26 de setembro de 2015

À mulher da minha vida #7

Hoje dei-me conta que, sempre que te escrevo, fico triste. Eu sei que não deveria ser assim, que deveria sorrir na certeza que aquilo que te escrevo hoje, tu lerás no amanhã próximo ou distante pelo qual anseio. Mas não consigo evitar ficar como estou agora, deprimido por não te ter aqui.

E se eu, algures no meu passado, tomei alguma decisão errada que fará com que tu nunca surjas na minha vida? E se tu estiveres do outro lado do planeta, enquanto eu estou aqui esperançoso que irás surgir? E se tu, pura e simplesmente, nunca te deres conta que o teu lugar é a meu lado?

Mas a verdade é que a tua ausência continua a contribuir inacreditavelmente para o meu crescimento. A cada dia aproximo-me um pouco mais daquilo que quero ser, mesmo sem ter consciência disso. Por exemplo isto, estes textos e palavras que outrora foram aquilo a que mais valor dava, pouco significam. Sabes porquê? Porque quando te tiver, quando finalmente te tiver, não vão ser estes textos a provar-te o quanto te amo nem outros textos que possa vir a escrever.

Eu vou ser capaz de te revelar o que sinto a cada olhar, a cada toque, a cada ação. Vou fazer questão de te surpreender todos os dias e te fazer sorrir. Vou fazer da tua felicidade a missão da minha vida e vou agradecer-te diariamente por me deixares estar a teu lado. O nosso amor vai ser diferente, vai ser nosso, vai ser inexplicável e nem sequer vamos chegar a pensar nele, porque o vamos viver abusivamente.

13 de setembro de 2015

O amor é superficial

*este texto deve ser lido como se fosse um adulto revoltado, embebido em lágrimas, a lê-lo.

Tanto que eu já li sobre o amor. E acima de tudo, tanto já escrevi. No entanto, apercebo-me agora, o amor é das coisas mais superficiais que este mundo tem. O amor não é profundo, não é complicado, não é sobre-humano. Muito pelo contrário. O amor é das coisas mais simples que existe.

Porque é que o amor é superficial? Ora, o amor, quando é amor, emana por todos os poros. Se um casal apaixonado passar por ti na rua, tu vais sentir o amor que eles nutrem, ou seja, o amor deles é claro e evidente. Mas o amor também é fácil, porque não precisa de ser pensado. Amor é dizer “amo-te” a meio de uma conversa sobre o tempo e dar um abraço no meio de uma discussão sobre o jantar.

E outra coisa que concluí é que sobre o amor não se escreve. Sobre o amor faz-se. Porque isso que é o amor é demasiado simples para ser complexado com palavras, textos e teorias. O amor é um sorriso, uma lágrima, um olhar, um toque… o amor é tudo, mesmo tudo, mas não é isto. Não é este texto, nem as centenas de cartas que escrevi. Não é nenhum poema, nem nenhum dos meus textos. Amor é isto, que me preenche o coração e que te preenche o teu. Já te apercebeste?

6 de setembro de 2015

A magia do silêncio de um olhar na escuridão

As luzes apagam-se mas as mãos continuam unidas no silêncio da noite, acariciando-se mutuamente e fazendo com que aqueles dois corpos sejam como apenas um, fundidos pela perfeição de cada toque. As palavras, essas, não têm acesso àquele mundo tão inocentemente criado. E ali, na escuridão calma e silenciosa daquele espaço, apenas existe o amor entre dois seres criados para serem um só.

Os olhos brilham, permitindo-lhes focarem-se um no outro, daí resultando o mais bonito de todos os sorrisos. Não há passado nem futuro, há apenas aquilo que eles têm: o presente de se terem um ao outro. Esse é, como eles tão bem sabem, o maior de todos os presentes.

O resto do mundo parece estar longínquo, parece uma miragem num passado triste, e eles percebem-se então do que é o mundo real. Ao contrário do que tantos pensam, o mundo real é aquele, o que eles têm quando estão juntos. Não haverá nunca nada tão real quanto aquilo, algo tão simplesmente soberbo.

Não precisam de palavras para perceberem o que ambos estão a pensar: haverá mais alguém que seja tão despreocupadamente feliz? Haverá mais mundos como o que eles criaram? Não interessa. O que interessa é apenas aquilo: aquele olhar, aquele sorriso e aquelas duas mãos unidas no silêncio. O que interessa é nenhum deles precisar sequer de escutar um “amo-te” para se sentir a mais amada de todas as criaturas. O que interessa… são eles!

2 de setembro de 2015

A cobardia de não saber desistir

A vida tem-me vindo a dar, felizmente, a capacidade de ver tudo o que me rodeia de uma forma mais clara e acertada. Cresci imenso no último ano, sobretudo, e posso dizer que me orgulho daquilo em que me tenho vindo a tornar. Mesmo não tendo prototipado aquilo que quereria ser, a verdade é que acho que a versão do que sou estará muito próxima daquela que poderia ter idealizado.

E uma das principais aprendizagens que o tempo me trouxe, foi o poder de saber virar as costas. Aquelas histórias do lutar loucamente, do não baixar os braços, do acreditar até ao fim, são isso mesmo: histórias. E aquela ideia de que desistir é um sinal de cobardia ainda mais enganadora é. Mas em tempos eu acreditei nisto, que era preciso acreditar e que, no final, seria recompensado pela fé que mantinha. Foi um erro…

Às vezes não temos que lutar, temos apenas que virar as costas e seguir a nossa vida. Se isso vai deixar coisas por resolver? Vai, obviamente que vai. Mas há coisas que simplesmente não têm solução. Lembro-me de, aqui há uns anos, ter dito a uma pessoa que por mais que tentasse colocar um ponto final numa história de amor, essa história nunca teria esse ponto final. Porque haverá sempre algo mais a dizer, algo que foi esquecido, algo importante…

Feliz ou infelizmente, tenho várias histórias inacabadas na minha vida. Milhares de coisas que ficaram por dizer (nem mesmo com dezenas de poemas, cartas e textos). E outrora, antes de ser quem sou, queria ter um dia a coragem de dizer essas coisas a quem de direito. Agora não. Porque sei que não valerá a pena, sei que nada mudará e sei que depois de dizer tudo… mais haverá para dizer.

Em suma, virar as costas e fugir é muitas vezes a decisão mais acertada. Eu fi-lo, vai fazer agora um ano. Fugi do meu país, daquilo que tinha (ou não tinha), e num acto mais de coragem que de cobardia, embarquei na maior aventura da minha vida. Foi, indubitavelmente, a melhor e menos ponderada decisão da minha vida!