Há alguns dias que não te escrevo, mas não é por me teres saído do
pensamento. Aliás, tu és já parte de mim, mesmo não estando ainda aqui,
portanto é impossível despegar-me de ti. Sabes, tendo vindo a sentir que não
tenho muito mais para te dizer. E até acho que é compreensível. Já te disse
tanto, já te louvei tanto, já te sonhei tanto. E ao que é que isto me leva? Estas
cartas para ti, mulher da minha vida?
Ganhei, e continuo a ganhar a cada dia, uma estranha e irrefletida
capacidade de agir que me faz ter orgulho naquilo em que me tornei. Feliz ou infelizmente,
isso tirou-me um pouco disto, do poder que um dia as minhas palavras possam ter
tido. E é por isto que me sinto assim, como se nada do que eu pudesse escrever possa
alterar algo, como se estas palavras mais não sejam que isso mesmo… palavras.
E é por isso que queria agir: queria abraçar-te e sussurrar-te ao ouvido
o quanto te amo, queria acariciar-te o rosto e entrelaçar as minhas mãos nas
tuas. Queria mexer-te no cabelo, surpreender-te com um carinho, tocar-te.
Queria fazer-te rir até as lágrimas te começarem a escorrer pela face, queria
fazer-te perder noção das horas, fazer-te feliz.
Também queria pedir-te em namoro, não uma ou duas vezes, mas tantas
quantas possam ser. Queria pedir-te em namoro para te mostrar que estar contigo
é o que mais quero e para ter a certeza que tu queres o mesmo. Queria que cada
beijo que dessemos fosse como o primeiro, em que nos sentíamos como miúdos sem
saber o que ia acontecer, sem saber o que viria a seguir. Queria que cada
abraço fosse uma paragem no tempo, fosse o nosso ‘porto de abrigo’, fossemos
nós.
E por fim, queria escrever a próxima carta à mão. Queria poder dar-te um
beijo suave nos lábios e deixar-te a carta ao lado, antes de sair de casa, para
que pudesses saber o quanto te amo logo quando acordasses. Quero-te.
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