2 de setembro de 2015

A cobardia de não saber desistir

A vida tem-me vindo a dar, felizmente, a capacidade de ver tudo o que me rodeia de uma forma mais clara e acertada. Cresci imenso no último ano, sobretudo, e posso dizer que me orgulho daquilo em que me tenho vindo a tornar. Mesmo não tendo prototipado aquilo que quereria ser, a verdade é que acho que a versão do que sou estará muito próxima daquela que poderia ter idealizado.

E uma das principais aprendizagens que o tempo me trouxe, foi o poder de saber virar as costas. Aquelas histórias do lutar loucamente, do não baixar os braços, do acreditar até ao fim, são isso mesmo: histórias. E aquela ideia de que desistir é um sinal de cobardia ainda mais enganadora é. Mas em tempos eu acreditei nisto, que era preciso acreditar e que, no final, seria recompensado pela fé que mantinha. Foi um erro…

Às vezes não temos que lutar, temos apenas que virar as costas e seguir a nossa vida. Se isso vai deixar coisas por resolver? Vai, obviamente que vai. Mas há coisas que simplesmente não têm solução. Lembro-me de, aqui há uns anos, ter dito a uma pessoa que por mais que tentasse colocar um ponto final numa história de amor, essa história nunca teria esse ponto final. Porque haverá sempre algo mais a dizer, algo que foi esquecido, algo importante…

Feliz ou infelizmente, tenho várias histórias inacabadas na minha vida. Milhares de coisas que ficaram por dizer (nem mesmo com dezenas de poemas, cartas e textos). E outrora, antes de ser quem sou, queria ter um dia a coragem de dizer essas coisas a quem de direito. Agora não. Porque sei que não valerá a pena, sei que nada mudará e sei que depois de dizer tudo… mais haverá para dizer.

Em suma, virar as costas e fugir é muitas vezes a decisão mais acertada. Eu fi-lo, vai fazer agora um ano. Fugi do meu país, daquilo que tinha (ou não tinha), e num acto mais de coragem que de cobardia, embarquei na maior aventura da minha vida. Foi, indubitavelmente, a melhor e menos ponderada decisão da minha vida! 

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