7 de fevereiro de 2016

O dia em que a deixei de ter

Fomos felizes. Depois de tudo o que passámos, esta foi a maior conclusão. E a mais relevante. Nos sorrisos, nas lágrimas, nos abraços e nas confidências, fomos sempre felizes. Fomos nós mesmos, fomos crus, puros, verdadeiros. Fomos um só sem nunca perder aquilo que nos tornava únicos. Fomos… Até ao dia em que percebi que a tinha perdido. Até ao dia em que tudo deixou de fazer sentido.

Ela era tanto, era-me tanto. E eu sempre o soube. Perdi-a, mas sempre soube que não a podia perder. Sempre a tratei como se ela fosse a mais especial de todas as mulheres. Sempre lhe mostrei o quanto a amava, mesmo sem precisar de pronunciar a palavra. E eu sei que ela o sentia. A cada olhar, a cada abraço, a cada beijo. Sei que ela se sentiu, em todos os momentos que partilhámos, feliz por me ter a seu lado.

E é por isto que não consigo aguentar. Não percebo. Não quero compreender. Porque é que a perdi? Porque é que não a posso ter aqui agora e continuar a mostrar-lhe o quanto a amo? Porque é que aquilo que tínhamos tinha que terminar tão repentinamente?

Mas continuo a amá-la. Vou amá-la sempre. Ela não foi, ela é. E será sempre. Já eu… eu fui. Fui enquanto a tinha a meu lado, enquanto lhe pude mostrar diariamente o que ela significava. Agora já não sou. A minha vida era ela, era o seu sorriso, era o seu olhar. Eu fui, todos os dias, quando lhe beijava suavemente os lábios para a despertar… Até ao dia em que ela não despertou…