20 de fevereiro de 2010

Carta a um amor secreto n.6

Estava sozinho, mergulhado na imensidão das palavras, embalado pelo som da música que ouvia. O mundo em que eu estava naquele momento era o meu mundo, aquele em que nunca ninguém entrou, aquele em que nunca deixei ninguém entrar. E embora houvesse pessoas por perto eu sentia-me de tal maneira isolado que já nem me lembrava de que elas estavam ali, mesmo nas minhas costas. Apenas um vidro nos separava. Podia afirmar, com toda a certeza, que estava feliz. Uma felicidade apenas minha, diferente daquela que normalmente as pessoas sentem. Era uma felicidade estranha, uma felicidade que era mais ausência de dor do que propriamente existência de alegria.

E foi então que, de repente, senti a porta da varanda a abrir-se, mesmo atrás de mim, interrompendo a minha calma, trazendo-me do meu mundo. Inclinei-me para perceber quem tinha causado o meu regresso…e parei. Perante mim estavas tu, com o teu sorriso, com o teu brilho. Pediste desculpa por interromperes, e mesmo antes de eu pensar em alguma coisa para dizer, sentaste-te a meu lado.

Não consegui sequer olhar-te, era demasiado doloroso, era demasiado difícil. Não que eu pensasse em olhar-te. Ainda estava a tentar regressar a mim, ainda estava a tentar pensar em tudo aquilo, ainda estava a tentar acreditar. Ao meu lado tinha a pessoa que mais amava, a pessoa para quem escrevia todas as noites, ao meu lado estavas tu. E eu, desorientado, perdido, calado…estava radiante com a tua presença.

1 comentário:

margarida disse...

que linda carta de amor...quem me dera que me escrevessem assim!
Era feliz...