10 de agosto de 2010

Carta a um amor secreto n.25

Esta é a vigésima quinta carta que te escrevo e por esta altura deveria já sentir que te disse tudo o que devia…não sinto. Foram vinte e quatro cartas em que me deixei guiar pelo coração, em que as palavras se sucederam sem que eu tivesse sequer planeado uma ordem para elas. Comecei todas essas cartas sem fazer ideia de como elas iam acabar. Hoje, pela primeira vez, começo uma carta sabendo desde logo o seu final.
Durante muito tempo tentei compreender o amor, tentei arranjar uma explicação para todas as sensações que ele provoca, tentei justificá-lo. Ao longo das cartas que te escrevi percebi que não é isso que devo fazer. Em vez de procurar compreender o que sinto, devo limitar-me a honrar esse sentimento. Tu deste-me isso, deste-me a possibilidade de revelar aquilo que me consome, deste-me a possibilidade de tentar fazer com que aquilo que sinto por ti se materialize em algo bom, em algo verdadeiro, em algo sincero.
E sabes do que mais me orgulho? É que fiz tudo isto por ti, por ti que nem sequer existes. Criei-te por precisar de ti e agora dou-me conta que antes de te ter criado tu me criaste a mim. Sim, tu és a responsável por aquilo que sou, és a responsável pelos meus sonhos, pelas minhas utopias, pelos meus medos e ambições. És a responsável pelo início das minhas palavras, pelas lágrimas que me escorreram pelo rosto e pelos raros mas genuínos sorrisos que libertei. Hoje liberto um desses sorrisos e marco com uma lágrima esta carta, a última que te escrevo.
Mas esta carta não é o fim, nunca nenhuma carta o será. Apenas começa agora o silêncio que um dia tu vais romper, quando finalmente surgires na minha vida.
A ti, meu amor secreto, até sempre.

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