Ter medo é indubitavelmente o primeiro passo para ser corajoso. E eu
gostava de o ser, ó se gostava. Queria que este medo que me atormenta se
transformasse em força e que estas lágrimas fossem como um rio que me conduzisse
a bom porto. E acima de tudo, gostava de ser capaz de acreditar, ao invés de
ser apenas capaz de sonhar. Gostava de poder cerrar os olhos, sonhar com aquele
futuro que desejo e crer que aquele cenário imaginado se poderia tornar real.
Mas não consigo…
Gostava ainda mais, mesmo que saiba os malefícios associados, de voltar
àquele tempo em que escrevia com a certeza que as palavras iam mudar a minha
vida. De voltar àquele tempo em que todas as noites era capaz de escrever uma
carta ou um poema e em que a dor me era tão fácil de transformar em palavras.
Mas sei que estou melhor assim. Ciente da realidade e ciente da dor que
carrego, sem utopias para além deste blogue e sem crenças para além daquelas em
mim mesmo. Estou melhor assim, sóbrio, sem me afogar em pensamentos e teorias
e, sobretudo, sem me afogar nas palavras que tantas vezes me puxaram à tona de
água… e tantas vezes me afundaram mais…