27 de julho de 2015

O que sou não é mais o que era

Longe vão os tempos em que para escrever, não precisava de pensar. As palavras saíam, simplesmente, fluídas e irrefletidas, construindo as cartas, os poemas e os textos que por tanto tempo alimentaram este blogue. Agora é diferente, agora sou diferente.

Lembro-me bem, naqueles tempos em que escrevia todas as noites, de estar em sofrimento até acabar um texto, de sorrir aquando do último ponto e de pensar: “Isto vai mudar alguma coisa, tenho a certeza que vai!”. No final, obviamente que tudo ficava na mesma até ao próximo texto, até à próxima dose de sofrimento concentrado e atroz que me consumia de cada vez que escrevia.

Mas eu acreditava, oh se acreditava, que podia mudar alguma coisa. Acreditava, quando escrevia para alguém, que essa pessoa iria ler e perceber o quanto eu a amava. Acreditava que do outro lado estava alguém à espera das minhas palavras, alguém para quem elas significavam algo.

E tudo isto é só mais um indicativo do quão sonhador fui e do quanto isso condicionou a minha vida. Posso ter perdido dezenas de oportunidades para ser feliz, mas tenho a certeza que todas essas oportunidades me fizeram chegar onde estou hoje. E sou melhor agora… e vou ser melhor amanhã. E tudo aquilo em que potencialmente me vier a tornar será um pouco (ou um muito?) de cada lágrima que escorreu pela minha face. Ainda bem que todas aquelas lágrimas escorreram!

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