O pôr-do-sol ofusca tudo a seu redor, provocando este calmo silêncio que
se apodera de todos os emissores de sons. E lá ao fundo, num horizonte que
parece tão próximo e está tão longe, o sol desce lentamente para se deixar
ocultar pelos montes agora alaranjados pelo clarão.
Este silêncio, tão puro e tão raro, une-lhes as mãos num aperto sincero
salpicado pelo suor que um momento assim, tão ímpar, provoca. Ali, naquele
“agora” tão curto que parece prolongar-se por prazerosas horas, não há mais
ninguém no mundo exceto eles. E por isso, apenas pela ausência de todo o
dispensável resto, tudo é estranhamente perfeito.
O sol ainda espreita, envergonhado, por entre o cume do monte mais alto, mas o seu brilho desvanece-se à medida que os segundos passam. Eles, imersos pelo momento e consumidos por aquele sorriso que partilham, sabem que em breve a magia terminará e o mundo voltará a subjugá-los àquele caos barulhento a que diariamente sobrevivem.
É então que, enquanto o sol diz adeus até ao seu nascer na manhã seguinte, do céu começam a cair lágrimas, inicialmente esporádicas e que crescem de intensidade, confundindo-se com aquelas que escorrem agora pelas faces dele e dela… qual sincronia planeada. São lágrimas, tanto umas como as outras, de saudade do silêncio e de ansiedade pelo pôr-do-sol seguinte, onde eles poderão novamente ser felizes daquele forma tão pura e tão reveladora do que o amor deve ser: duas mãos unidas no silêncio, como se apenas de um corpo se tratasse, sem absolutamente nada mais.
Porque no final de contas, tudo é tão, mas tão simples, como um simples
pôr-do-sol…
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