29 de dezembro de 2015

À mulher da minha vida #9

Na última carta que te escrevi expliquei-te o porquê de me ter vindo a afastar de ti ultimamente, deixando claro que os meus sentimentos por ti não mudaram. Aliás, dificilmente algum dia os meus sentimentos por ti irão mudar. Como já te escrevi várias vezes, a tua significância na minha vida é demasiado grande para se alterar, mesmo que nunca surjas no mundo real.

Mas hoje, na última das cartas que te vou escrever este ano, decidi que tinha mais para te escrever, algo novo e que nunca transpareci em nenhum dos textos que te dirigi. Esse algo surge no seguimento de um parágrafo de uma das minhas cartas, que transcrevo:

“E é por isso que queria agir: queria abraçar-te e sussurrar-te ao ouvido o quanto te amo, queria acariciar-te o rosto e entrelaçar as minhas mãos nas tuas. Queria mexer-te no cabelo, surpreender-te com um carinho, tocar-te. Queria fazer-te rir até as lágrimas te começarem a escorrer pela face, queria fazer-te perder noção das horas, fazer-te feliz.”

Porque sabes, os meus sentimentos não mudaram… mas algo mudou. Pela primeira vez desde que te criei sinto que tenho que fugir, tenho que te virar as costas, tenho que ir para longe. Simplesmente, acho que mesmo que aparecesses, eu não te mereceria. Acho que talvez seja este o meu fado: procurar-te e quando te sentir próxima… fugir. É como se não quisesse ser feliz nem sequer arriscar sê-lo.

Eu sei que não faz sentido… mas alguma coisa nesta história o faz? Faz sentido ter-te criado e ter-te escrito tanto, sem sequer saber se algum dia serás real? Faz sentido que, se existires mesmo, te mantenhas afastada de mim em vez de estares a meu lado? Não sei… Nunca soube… Mas preciso de fugir…

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