22 de janeiro de 2016

À mulher da minha vida #10

Tem-me sido difícil, cada vez mais difícil, escrever-te. Custa-me fazer isto: fechar-me em mim mesmo escrevendo para alguém que não lê as minhas palavras, fechar-me por alguém que provavelmente nunca vai surgir. E sabes o que me tem custado mais? É a noção da minha incapacidade. Sou incapaz de te procurar, de fazer qualquer esforço que me possa colocar no teu caminho. Sou incapaz de acreditar.
 
Tu podes ser uma das dezenas de raparigas com que me cruzo diariamente, podes ser aquela rapariga que me sorriu ocasionalmente, podes ser aquela com que troquei olhares no meio da rua. Posso até já me ter cruzado contigo mais que uma vez, no entanto fui sempre incapaz de fazer algo mais. E por isso deixei-te escapar.
 
E então pergunto-me, em mais uma das tantas desculpas que insisto em procurar para não ser feliz, se estou preparado para te encontrar, quando na verdade ainda nem a mim me encontrei. Pergunto-me se em vez de te escrever estas cartas, não deveria escrever para mim mesmo. Pergunto-me se isto, esta dor que sinto ao te escrever, é mais do que uma maldição à qual estou condenado.
 
E chego à conclusão que tenho que começar de novo. Que tenho que fugir, deixando tudo e todos para trás, e ter um novo início. Mesmo que esse início apenas me conduza a outro e outro, sucessivamente. E concluo que este blogue continua a fazer-me mal… como sempre fez.
 

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