que tinha naquele instante esqueci,
Só tinha na mente uma intenção: alcançar-te,
Era apenas este o meu desejo: abraçar-te.

Por ti abandonei planos de um futuro risonho,
Atirei para trás das costas as minhas ambições,
Deixei de ser aquele rapaz feliz mas tristonho
Sem sequer precisar de quaisquer razões,
Bastaste tu, aquela que me reinava o sonho.

Entretanto a tua dor passou e eu deixei de importar,
Voltei ao meu mundo, tive que o reconstruir,
Ultrapassei a mágoa de não mais te beijar
E tentei sobreviver como sempre: a sorrir.

E tu gritaste outra vez agoniada pela dor,
E eu deixei tudo e corri novamente para ti;
E tu voltaste a ficar bem comigo ao redor,
E eu voltei a ser desnecessário e parti.

Mas um dia perceberás tudo aquilo que fiz,
Sentirás a minha ausência e saberás que te amei,
Nesse dia voltarás a gritar com a dor da minha ausência,
Mas nesse dia, pela primeira vez, eu não irei.