31 de julho de 2010

Carta a um amor secreto n.24

Não entendo como isto atingiu estas proporções. Não entendo como de um momento para o outro te comecei a venerar, como de uma simples atracção nasceu algo tão imenso como aquilo que hoje sinto. E perco a noção das horas quando começo em busca de uma justificação, em busca de alguma coisa que me faça perceber a razão pela qual já te escrevi tanto, a razão pela qual continuo a sonhar contigo, a razão pela qual o meu coração bate mais rápido na tua presença. No entanto tudo faz sentido quando te olho, tudo faz sentido quando recordo o teu olhar, o teu cabelo, o teu sorriso. Tudo faz sentido quando relembro aquilo que infelizmente esqueci.
Gostava que aprendesses a amar-me, mesmo sabendo que não é assim que deve ser. Gostava que quando me olhasses os teus olhos brilhassem. Gostava que lesses tudo o que te escrevi e te desses conta da imensurável dimensão do meu sentimento. Mas isto é apenas mais uma utopia no meu universo de sonhos impossíveis. Sei bem que estou condenado a adormecer lentamente enquanto imagino cenários em que tu te aproximas e me abraças apaixonadamente. Sei bem que todas estas cartas têm apenas um destino: o esquecimento. Sei bem que de ti nunca poderei ter mais do que um gélido “olá” ou um olhar de indiferença. Mas não será por isso que o sentimento que por ti nutro irá desaparecer, nem será por isso que deixarei de acabar cada carta com a esperança de que tu a vais ler e vais sorrir. Afinal, é para isso que eu existo. Poderia eu ter um propósito mais nobre?

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