25 de agosto de 2015

Medo de um amor que não acontece

Ter medo é indubitavelmente o primeiro passo para ser corajoso. E eu gostava de o ser, ó se gostava. Queria que este medo que me atormenta se transformasse em força e que estas lágrimas fossem como um rio que me conduzisse a bom porto. E acima de tudo, gostava de ser capaz de acreditar, ao invés de ser apenas capaz de sonhar. Gostava de poder cerrar os olhos, sonhar com aquele futuro que desejo e crer que aquele cenário imaginado se poderia tornar real. Mas não consigo…

Gostava ainda mais, mesmo que saiba os malefícios associados, de voltar àquele tempo em que escrevia com a certeza que as palavras iam mudar a minha vida. De voltar àquele tempo em que todas as noites era capaz de escrever uma carta ou um poema e em que a dor me era tão fácil de transformar em palavras.

Mas sei que estou melhor assim. Ciente da realidade e ciente da dor que carrego, sem utopias para além deste blogue e sem crenças para além daquelas em mim mesmo. Estou melhor assim, sóbrio, sem me afogar em pensamentos e teorias e, sobretudo, sem me afogar nas palavras que tantas vezes me puxaram à tona de água… e tantas vezes me afundaram mais…

19 de agosto de 2015

À mulher da minha vida #6

Li-te. Quando te olhei nos olhos a primeira vez e percebi toda aquela imensidão de sentimentos, todas as tuas dores e mágoas. Li na tua expressão aquilo que já havias enfrentado e o quanto estavas cansada de lutar. Li o teu sofrimento, e sofri de imediato contigo, por ter lido também no teu olhar o quão maravilhosa eras, o quão sincera e repleta de bondade, o quão não merecias ter esse olhar triste.

Mas sabes, li também, no fundo do teu olhar, uma réstia de esperança, um sinal de que tu, apesar de tudo, ainda acreditavas que algo podia mudar a tua vida e dar-lhe um sentido. Atentei nesta réstia, olhando-te nos olhos, e foi quando me sorriste…

Arrepiei-me ao sentir o teu sorriso naquele momento, enquanto invadia o teu olhar e te lia sem sequer pedir autorização. Apercebi-me então que não precisava de te ler para perceber que eras a criatura mais perfeita que já havia encontrado na minha vida. Tudo em ti era perfeito e, mais que isso, tudo em ti era sincero e cheio de um sentimento puro que me custou a compreender.

Foi então que, voltando a ler-te, me dei conta que tinha que lutar por ti. Tinha que fazer com que aquela réstia de esperança que tinha deslumbrado no fundo do teu olhar ganhasse a minha forma. A minha missão passou então a ser simples: fazer de ti a mais feliz de todas as mulheres, a mais amada, a mais louvada.

E juntos, de mãos dadas num mundo cheio de falsidade, com a tua perfeição e a minha imperfeição, criámos o mais bonito de todos os mundos: aquele em que eu e tu fomos um nós, aquele em que me tornei o mais rico de todos os homens.

11 de agosto de 2015

Lágrimas de um céu despedaçado

O pôr-do-sol ofusca tudo a seu redor, provocando este calmo silêncio que se apodera de todos os emissores de sons. E lá ao fundo, num horizonte que parece tão próximo e está tão longe, o sol desce lentamente para se deixar ocultar pelos montes agora alaranjados pelo clarão.

Este silêncio, tão puro e tão raro, une-lhes as mãos num aperto sincero salpicado pelo suor que um momento assim, tão ímpar, provoca. Ali, naquele “agora” tão curto que parece prolongar-se por prazerosas horas, não há mais ninguém no mundo exceto eles. E por isso, apenas pela ausência de todo o dispensável resto, tudo é estranhamente perfeito.

O sol ainda espreita, envergonhado, por entre o cume do monte mais alto, mas o seu brilho desvanece-se à medida que os segundos passam. Eles, imersos pelo momento e consumidos por aquele sorriso que partilham, sabem que em breve a magia terminará e o mundo voltará a subjugá-los àquele caos barulhento a que diariamente sobrevivem.

É então que, enquanto o sol diz adeus até ao seu nascer na manhã seguinte, do céu começam a cair lágrimas, inicialmente esporádicas e que crescem de intensidade, confundindo-se com aquelas que escorrem agora pelas faces dele e dela… qual sincronia planeada. São lágrimas, tanto umas como as outras, de saudade do silêncio e de ansiedade pelo pôr-do-sol seguinte, onde eles poderão novamente ser felizes daquele forma tão pura e tão reveladora do que o amor deve ser: duas mãos unidas no silêncio, como se apenas de um corpo se tratasse, sem absolutamente nada mais.

Porque no final de contas, tudo é tão, mas tão simples, como um simples pôr-do-sol…