23 de março de 2010

Há dias...

Há dias em que de nada serve escrever, em que de nada serve falar, em que de nada serve lutar. Há dias em que a dor é a maior das sensações, tão maior que abafa tudo o resto, tão maior que destrói qualquer hipótese de sorrir. Há dias em que me sinto num labirinto inultrapassável, dias em que desisto de tudo o que tenho, dias em que só quero desaparecer. Há dias em que tudo me magoa, tudo me causa incuráveis feridas, tudo me faz desejar não estar aqui, neste mundo, nesta realidade. Há dias em que não preciso de ter razões para chorar, não que elas me faltem, mas porque não lhes dou sequer atenção. São dias em que as lágrimas acumuladas são libertadas, uma inevitabilidade com que luto desde o início e à qual acabo sempre por me render. E nesses dias, cada vez mais frequentes, estou sozinho sem mim mesmo, entregue ao sabor do vento, perdido do “eu” que não encontro, isolado do mundo ao qual não pertenço, abandonado por aqueles que não conheço. E nesses dias grito silenciosamente, procurando o socorro que não chega, ansiando pela cura deste cancro que me consome aos poucos. E nesses dias, nesses dias dou-me conta da realidade, baixo os braços e espero…nada mais posso fazer.

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