29 de dezembro de 2015

À mulher da minha vida #9

Na última carta que te escrevi expliquei-te o porquê de me ter vindo a afastar de ti ultimamente, deixando claro que os meus sentimentos por ti não mudaram. Aliás, dificilmente algum dia os meus sentimentos por ti irão mudar. Como já te escrevi várias vezes, a tua significância na minha vida é demasiado grande para se alterar, mesmo que nunca surjas no mundo real.

Mas hoje, na última das cartas que te vou escrever este ano, decidi que tinha mais para te escrever, algo novo e que nunca transpareci em nenhum dos textos que te dirigi. Esse algo surge no seguimento de um parágrafo de uma das minhas cartas, que transcrevo:

“E é por isso que queria agir: queria abraçar-te e sussurrar-te ao ouvido o quanto te amo, queria acariciar-te o rosto e entrelaçar as minhas mãos nas tuas. Queria mexer-te no cabelo, surpreender-te com um carinho, tocar-te. Queria fazer-te rir até as lágrimas te começarem a escorrer pela face, queria fazer-te perder noção das horas, fazer-te feliz.”

Porque sabes, os meus sentimentos não mudaram… mas algo mudou. Pela primeira vez desde que te criei sinto que tenho que fugir, tenho que te virar as costas, tenho que ir para longe. Simplesmente, acho que mesmo que aparecesses, eu não te mereceria. Acho que talvez seja este o meu fado: procurar-te e quando te sentir próxima… fugir. É como se não quisesse ser feliz nem sequer arriscar sê-lo.

Eu sei que não faz sentido… mas alguma coisa nesta história o faz? Faz sentido ter-te criado e ter-te escrito tanto, sem sequer saber se algum dia serás real? Faz sentido que, se existires mesmo, te mantenhas afastada de mim em vez de estares a meu lado? Não sei… Nunca soube… Mas preciso de fugir…

3 de dezembro de 2015

Uma carta para a Morte

Hoje, pela primeira vez, escrevo-te a ti, Morte. Antes de tudo, deixa-me dizer-te que te respeito e que sempre te compreendi. Percebo a tua função neste mundo, percebo que tenhas simplesmente de ser, percebo-te. O que não compreendo é o facto de pareceres alimentar-te do sofrimento dos que partem, como se o sofrimento dos que ficam não te fosse suficiente.

Hoje, fizeste-me chorar. Aliás, és tu a responsável pelas lágrimas que neste momento me escorrem pelo rosto. Eu até sou forte e costumo ser capaz de me controlar, mas a tua força atingiu-me de tal forma que me deixou sem capacidade de o fazer.

E acho injusto, muito injusto. Acho injusto que não o tenhas simplesmente levado, em paz, para um lugar melhor. Acho injusto que tenhas feito sofrer o Homem que tanto passou durante a vida. Podias tê-lo feito de forma diferente, devias tê-lo feito porra! Fazias-me sofrer a mim, fazias sofrer todos os que o amavam… isso devia bastar-te.

Levaste-o e eu estou aqui, do outro lado do continente. Em vez de estar lá, junto aos meus, a apoiá-los e a fingir-me forte. E é isto que me revolta mais. Revolta-me ser inútil, não poder fazer nada e estar aqui, a chorar, como se algo isso valesse.

Restam-me as muitas memórias, o seu sorriso da última vez em que o vi e em que me despedi por vir novamente para a Roménia. Resta-me o nome que carrego e resta-me honrar o seu legado. E resta-me isto, a escrita que lhe corria nas veias e que agora corre nas minhas.

Hoje, dia 3 de dezembro, levaste o meu avô…

4 de novembro de 2015

À mulher da minha vida #8

Há muito tempo que não te escrevo e hoje parei um pouco para pensar numa razão para isso. A verdade é sempre precisei de ti na minha vida, sempre tive que me fechar sobre mim mesmo e escrever-te, mesmo que tu não existas sem ser na minha imaginação.

Tu és a única coisa que me acompanhou durante todos estes anos, mesmo com as mudanças brutais na minha vida, mesmo com as mudanças que me levaram a ser o que hoje sou. Sempre, desde que me lembro, que te tenho a ti, no entanto és tanto um porto de abrigo como um porto de desespero e creio que seja esta a razão de me ter afastado de ti ultimamente.

Mas continuo a amar-te, como amarei sempre. Por tu seres a mais especial de todas as mulheres e a única que me faz sorrir mesmo sem estares aqui, junto a mim. Amo-te por ter esta necessidade de amar, mesmo sem saber quem és nem se algum dia te vou conhecer. E amo-te por me teres acompanhado todos estes anos e por continuares aqui agora. Por seres esta voz interior que me faz perseguir os meus sonhos.

Não tens que aparecer. Já fizeste mais por mim, sem sequer existires, que qualquer pessoa irá fazer. No entanto se decidires fazê-lo, se decidires ser a mais amada de todas as mulheres pelo homem que farás o mais feliz de todos os homens, irei agradecer-te todos os dias. Deixa-me agradecer-te…

4 de outubro de 2015

Hoje lembrei-me de sonhar contigo

Hoje sonhei contigo. E sabes, já nem me lembrava da última vez que tinhas aparecido nos sonhos. Apareceste e foi mais uma daquelas vezes em que tudo pareceu tão real que a ideia de te ter a meu lado pareceu possível. Eu sei que tu já estás longe, que já se passaram anos, mas continuas a ter este poder de dar cabo de mim quando menos espero.

E se por um lado não deverias ter reaparecido, por outro agradeço-te por o teres feito. O impacto que tiveste na minha vida foi completamente absurdo, apercebo-me agora. Sem fazeres absolutamente nada, mudaste completamente aquilo que eu era e contribuíste em muito para aquilo que hoje sou. Tu, que provavelmente já nem te recordas de mim, foste possivelmente a pessoa que mais me marcou nestes 25 anos de vida.

Tenho a certeza que se não tivesses aparecido eu não estaria onde estou e não seria o que sou. Mudaste a minha vida, fizeste-me crescer e mesmo agora, em que estás ainda mais fora da minha vida do que sempre estiveste, continuas a conseguir fazer-me sorrir.

26 de setembro de 2015

À mulher da minha vida #7

Hoje dei-me conta que, sempre que te escrevo, fico triste. Eu sei que não deveria ser assim, que deveria sorrir na certeza que aquilo que te escrevo hoje, tu lerás no amanhã próximo ou distante pelo qual anseio. Mas não consigo evitar ficar como estou agora, deprimido por não te ter aqui.

E se eu, algures no meu passado, tomei alguma decisão errada que fará com que tu nunca surjas na minha vida? E se tu estiveres do outro lado do planeta, enquanto eu estou aqui esperançoso que irás surgir? E se tu, pura e simplesmente, nunca te deres conta que o teu lugar é a meu lado?

Mas a verdade é que a tua ausência continua a contribuir inacreditavelmente para o meu crescimento. A cada dia aproximo-me um pouco mais daquilo que quero ser, mesmo sem ter consciência disso. Por exemplo isto, estes textos e palavras que outrora foram aquilo a que mais valor dava, pouco significam. Sabes porquê? Porque quando te tiver, quando finalmente te tiver, não vão ser estes textos a provar-te o quanto te amo nem outros textos que possa vir a escrever.

Eu vou ser capaz de te revelar o que sinto a cada olhar, a cada toque, a cada ação. Vou fazer questão de te surpreender todos os dias e te fazer sorrir. Vou fazer da tua felicidade a missão da minha vida e vou agradecer-te diariamente por me deixares estar a teu lado. O nosso amor vai ser diferente, vai ser nosso, vai ser inexplicável e nem sequer vamos chegar a pensar nele, porque o vamos viver abusivamente.

13 de setembro de 2015

O amor é superficial

*este texto deve ser lido como se fosse um adulto revoltado, embebido em lágrimas, a lê-lo.

Tanto que eu já li sobre o amor. E acima de tudo, tanto já escrevi. No entanto, apercebo-me agora, o amor é das coisas mais superficiais que este mundo tem. O amor não é profundo, não é complicado, não é sobre-humano. Muito pelo contrário. O amor é das coisas mais simples que existe.

Porque é que o amor é superficial? Ora, o amor, quando é amor, emana por todos os poros. Se um casal apaixonado passar por ti na rua, tu vais sentir o amor que eles nutrem, ou seja, o amor deles é claro e evidente. Mas o amor também é fácil, porque não precisa de ser pensado. Amor é dizer “amo-te” a meio de uma conversa sobre o tempo e dar um abraço no meio de uma discussão sobre o jantar.

E outra coisa que concluí é que sobre o amor não se escreve. Sobre o amor faz-se. Porque isso que é o amor é demasiado simples para ser complexado com palavras, textos e teorias. O amor é um sorriso, uma lágrima, um olhar, um toque… o amor é tudo, mesmo tudo, mas não é isto. Não é este texto, nem as centenas de cartas que escrevi. Não é nenhum poema, nem nenhum dos meus textos. Amor é isto, que me preenche o coração e que te preenche o teu. Já te apercebeste?

6 de setembro de 2015

A magia do silêncio de um olhar na escuridão

As luzes apagam-se mas as mãos continuam unidas no silêncio da noite, acariciando-se mutuamente e fazendo com que aqueles dois corpos sejam como apenas um, fundidos pela perfeição de cada toque. As palavras, essas, não têm acesso àquele mundo tão inocentemente criado. E ali, na escuridão calma e silenciosa daquele espaço, apenas existe o amor entre dois seres criados para serem um só.

Os olhos brilham, permitindo-lhes focarem-se um no outro, daí resultando o mais bonito de todos os sorrisos. Não há passado nem futuro, há apenas aquilo que eles têm: o presente de se terem um ao outro. Esse é, como eles tão bem sabem, o maior de todos os presentes.

O resto do mundo parece estar longínquo, parece uma miragem num passado triste, e eles percebem-se então do que é o mundo real. Ao contrário do que tantos pensam, o mundo real é aquele, o que eles têm quando estão juntos. Não haverá nunca nada tão real quanto aquilo, algo tão simplesmente soberbo.

Não precisam de palavras para perceberem o que ambos estão a pensar: haverá mais alguém que seja tão despreocupadamente feliz? Haverá mais mundos como o que eles criaram? Não interessa. O que interessa é apenas aquilo: aquele olhar, aquele sorriso e aquelas duas mãos unidas no silêncio. O que interessa é nenhum deles precisar sequer de escutar um “amo-te” para se sentir a mais amada de todas as criaturas. O que interessa… são eles!

2 de setembro de 2015

A cobardia de não saber desistir

A vida tem-me vindo a dar, felizmente, a capacidade de ver tudo o que me rodeia de uma forma mais clara e acertada. Cresci imenso no último ano, sobretudo, e posso dizer que me orgulho daquilo em que me tenho vindo a tornar. Mesmo não tendo prototipado aquilo que quereria ser, a verdade é que acho que a versão do que sou estará muito próxima daquela que poderia ter idealizado.

E uma das principais aprendizagens que o tempo me trouxe, foi o poder de saber virar as costas. Aquelas histórias do lutar loucamente, do não baixar os braços, do acreditar até ao fim, são isso mesmo: histórias. E aquela ideia de que desistir é um sinal de cobardia ainda mais enganadora é. Mas em tempos eu acreditei nisto, que era preciso acreditar e que, no final, seria recompensado pela fé que mantinha. Foi um erro…

Às vezes não temos que lutar, temos apenas que virar as costas e seguir a nossa vida. Se isso vai deixar coisas por resolver? Vai, obviamente que vai. Mas há coisas que simplesmente não têm solução. Lembro-me de, aqui há uns anos, ter dito a uma pessoa que por mais que tentasse colocar um ponto final numa história de amor, essa história nunca teria esse ponto final. Porque haverá sempre algo mais a dizer, algo que foi esquecido, algo importante…

Feliz ou infelizmente, tenho várias histórias inacabadas na minha vida. Milhares de coisas que ficaram por dizer (nem mesmo com dezenas de poemas, cartas e textos). E outrora, antes de ser quem sou, queria ter um dia a coragem de dizer essas coisas a quem de direito. Agora não. Porque sei que não valerá a pena, sei que nada mudará e sei que depois de dizer tudo… mais haverá para dizer.

Em suma, virar as costas e fugir é muitas vezes a decisão mais acertada. Eu fi-lo, vai fazer agora um ano. Fugi do meu país, daquilo que tinha (ou não tinha), e num acto mais de coragem que de cobardia, embarquei na maior aventura da minha vida. Foi, indubitavelmente, a melhor e menos ponderada decisão da minha vida! 

25 de agosto de 2015

Medo de um amor que não acontece

Ter medo é indubitavelmente o primeiro passo para ser corajoso. E eu gostava de o ser, ó se gostava. Queria que este medo que me atormenta se transformasse em força e que estas lágrimas fossem como um rio que me conduzisse a bom porto. E acima de tudo, gostava de ser capaz de acreditar, ao invés de ser apenas capaz de sonhar. Gostava de poder cerrar os olhos, sonhar com aquele futuro que desejo e crer que aquele cenário imaginado se poderia tornar real. Mas não consigo…

Gostava ainda mais, mesmo que saiba os malefícios associados, de voltar àquele tempo em que escrevia com a certeza que as palavras iam mudar a minha vida. De voltar àquele tempo em que todas as noites era capaz de escrever uma carta ou um poema e em que a dor me era tão fácil de transformar em palavras.

Mas sei que estou melhor assim. Ciente da realidade e ciente da dor que carrego, sem utopias para além deste blogue e sem crenças para além daquelas em mim mesmo. Estou melhor assim, sóbrio, sem me afogar em pensamentos e teorias e, sobretudo, sem me afogar nas palavras que tantas vezes me puxaram à tona de água… e tantas vezes me afundaram mais…

19 de agosto de 2015

À mulher da minha vida #6

Li-te. Quando te olhei nos olhos a primeira vez e percebi toda aquela imensidão de sentimentos, todas as tuas dores e mágoas. Li na tua expressão aquilo que já havias enfrentado e o quanto estavas cansada de lutar. Li o teu sofrimento, e sofri de imediato contigo, por ter lido também no teu olhar o quão maravilhosa eras, o quão sincera e repleta de bondade, o quão não merecias ter esse olhar triste.

Mas sabes, li também, no fundo do teu olhar, uma réstia de esperança, um sinal de que tu, apesar de tudo, ainda acreditavas que algo podia mudar a tua vida e dar-lhe um sentido. Atentei nesta réstia, olhando-te nos olhos, e foi quando me sorriste…

Arrepiei-me ao sentir o teu sorriso naquele momento, enquanto invadia o teu olhar e te lia sem sequer pedir autorização. Apercebi-me então que não precisava de te ler para perceber que eras a criatura mais perfeita que já havia encontrado na minha vida. Tudo em ti era perfeito e, mais que isso, tudo em ti era sincero e cheio de um sentimento puro que me custou a compreender.

Foi então que, voltando a ler-te, me dei conta que tinha que lutar por ti. Tinha que fazer com que aquela réstia de esperança que tinha deslumbrado no fundo do teu olhar ganhasse a minha forma. A minha missão passou então a ser simples: fazer de ti a mais feliz de todas as mulheres, a mais amada, a mais louvada.

E juntos, de mãos dadas num mundo cheio de falsidade, com a tua perfeição e a minha imperfeição, criámos o mais bonito de todos os mundos: aquele em que eu e tu fomos um nós, aquele em que me tornei o mais rico de todos os homens.

11 de agosto de 2015

Lágrimas de um céu despedaçado

O pôr-do-sol ofusca tudo a seu redor, provocando este calmo silêncio que se apodera de todos os emissores de sons. E lá ao fundo, num horizonte que parece tão próximo e está tão longe, o sol desce lentamente para se deixar ocultar pelos montes agora alaranjados pelo clarão.

Este silêncio, tão puro e tão raro, une-lhes as mãos num aperto sincero salpicado pelo suor que um momento assim, tão ímpar, provoca. Ali, naquele “agora” tão curto que parece prolongar-se por prazerosas horas, não há mais ninguém no mundo exceto eles. E por isso, apenas pela ausência de todo o dispensável resto, tudo é estranhamente perfeito.

O sol ainda espreita, envergonhado, por entre o cume do monte mais alto, mas o seu brilho desvanece-se à medida que os segundos passam. Eles, imersos pelo momento e consumidos por aquele sorriso que partilham, sabem que em breve a magia terminará e o mundo voltará a subjugá-los àquele caos barulhento a que diariamente sobrevivem.

É então que, enquanto o sol diz adeus até ao seu nascer na manhã seguinte, do céu começam a cair lágrimas, inicialmente esporádicas e que crescem de intensidade, confundindo-se com aquelas que escorrem agora pelas faces dele e dela… qual sincronia planeada. São lágrimas, tanto umas como as outras, de saudade do silêncio e de ansiedade pelo pôr-do-sol seguinte, onde eles poderão novamente ser felizes daquele forma tão pura e tão reveladora do que o amor deve ser: duas mãos unidas no silêncio, como se apenas de um corpo se tratasse, sem absolutamente nada mais.

Porque no final de contas, tudo é tão, mas tão simples, como um simples pôr-do-sol…

27 de julho de 2015

O que sou não é mais o que era

Longe vão os tempos em que para escrever, não precisava de pensar. As palavras saíam, simplesmente, fluídas e irrefletidas, construindo as cartas, os poemas e os textos que por tanto tempo alimentaram este blogue. Agora é diferente, agora sou diferente.

Lembro-me bem, naqueles tempos em que escrevia todas as noites, de estar em sofrimento até acabar um texto, de sorrir aquando do último ponto e de pensar: “Isto vai mudar alguma coisa, tenho a certeza que vai!”. No final, obviamente que tudo ficava na mesma até ao próximo texto, até à próxima dose de sofrimento concentrado e atroz que me consumia de cada vez que escrevia.

Mas eu acreditava, oh se acreditava, que podia mudar alguma coisa. Acreditava, quando escrevia para alguém, que essa pessoa iria ler e perceber o quanto eu a amava. Acreditava que do outro lado estava alguém à espera das minhas palavras, alguém para quem elas significavam algo.

E tudo isto é só mais um indicativo do quão sonhador fui e do quanto isso condicionou a minha vida. Posso ter perdido dezenas de oportunidades para ser feliz, mas tenho a certeza que todas essas oportunidades me fizeram chegar onde estou hoje. E sou melhor agora… e vou ser melhor amanhã. E tudo aquilo em que potencialmente me vier a tornar será um pouco (ou um muito?) de cada lágrima que escorreu pela minha face. Ainda bem que todas aquelas lágrimas escorreram!

1 de julho de 2015

À mulher da minha vida #5

Sorriso. Sei, mesmo que ainda não te conheça, que será o teu sorriso a primeira coisa que me fará apaixonar por ti. Por o teu sorriso revelar tanto do que és e por tu seres tanto do que eu sonho que sejas. Na primeira vez que te encontrar, o mundo vai cair-me aos pés, ou melhor, o mundo vai aparecer-me à frente. Porque sei, mesmo sem saber, que tu serás o meu mundo desde aquele primeiro sorriso que os teus lábios expressarem na minha presença.

E aos poucos e poucos, sei que esse teu sorriso se vai tornar cada vez mais frequente, assim como o meu de cada vez que te tiver por perto. Sei que iremos sorrir quando nos olharmos, mesmo que ainda não nos tenhamos um ao outro. Sei que não vamos precisar de palavras para sorrir e que os nossos dias valerão tão mais a pena de cada vez que os nossos olhares se cruzarem.

E sei que irei mudar a tua vida, assim como tu mudarás a minha. Sei que tudo passará a ser mais fácil e a fazer mais sentido, sei que nos teremos de uma forma tão pura que a vida, aquela que construirmos juntos, será memorável de ser vivida. Mal posso esperar…

9 de junho de 2015

A morte que não nos separa

Por muito que os dias passem a minha alma esmorece na fraqueza maior de me sentir incapaz de continuar a viver sem a tua presença a meu lado. As horas, essas que contigo passavam tão velozmente, parecem agora ser coordenadas por um conta-gotas demasiado lento para o sofrimento em que sufoco a todo o instante.

Tenho saudades, tantas saudades, daquelas noites em que adormecias nos meus braços e acordavas com os meus beijos suaves na tua face. Tenho saudades daquele teu olhar que tanto revelava, do teu sorriso e do teu silêncio. Tenho saudades tuas…

E têm-se sucedido sem que me dê conta os momentos em que é tanta a minha vontade de partir para junto de ti que dou por mim à beira do meu próprio fim. Ainda hoje, antes de escrever estas palavras e sem fazer ideia de como tal foi acontecer, me encontrei em cima de uma banco com uma corda entrelaçada no pescoço pronta a sugar este ar que respiro sem querer. A única razão para não completar aquele ritual tão merecido foi o relembrar das tuas palavras, das tuas últimas palavras: “Aconteça o que acontecer, sê feliz!”. Se soubesse o que sei hoje nunca teria prometido obedecer a tão disparatado pedido.

Continuo a acordar com a sensação que me sussurras ao ouvido que me amas, como tantas vezes fizeste. Quero acreditar que és mesmo tu, que através do sítio onde me esperas estás a comunicar comigo e a mostrar-me que mesmo sem ti, não estou sozinho. E eu respondo-te, respondo-te sempre. Com o rosto encharcado em lágrimas e o corpo em suor, sussurro-te, não, talvez te grite, o quanto te amo e as saudades que sinto. Pergunto-te o «porquê» de não estares mesmo ali e acabo a suplicar aos céus que me justifiquem a tua ida. Nunca ninguém se dignou a responder-me.

Deixo-te agora, com a promessa de que se não te escrever amanhã é porque me encaminho, sorridente e feliz como era antes de partires, para junto de ti.


Amo-te minha querida

2 de junho de 2015

À mulher da minha vida #4

Será que te preciso mesmo? Será que tu és assim tão essencial para a minha existência? Será que sem ti nunca poderei ser realmente feliz? Tenho vindo a pensar nisto, muito porque tu teimas em não aparecer na minha vida. Talvez a tua função seja esta, apenas esta: seres uma ideia, um conceito que me motiva a escrever e a espelhar o amor que não posso revelar diretamente a ninguém.

E se eu ficar preso a ti? Se ficar para sempre preso à ideia de que um dia vais aparecer e se insistir em fechar as portas a quem me possa fazer feliz, realmente feliz? Acho que é injusto, acho que és injusta. Se não vais mesmo aparecer, e queria tanto que o fizesses, devias dar-me um sinal, fazer-me cair na realidade e deixar-me ir. Devias abrir mão de mim, do meu coração.

Eu sei, a minha impaciência está a fazer-me parecer desesperado. Já tive mais certezas acerca daquilo que te escrevi anteriormente: cada segundo sem ti é menos um segundo até te ter. E se os segundos todos passarem e tu não vieres? E se tu fores só mesmo isto, cartas que eu poderei ler quando estiver só, deixando escorrer as lágrimas que a tua ausência provocará?

Mas não te apresses, se ainda não é o momento de dares um novo sentido à minha vida, não o faças. Eu amo-te e este sentimento não vai desaparecer, quer passem meses quer passem anos. Mas por favor, não me faças esperar muito mais se não planeares aparecer…

26 de maio de 2015

À ex-mulher da minha vida

Por vezes, para sermos capazes de dar um passo em frente, temos que nos debruçar sobre o passado. Afinal, o futuro será sempre uma consequência das nossas ações anteriores e, acima de tudo, aquilo que seremos será sempre uma consequência daquilo que fomos.

É por isso que hoje, espero que só hoje, te vou escrever a ti, ex-mulher da minha vida. E vou-te escrever porque, apesar de saber o quão importante foste e serás sempre para mim, tenho sérias dúvidas de que saibas o quanto tu significaste. Tu foste, durante muito tempo, a mulher da minha vida. Foi só a ti que eu quis a meu lado e foi só contigo que consegui imaginar um futuro.

Posso ter-te tentado mostrar invariavelmente a tua dimensão, repetido inúmeras vezes o que realmente eras para mim, mas terei sempre esta sensação de que não fiz o suficiente. Quando estavas na minha vida, lembro-me de fazer o máximo para que te sentisses a mais especial de todas as mulheres. E sei que o consegui, pelo menos algumas vezes. Mas não poderia tê-lo feito melhor? Não deveria tê-lo feito?

Agora é tarde, eu sei. Seguimos caminhos diferentes, demasiado diferentes. Lá no fundo, sei que fiz tudo o que deveria e que a nossa história foi tal e qual deveria ter sido. Mudaste-me e quero crer que também te mudei. E, mais importante que tudo o resto, fomos felizes. Obrigado.

16 de maio de 2015

À mulher da minha vida #3

Há alguns dias que não te escrevo, mas não é por me teres saído do pensamento. Aliás, tu és já parte de mim, mesmo não estando ainda aqui, portanto é impossível despegar-me de ti. Sabes, tendo vindo a sentir que não tenho muito mais para te dizer. E até acho que é compreensível. Já te disse tanto, já te louvei tanto, já te sonhei tanto. E ao que é que isto me leva? Estas cartas para ti, mulher da minha vida?

Ganhei, e continuo a ganhar a cada dia, uma estranha e irrefletida capacidade de agir que me faz ter orgulho naquilo em que me tornei. Feliz ou infelizmente, isso tirou-me um pouco disto, do poder que um dia as minhas palavras possam ter tido. E é por isto que me sinto assim, como se nada do que eu pudesse escrever possa alterar algo, como se estas palavras mais não sejam que isso mesmo… palavras.

E é por isso que queria agir: queria abraçar-te e sussurrar-te ao ouvido o quanto te amo, queria acariciar-te o rosto e entrelaçar as minhas mãos nas tuas. Queria mexer-te no cabelo, surpreender-te com um carinho, tocar-te. Queria fazer-te rir até as lágrimas te começarem a escorrer pela face, queria fazer-te perder noção das horas, fazer-te feliz.

Também queria pedir-te em namoro, não uma ou duas vezes, mas tantas quantas possam ser. Queria pedir-te em namoro para te mostrar que estar contigo é o que mais quero e para ter a certeza que tu queres o mesmo. Queria que cada beijo que dessemos fosse como o primeiro, em que nos sentíamos como miúdos sem saber o que ia acontecer, sem saber o que viria a seguir. Queria que cada abraço fosse uma paragem no tempo, fosse o nosso ‘porto de abrigo’, fossemos nós.

E por fim, queria escrever a próxima carta à mão. Queria poder dar-te um beijo suave nos lábios e deixar-te a carta ao lado, antes de sair de casa, para que pudesses saber o quanto te amo logo quando acordasses. Quero-te.

7 de maio de 2015

É impossível sonhar-te tanto

Não faz sentido, absolutamente nenhum sentido, que te queira tanto como quero. Não faz sentido que te sonhe tanto, que te precise tanto, que me sejas tanto. E sabes qual é a melhor parte de tudo isto? É que não tem que fazer sentido. Porque na verdade nem tu fazes sentido. Que sentido faz seres assim tão perfeita quanto te imagino? Que sentido faz seres a única criatura assim?

Tu és amor, simplesmente. Sempre ouvi dizer que o amor era indescritível e imensurável. Sempre ouvi dizer que era um sentimento. O que nunca ninguém me disse, e eu finalmente me dei conta, é que amor és tu. És tu esta força que me faz escrever e este sonho que me faz sorrir que nem um parvo na rua. És tudo, mesmo que ainda não o sejas na realidade.

E é por ti, por ti amor, tu que não fazes qualquer sentido, que eu permaneço aqui, sem ter sentido nenhum. 

28 de abril de 2015

À mulher da minha vida #2

Hoje volto a escrever-te, mas hoje é diferente. Não vou dizer que te amo nem que anseio a cada segundo que surjas na minha. Não vou fazer-te juras de amor eterno nem te vou dirigir palavras de louca paixão. Vou, isso sim, falar-te de uma vida em que ainda não és personagem principal. Vou falar-te de mim.

Sempre fui, desde os tempos em que tenho memória, um incurável sonhador. E se o fui contigo, por te imaginar em cada rosto, por te querer encontrar em cada olhar, fui-o muito mais naquilo que é a minha vida. Sonhei, e continuo a fazê-lo, sobre tudo o que existe. Sonhei com o meu futuro, com projetos que acabei por nunca realizar, com ações que nunca tive coragem de tomar. E decidi, numa das maiores e menos ponderadas decisões da minha vida, que iria deixar de pensar tanto e iria fazer mais.

E é por isto que, se leres aquilo que já escrevi neste blogue e aquilo que escrevo agora, irás perceber o quanto mudei, o quanto cresci. A verdade é que ainda não acabei, sabendo bem que este meu processo para me tornar melhor, para poder ser realmente feliz, está ainda em desenvolvimento. E sabes uma coisa? Penso que tu serás o encerrar desta fase da minha vida.

Provavelmente irás surgir apenas quando eu tiver coragem para tomar atitudes, para agir, sendo tu a minha recompensa por ser capaz de o fazer. E isto é o que me faz querer continuar a lutar, a crescer e a tornar-me melhor. O saber que no final deste caminho que já se prolonga por tantos anos, irá estar a mulher que irá fazer de mim o mais feliz de todos os mortais. Prometo-te que não vou parar e que, o mais cedo que conseguir, te irei alcançar!

27 de abril de 2015

Odeio-te tanto

Não te suporto. Sim, é verdade. Não consigo, por mais que me esforce, suportar esse teu sorriso, esse teu olhar, essa tua perfeição. Não aguento a forma como falas, como te moves, como mexes no teu cabelo. E esse teu corpo, composto pelas curvas mais arrebatadoras que já tive o prazer de encontrar, odeio-o. Assim como odeio o teu humor inteligente e a forma como consegues ser adorada por todos os que te rodeiam.

És repugnante. Cada parte de ti, cada pedacinho do que és, revolta-me e faz-me sentir náuseas. Porque é que és assim? Como podes ser tão estupidamente perfeita? Não compreendo como podes sequer ser real, nem como és a minha realidade. Não compreendo porque é que me escolheste quando tinhas o mundo a teus pés e duvido, mesmo que tu insistas em tirar-me esta ideia da cabeça, que eu mereça ter-te.

Tu és, já o sei desde há muito, a filha-da-mãe da mulher mais perfeita deste mundo. Aliás, sei-o desde aquele primeiro dia em que me bateste à porta e sorriste. Aquele momento, que obviamente eu também odeio, mudou completamente a minha vida. E ainda antes de sequer imaginar que um dia virias a ser minha, já eu era teu, em toda a dimensão do meu ser. Aliás, eu sou teu desde que me conheço. Desde que comecei a pensar em ter uma mulher a meu lado, era a ti que eu imaginava.

Odeio-te, por não te poder ter sempre a meu lado, por não te poder acariciar a cada segundo, por não te poder fazer sentir a mulher mais feliz deste mundo a todos os instantes. Odeio-te, por seres a única mulher assim perfeita e odeio-me por ser o único que te pode ter. Odeio-nos!

18 de abril de 2015

Ela e ele

Ela fecha os olhos, está sozinha e esquecida,
Tenta esconder a raiva a que não resiste,
Vivendo num mundo que lhe não pertence,
Sorri a medo, tenta disfarçar que está triste,
Não sabe o que deve fazer, está perdida.

Ele acorda, mera rotina sem significado,
Não percebe o porquê de continuar a lutar,
Levanta-se sem vontade, ele não queria,
Sabe que no final daquele dia vai chorar,
Repete tudo no dia seguinte, está cansado.

E os dois encontram-se na rua, sem querer,
Olham-se nos olhos, partilham toda a dor,
Esquecem o mundo em que sobrevivem,
Sentem algo forte e estranho, talvez amor,
E sorriem, são felizes, deixam de sofrer.

12 de abril de 2015

Aqueles que não sabem amar

Amar não se aprende. Não há instruções, não há regras, não há nada que nos ensine qual é a forma certa de o fazer. Amar é, acima de tudo o resto, não pensar. Amar é não saber. Amar é pura e simplesmente amar, sem meias palavras, sem “mas”, sem nada para além de amor.

E quem não sabe amar, é quem ama mais, é quem ama realmente. Quem não o sabe fazer é quem sabe, sem saber, o que é o amor. Pode não saber descrevê-lo, não fazer ideia do que é, mas sente-o. E isso, apenas senti-lo, é a única coisa que se pode fazer em relação a este sentimento.

Amar é não dar o primeiro beijo, por ter medo que ela não o queira. Amar é não lhe dizer o quanto ela mexe com o nosso coração, por temer que ela vire as costas e saia da nossa vida. Amar é fazer de conta que ela não é importante, quando ela é a mais poderosa de todas as criaturas.

Amar é não saber, ou não ter consciência, que o tempo é curto e que se devem aproveitar todos os segundos. É abraçar menos do que se deve, gritar mais do que é necessário e sofrer mais do que é suposto. Mas amar também é exaustão, é acariciar a todo o instante, é não perder um fôlego expelido por ela, é errar e repetir todos os erros.

Talvez eu saiba mais sobre o amor do que aquilo que devia. E talvez por o saber, seja daqueles que ama por saber amar. Talvez o amor como eu o percebo, como esta força inabalável que me alimenta os sonhos, me abrilhanta os olhos e me aquece o coração, nem sequer seja amor. Espero que não o seja, porque se não o for, isso significará que não sei amar… sendo dos que mais ama!

11 de abril de 2015

À mulher da minha vida #1

Amo-te. E logo eu, que sou tão cuidadoso com a utilização desta palavra. Como escrevi um dia: “o amor cada vez existe menos… por existir em demasia.” E muita dessa “demasia” é explicada pela quantidade de pessoas que dizem “amo-te” sem o sentirem, sem respeitarem o seu significado.

Mas eu amo-te, amo-te e amo-te. Posso escrevê-lo 1000 vezes e gritá-lo aos 7 ventos, porque é a mais pura e sincera das verdades. Amo-te daquela forma indescritível como se deve amar, da mesma forma que tu me amas, mesmo que ainda não o saibas sequer.

Ainda não nos encontrámos ou ainda não o sabemos, mas fomos feitos um para o outro. E eu já te amo, só pelo que significas agora, mesmo sem “existires”. E se agora me sinto assim, imagino quando te tiver aqui nos meus braços. Anseio-te sabes? Quero mesmo encontrar-te, quero-te mesmo. Sonho contigo, mesmo que ainda não saiba os traços do teu rosto. Sonho em ter-te, em teres-me, em termo-nos.

Estou disposto a esperar o tempo que for preciso, por saber que quando te tiver vai valer a pena… mas queria-te já! Cada segundo sem ti é um segundo a menos contigo, é um segundo a menos de perfeição, de felicidade, de amor. E cada segundo sem ti, é menos um segundo que tenho de esperar para te ter. E é isso que me dá forças para esperar. Isso e outra coisa: amar-te!

8 de abril de 2015

Irei procurar-te

Tive-te. E isso mudou completamente a minha vida, mudou-me. Deixei de ser quem era e passei a ser o que sou: o resultado da tua curta passagem pela minha existência. Tive-te, mesmo não te tendo, e vou ter-te sempre. No meu coração, nas minhas memórias e nestas palavras, estará sempre um pouco de ti… e de nós.

E mesmo não te podendo ter mais, pelo menos aqui junto a mim, irei sempre procurar-te. Por tu seres a detentora daquele olhar, daquele sorriso, daquela forma de ser. Por tu seres tão incomparavelmente perfeita. Por tu seres tudo o que eu alguma vez poderia desejar.

Quando me voltar a apaixonar, sei que tu estarás lá. Sei que me apaixonarei porque ela, seja quem for, terá um pouco de ti. Poderá ser apenas aquele brilho nos olhos, aquela forma de falar, aquele sorriso. Mas tu farás parte dela. E quando a beijar pela primeira vez, vou recordar-me daquilo que já esqueci. Vou voltar a ter-te nos meus braços, mesmo não te tendo.

É injusto. É injusto que esteja condenado a amar-te e a não te ter. É injusto que, por muito que possa amar quem irei ter a meu lado, te tenha de amar a ti. Mas sabes, tu merece-lo. Mereces que eu viva assim, preso àquilo que tu representas. Mereces que eu te recorde, que te procure infinitamente e que te continue a elevar a divindade em cada texto. E mereces que eu volte a amar, mereces que em tua honra alguém possa ser a mulher mais feliz do mundo. Mereces tudo.

4 de abril de 2015

Mata-me e faz-me viver

"Por ninguém neste mundo merecer mais que tu.
Por seres a melhor mãe do mundo.
Todos os meus sucessos, tudo o que puder vir a alcançar na minha vida, será sempre por ti.
Amo-te Mãe."

Quando escrevi a minha tese de mestrado, foi esta a dedicatória que lá coloquei. E mais do que o conteúdo da tese, mais do que a classificação que recebi, foram estas palavras que me fizeram sentir orgulho por ter terminado com sucesso aquele desafio.

Hoje, a quase 3000km de distância da mulher que merece mais do que a palavra ‘tudo’ pode incluir, mantenho cada palavra que então escrevi. Por ela ser tanto, mas tanto. Por não haverem sequer palavras que a possam descrever.

E mata-me, mata-me estar aqui tão longe quando sei que ela precisa de mim. Mata-me não poder abraçá-la, não poder fazê-la sorrir e não poder estar lá, a seu lado, para a apoiar. E mais que isto, mata-me o facto de saber que estar longe é a decisão acertada. Mata-me não poder apanhar um avião amanhã para ir para junto dela, por saber que aqui é o lugar onde devo estar. Mata-me que tenha precisado disto, desta fuga, para poder parar de morrer aos poucos.

E faz-me viver, esta saudade, esta vontade de estar lá. Faz-me viver o facto de saber que tive a coragem para fazer aquilo que é melhor para mim e por saber que o melhor para mim é o que a faz feliz a ela. Faz-me viver poder olhar para o presente e testemunhar o quanto eu cresci e o quanto ela se vai orgulhar quando eu um dia voltar para os seus braços.

E é assim que um texto que começou com uma lágrima termina com um sorriso. Obrigado Mãe!

28 de março de 2015

O que mais mata

Há doenças que nos matam, que nos consomem o corpo e nos deixam os olhos em lágrimas. Doenças que não nos deixam descansar, que não nos dão tréguas, que nos obrigam a desistir de lutar. E mais que essas doenças que nos atacam o corpo, existem aquelas que nos atacam onde mais dói.

A depressão é uma das mais impiedosas doenças dos dias de hoje. Não é, como muitos pensam, uma doença que ataca “maluquinhos” ou uma doença fantasma. É uma doença tão séria quanto um cancro, tão séria quanto todas aquelas que nos matam.

Pode não nos atacar os órgãos nem se revelar em dores físicas, mas aquilo que se sente (ou não se sente) é brutal. O mundo desaba à tua volta, as lágrimas estão sempre prontas a escorrer e por mais pessoas que tenhas à tua volta, estás sempre sozinho. Nada faz sentido, nada vale a pena. Podes lutar para segurar as lágrimas, mas mais cedo do que tarde irás perder a capacidade de impedir que elas escorram. E quando elas escorrerem, pelo menos na primeira vez em que não as evitares, chegarás a um estado tão mas tão indescritivelmente vazio que uma parte de ti ficará lá.


E sabes aquela coisa do “tens de ser forte e lutar!”? Nem sempre a luta é a resposta, nem sempre tens que ser mais forte. A vida dá-te tantas opções. Podes simplesmente ganhar coragem (e não me digas que não consegues, porque para ter coragem basta parares de pensar por instantes) e fugir. Sim, fugir. Virar as costas àquilo que te está a matar, àquilo que te está a consumir e a fazer chorar, e fugir para longe. Porque sabes, a depressão muda-te como poucas coisas o podem fazer. Só tens que fazer com que te mude para melhor! 

24 de março de 2015

Suspiros

Queria chegar ao pé de ti e beijar-te
Como nunca ninguém foi capaz de fazer,
Queria chegar ao pé de ti e abraçar-te,
Docemente, sem nada ter a temer,
Queria chegar ao pé de ti e amar-te
Até que deixasses de me querer.

Queria revelar-te os meus sonhos e medos,
Queria ter-te aqui a meu lado enquanto escrevo,
Queria revelar-te todos os meus segredos,
Queria viver sendo simplesmente teu servo.

Mas em vez disso largo estes suspiros inaudíveis,
Escondo-me para não ter que te enfrentar,
Choro na escuridão, lágrimas tão insofríveis,
E fecho os olhos para não ter que te olhar.

22 de março de 2015

Quando chorares, abraça

Há poucas coisas neste mundo, se é que há alguma, que possam valer tanto quanto um abraço, um mero e simples abraço. Abraçar é estar ali, indefeso, nos braços de alguém que indefeso está. É confiar, é fechar os olhos e apertar o corpo que temos como prolongamento do nosso, é parar o relógio e sentir, apenas isso, sentir.

Os abraços não deviam poder ser curtos, porque a magia está no abraço demorado. A magia está naquele abraço que dura 1 minuto e parece demorar uma hora, porque naquele minuto houve tanto, mas tanto. Naquele minuto os problemas desapareceram, as preocupações não existiam e a vida ficou “limitada” àquilo, àquele abraço.

E depois de tudo isto, tenho um pedido a fazer-te. Sim, a ti que estás desse lado a ler-me. A ti que posso ou não conhecer. A vida irá, invariavelmente, tentar fazer-te chorar. Tu vais ser forte e resistir, mas possivelmente chegarás a um momento em que não vais aguentar e vais chorar. Nesse momento, quando estiveres com a face afogada em lágrimas, peço-te que abraces.

Abraça quem amas, abraça quem conheces, abraça desconhecidos. Abraça. Como se não houvesse amanhã, como se a tua vida dependesse disso. E quando parares de chorar porque os ombros de quem abraçaste absorveram as tuas lágrimas, não pares. Porque a vida tentará também fazer chorar quem te rodeia, e aí será a tua vez de disponibilizares ombros para absorverem lágrimas.

E se puderes, mesmo que eu esteja do outro lado da Europa, abraça-me. Se for preciso faz 3000km só mesmo para isso, para me abraçar. Eu prometo-te que estarei aqui, de braços abertos, pronto a parar o tempo por ti, por mim.

20 de março de 2015

A ti, por te ter chorado

Agradeço-te hoje, muito tempo depois da razão que me leva a fazê-lo. Mas não é tarde, nunca o é. Agradeço-te… por te ter chorado. Pelas lágrimas, pelo desespero e pela desolação que me provocaste. Pelas incontáveis vezes em que quis odiar-te e em que me dei conta da impossibilidade de o fazer. Por todas as noites em que adormeci contigo no pensamento.

Agradeço-te também pelas noites em que não adormeci. Pelos dias em que não tive vontade de viver por não te ter a meu lado. Por todos os segundos em que me culpei por não te merecer. Agradeço-te por me teres, inadvertidamente, conduzido ao estado mais auto-destrutivo que já vivi. Por me teres feito sentir perdido e abandonado. Por me teres feito deixar de me sentir a mim mesmo.

Amei-te. Da forma como todo o homem devia amar. Amei-te acima de tudo e todos. E foi um amor tão puro, tão cru, tão imensurável. Eras o meu mundo. Eras tudo o que eu desejava, eras tudo o que eu poderia sonhar. E eu amei-te… e vou amar-te sempre.

Por isso agradeço-te, por não só teres entrado na minha vida como te teres tornado nela. Agradeço-te pelos sorrisos que me provocaste, pelos suspiros apaixonados que me fizeste libertar, pelo tanto que me fizeste sonhar. Agradeço-te por me teres olhado, por me teres dado a oportunidade de te ter junto a mim, por me envolveres no teu abraço.

Guardarei todas as memórias e recordá-las-ei com um sorriso. E sei que tu, mesmo não me amando nem me querendo a teu lado, irás guardá-las e recordá-las da mesma forma. Porque uma história de amor não precisa do “viveram felizes para sempre” para ter um final feliz. Mudaste a minha vida, como nunca ninguém havia feito, e mudaste-a para melhor. Por isso… agradeço-te!

19 de março de 2015

Quando nos encontrarmos

Um dia, não sei se daqui a um ou dez anos, sei que te vou encontrar. Aliás, sei que nos vamos encontrar. Por saber que o destino te tem para mim como me tem para ti. Por saber que tudo está inexplicavelmente planeado por algo maior que nós, algo muito maior. E provavelmente tu vais ler estas palavras, vais ler as que escrevi antes e as que ainda vou escrever. Vais conhecer-me melhor através disto, vais perceber o quão complexo fui e o quanto mudei… e vais amar-me.

E eu vou amar-te também, na mesma medida do teu amor, nessa medida imensurável que nos vai unir e não nos vai deixar afastar. Quando isso acontecer, quando finalmente nos tivermos, tudo fará sentido. As lágrimas que eu chorei e as que sei que tu choraste, o que sofreste e o que eu sofri, tudo será parte da vida que tínhamos antes de nos termos.

Sabes, eu já te amo agora, mesmo sem saber quem és. Amo-te por saber que te vou amar, por saber que vais aparecer na minha vida, por me vires provar que o amor existe mesmo. Amo-te e prometo que te o vou mostrar todos os dias, prometo que o vais sentir a cada olhar, a cada toque, a cada palavra. Prometo que mesmo tendo-te, te vou conquistar. Prometo que te vou fazer sentir a mulher mais feliz do mundo e quando sentires que o és, te vou mostrar que podes ser ainda mais feliz.

Vou-te fazer sorrir. Aliás, fazer-te sorrir será a minha maior missão. E por cada sorriso perfeito com que me presenteares (sim, porque eu sei que o teu sorriso será perfeito), eu sentir-me-ei mais vivo. Vou ser parvo muitas vezes, provavelmente vou até abusar e ser demasiado parvo. Peço-te que tenhas paciência. Quando te fartares das minhas parvoíces vais virar-me os olhos e eu vou-me desculpar. Não vou fazer birras nem vamos ficar chateados durante horas. Porque eu te amo e tu me amas. Não faz sentido perdermos tempo não sendo felizes.

Aviso-te também, se ainda não leste o que escrevi antes e o que escrevi depois, que tive outros amores. Amei-as de todo o coração e fui feliz. Escrevi-lhes as palavras mais sinceras, mais puras e mais verdadeiras. No entanto, a partir do momento em que te tiver, o meu coração será teu. Eu serei teu. Em toda a dimensão do meu ser.

Não te peço que apareças amanhã nem na próxima semana. Sei que quando for, será. E será perfeito. Aliás, não sei sequer se não apareceste já. Seja como for, espero que quando leres estas palavras sorrias, como eu sorrio neste momento em que as escrevo. Porque este sorriso, a felicidade que sinto neste preciso instante, é graças a ti. Por saber que um dia lerás isto, por saber que a mulher que mais amo neste mundo está aí, a ler-me. Até já.

18 de março de 2015

Amor demais

Tudo o que é demais faz mal. Tudo, menos o amor. Porque o amor não faz parte do ‘tudo’, o amor é ‘tudo’. E como o amor é tudo, o amor tem que ser demais. Se não o for é porque não é amor, é porque é uma ilusão de amor, algo que parece ser o que não é. O amor, o único que existe, o verdadeiro amor, é demais. É sufocante. É impertinente. É incontrolável. Não tem limites, não tem barreiras, não é sequer quantificável.

E o amor não se escreve. Concluí isso agora, depois de escrever centenas de poemas, textos e cartas sobre o amor. O amor vive-se, sente-se, respira-se. Mas não se escreve. E sabes aquele ditado de que “uma imagem vale mais que mil palavras?” Até poderá, ocasionalmente, ser verdade. Mas quanto ao amor, nem mil imagens valem mais do que o “tudo”.

Este “tudo” que já me fez escrever tanto, que já me fez chorar e rir, que já me fez sentir o homem mais feliz e mais amaldiçoado deste mundo… este “tudo” era em tempos tão complexo para mim e agora é tão estupidamente simples. Sim, porque o amor é a coisa mais simples do universo. Porque quando é amor, não há “ses” nem “mas”, não há nada em que pensar a não ser nos beijos, nos abraços, nas carícias, nos sorrisos e naquela total pertença. Pelo menos, quando o amor é o “tudo” como deve ser.

10 de março de 2015

Tudo é sofrer

A vida traz-nos todos os dias a possibilidade de crescer, de aprender algo e de passar ao próximo nível da nossa existência. Não precisamos de esperar por essa possibilidade, nem sequer nos podemos preparar para ela. Simplesmente tudo acontece, como se no fim tudo se tratasse de um guião complexo cheio de enredos impossíveis de decifrar a priori.

A vida é, dei-me conta hoje, sofrer. A essência disto, disto que nós tendemos a valorizar e a colocar acima de tudo o resto, é mesmo sofrer. Seja por isto, seja por aquilo, nunca ninguém será alguém se não tiver sofrido, porque o sofrimento está-nos no sangue, está de tal forma aliado àquilo que é viver que nem faz sentido tentar criar uma separação entre ambos.

E o maior exemplo disto é a morte. Mesmo quando esta coisa que faz bater o nosso coração - a vida -, se for, o sofrimento ficará. Não em nós, é certo, mas naqueles que nos amam. Seremos então, depois de mortos, a verdadeira razão para os que cá ficam viverem: seremos o seu sofrimento.

Sim, temos felicidade, temos amor, temos paixão, temos tantos sentimentos. Mas não giram todos eles em torno do conceito de sofrer? Mesmo a felicidade, isso que tantos procuram, mais não é que o não sofrer. É a pausa na dor, nas lágrimas, no sentir que nada está bem e na incompreensão da nossa existência. E mesmo essa, a felicidade, um dia terá um fim. Já o sofrimento, esse ficará, passará de geração em geração, de milhares em milhares de anos, e será sempre aquilo que nos faz realmente humanos.

27 de fevereiro de 2015

Memórias de um Passado Recente

A reabertura do ‘Noites’ obrigou-me a ler alguns dos muitos textos que escrevi e que nunca cheguei a publicar, sendo que grande parte deles foram escritos entre 2010 e 2011 (depois acabaria por me afastar da escrita e são poucos os textos/poemas nos 3 anos seguintes). São mais de 50 textos, em que se contam 30 ‘Cartas a um Amor Secreto’, sem grandes dúvidas aquilo que de melhor criei neste espaço. Essas ‘Cartas’ são muito mais cruas e diretas que todas as que aqui publiquei, pelo que optei por não as partilhar.

Em vez disso decidi que os conteúdos que aqui postar serão todos escritos propositadamente, até porque aquele que eu era há três anos e meio atrás não é o mesmo que sou agora. Isto poderá fazer com que as atualizações ao blogue sejam menos frequentes, no entanto prefiro manter-me fiel àquilo que sou e tentar fazer com que este espaço seja, acima de tudo, um reflexo dos vários momentos da minha vida.

Mas voltando ao passado, foram tantas as coisas que escrevi que agora me dou conta de que não deveria ter escrito, ou melhor, que poderia ter escrito mas tinha por obrigação ter a coragem de colocar em prática (é muito sobre este questão que as ‘Cartas’ restantes incidem: a minha falta de coragem). Felizmente que os anos me trouxeram a capacidade de perceber esta realidade.

18 de fevereiro de 2015

15 de fevereiro de 2015

Ensaio sobre o Amor

Passei grande parte da minha vida apaixonado e sempre tive facilidade em fazê-lo. Estou certo que me terei apaixonado mais de 100 vezes, por aquela rapariga que passava na rua, pela moça da caixa do supermercado, pela filha de uma amiga de um conhecido, por aquela moça que ainda hoje vi no bar, entre tantas outras. No entanto trataram-se das chamadas ‘paixões assolapadas’, em que passado 10 minutos já nem me recordava do rosto do alvo da minha paixão. Mas eram paixões reais, daquelas que me consumiam mesmo que por minutos e me faziam sonhar com uma história de amor. Eram paixões no seu estado puro, daquelas que nos arrebatam com estrondo e nos deixam zonzos e sem saber o que fazer.

E se muitas das minhas paixões foram assim, momentâneas, outras houve que o foram em toda a sua plenitude, paixões que evoluíram e se transformaram em amor mesmo sem nunca deixarem de ser paixões. Essas, e conto seis casos até ao dia de hoje, foram mais que paixões e mais que amores, foram parte da minha história e são parte de mim. A essas raparigas irei amar para sempre. Um amor diferente do que em tempos foi, é certo, é um amor mais racional e menos de pertença. Posso até não falar regularmente com algumas delas, posso até não lhes falar de todo (apenas por a vida nos ter feito seguir caminhos diferentes), mas elas serão sempre ‘elas’.

Dessas seis raparigas não há uma única história que seja igual, nem sequer que seja idêntica. Foram seis histórias de amor que foram imperfeitamente perfeitas como o amor deve ser. E quando falo em ‘histórias de amor’ não quero com isso dizer que os meus sentimentos foram correspondidos, nem sempre o foram. Logicamente que sofri com todas essas histórias, mas também fui feliz. E mais importante que isso sei que contribui para a felicidade de todas essas raparigas.

Outra característica sobre essas histórias é que nunca terão um ponto final, mesmo que julguemos que o têm. Podemos fechar o livro, acorrentá-lo e atirá-lo ao oceano, que se foi uma verdadeira história de amor como as minhas foram (pelo menos naquela que é a minha noção de amor) nunca haverá um verdadeiro fim. Aquilo que vivemos será sempre parte de nós, seja de mim seja dela, e será sempre um pouco responsável por aquilo que somos, aquilo em que nos tornámos.

E se eu fui feliz em todas estas histórias, mesmo que todas elas tenham terminado (sem nunca terem um ‘FIM’), resta-me esperar pela próxima, sendo que hoje sei que o amor é tão, mas tão simples, que estou certo que lidarei ainda melhor com ele.

14 de fevereiro de 2015

Reinício das Noites

Passaram-se mil cento e noventa e quatro dias desde que postei o texto que marcaria o final do ‘Noites de Utopia’ e quando o fiz estava convencido que seria a última vez que postaria algo neste espaço. Estava enganado. Hoje decido reabrir as ‘Noites’, por achar que é o momento certo para o fazer. Sinto que ainda há tantas palavras que devo escrever, tantas lágrimas e sorrisos que devo transformar em textos, que não faria sentido manter este blogue estagnado. É então tempo de iniciar um novo ciclo.

As ‘Noites de Utopia’ serão agora acima de tudo ‘noites de esperança, noites de sorrisos e fantasias, noites de alegria e perfeição, noites que serão sempre as grandes responsáveis por eu continuar a acreditar no destino, na felicidade e, acima de tudo, no amor.’. Serão noites de… utopia!

As atualizações serão tão frequentes quanto o possam ser, sendo que para amanhã está já agendado o primeiro post. Espero que o ‘Noites’ continue a merecer os visitantes que outrora foram regulares. Obrigado.