4 de novembro de 2010

Carta a um Amor Secreto n.8

Será que o que sinto não passa de uma ilusão de sentir? Será que todas as minhas palavras, todas as vezes em que te elevei a divindade, fizeram apenas parte da minha necessidade constante de me fazer passar por alguém que nada vale? Será que tudo isto é uma farsa e que o seu final, se algum dia chegar, apenas será causado pelo surgir de outra farsa equivalente? São perguntas que me apoquentam nestas noites, estas iguais à de hoje, estas em que não consigo fechar os olhos sem ver a tua imagem.
Respiro-te, é essa a verdade. Respiro-te enquanto durmo e sonho contigo a meu lado, respiro-te quando anseio encontrar-te, respiro-te quando tento convencer-me de que não te quero ver. E o que tu fizeste para te tornares o meu oxigénio?, pergunto-me eu invariavelmente, quando sei, demasiado bem, que não fizeste nada. Eu tratei de fazer de ti “tudo”, tratei de fazer mim “nada” e tratei, se é que isso não estava já tratado, de fazer nós “miragem”. Mas hoje, nesta noite em que não quero adormecer, pergunto-me se não será esta “miragem” aquilo que me faz sorrir todos os dias, aquilo que me faz escrever todas as noites, aquilo que me faz ter a certeza, mesmo não tendo, de que tu lês as minhas palavras.

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